na beira/do açude ouvi/um rumor
não era /zabumba nem/era tambor
apenas um/cisne ouvindo/uma flor
(Lau Siqueira)
não era /zabumba nem/era tambor
apenas um/cisne ouvindo/uma flor
(Lau Siqueira)
A primeira edição dessa Feira, há 14 anos atrás, Juca, meu companheiro foi participar e me convidou, mas eu, professora da UFPb e, em pleno semestre, não pude ir. Depois, na 7ª edição, fui com a poeta Vitória Lima lançar meus livros, e lá reencontrei a escritora e minha professora UFPe, Luzilá Gonçalves e ainda conheci o escritor pernambucano Cassio Cavalcante, biógrafo de Nara Leão. Desde aí que admirei o trabalho de Mirtes Solpino e toda a equipe que faz acontecer a literatura em plena praça dessa cidade do Cariri paraibano.
Lau Siqueira Flibo
Saímos de João Pessoa, eu, a atriz Zezita Matos e o músico Carllyto Campos, numa carona com Marineuma e o seu marido Chico. No caminho, uma parada no Cajá, para uma tapioca com café. Os meus olhos já brilhavam com a paisagem e as conversas.
Ficamos hospedados na Pousada Flor de Mandacaru, uma lindeza de lugar, de inspiração na Andaluzia e o açude do Boqueirão até onde a minha vista alcançava durante a tarde. Um pôr do sol de infinitas cores e nuances, do amarelo ao lilás, do azul profundo ao vermelho, enfim, todos nós a fazer fotos daquele céu e águas em tons de dias e noites. O jantar, num lugarzinho ao lado, as boas-vindas do evento – macaxeira, carne de sol, cuscuz, e café coado para aquecer a noite fria da região. Eu e o meu casaquinho.
Ana Adelaide Peixoto — Boqueirão (PB) Acervo da autora
Fiquei a pensar, como falar do tema em praça pública, esquecendo da academia, trazendo a minha experiência de cronista aos olhos daquele público que nos prestigiava. Falei da minha experiência com a oralidade, os primeiros escritos, eu como minha primeira leitora, e a minha forma de expressão no mundo. As questões com as mulheres, minha casa “feminina”, o diálogo com a agenda feministas e os meus temas preciosos: o cotidiano e a subjetividade feminina. E fiquei atenta à didática de Marineuma, às experiências da escrita de Renata, e a conhecer Antonio Clarindo e ao seu pseudônimo de Dom.
Zezita Matos
Parabéns por incluir as escolas nessa programação. Uma interação importante: escola, alunos, escritores, arte, tudo junto e misturado. Versos, rimas, leituras, contação de histórias, acordes, cordéis, bate papos literários, música, teatro, dança, Flibinho e a literatura passeando e mergulhando nas cabecinhas das crianças e adultos desse lugar. As Feiras Literárias se expandiram Brasil afora depois da sua maior referência, A Flip, em Paraty. De Dona Inês a Galante; de Guarabira, Monteiro, a Lagoa de Roça; de Pocinhos a Barra de Mamanguape. E dá gosto de ver o tanto que a literatura passeia, se cristaliza, e alarga os horizontes dos lugares e das pessoas. Não é maravilhoso isso?