Meu amor pelos meus filhos amados: Lucas e Daniel
Hoje é Dia das Mães. Perdi a conta de quantas crônicas já escrevi sobre o tema. E a cada vez que escrevo, penso na minha própria maternidade. Lá atrás, quando tão jovem me casei a primeira vez e adiava o projeto, por querer estudar e correr o mundo primeiro. Não deu tempo. A vida não espera. Tem outros planos.
Na minha geração, ninguém pensava muito se queria ou não ter filhos. O comum era se casar e pouco depois engravidar. O meu pouco depois, foi muito. Mas eu sempre soube que queria ser mãe. Não sabia nada sobre a maternidade. Mas era uma certeza no abismo do escuro. Segura na mão do amor e vai, pensava. Tão pouco racionalizava sobre os tantos temas que foram surgindo ao longo das décadas sobre ter ou não ter filhos.
Ana Adelaide Peixoto Acervo da autora
A maternidade na minha geração era uma certeza, uma solidão, um cansaço mental extenuante, e uma parte da vida. Sem questionamentos. Mas depois que pari, sempre me inquietava sobre os sentimentos de ambiguidade que sentia. Culpa? Com certeza. Depois, com os estudos do Feminismo e principalmente com Elizabeth Badinter e o seu Mito do Amor Materno, e Adrienne Rich – Of Woman Born, eu consegui algumas respostas para as minhas angústias e solidão da maternidade. Mais recentemente ao ouvir a psicanalista Vera Iaconelli, sobre o seu livro Manifesto Antimaternalista, “Uma denúncia contundente da armadilha ideológica que responsabiliza as mulheres pelo cuidado com as próximas gerações”, aí seguimos entendendo os percursos e armadilhas desse lugar tão complexo que é a maternidade.
Elizabeth Badinter / Adrienne Rich Getty Images/Unsp
Hoje, as mulheres jovens e comprometidas, pensam, estudam, tem grupos de compartilhamento sobre desde como amamentar, até sobre os sentimentos contraditórios que temos desde o dia da concepção. Sem falar no Aborto, mas aí é pauta para outro domingo... A informação, a sororidade, a aceitação das mudanças, e das exigências que, ter filhos pairam sobre um casal, irão acalmar os ânimos de uma mulher grávida, no puerpério, ou ao longo da vida criando filhos até o fim. Sim! Porque no Brasil, se é mãe cuidadora até o fim dos dias. E não falo do amor, falo dos cuidados, das responsabilidades, dos aperreios, das preocupações, mesmo que esses filhos estejam bem e seguindo as suas vidas. Coisa de galinha com seus pintinhos.
"É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança". Esse provérbio africano, muito difundido entre as comunidades educacionais, propõe que, nenhuma pessoa aprende e se desenvolve somente a partir dos valores de sua família nuclear, mas de toda a sociedade.”
Annie Spratt
Quando chegava os domingos, não tinha energia para brincar com meus filhos. Só queria dormir, e mais ainda, não ter que pensar em fralda, papinha e acalantos. Mesmo assim, fazia tudo com eles: praia, cinema,
Ana Adelaide Peixoto e Lucas Pitanga Acervo da autora
Se perguntarmos onde estavam os pais? No trabalho, nas viagens do trabalho, nos lazeres que encontravam, no trabalho de novo, dormindo, lendo o jornal, e na vida importante que tinham os pais. Em alguns momentos, eram presentes sim! Trocavam fralda? Sim. Lavavam louça? Sim. Mas naquelas horinhas em que estavam em casa, ou dentro da curva dos seus cotidianos. Sempre cumprindo os itens de uma lista sem fim, que nós as mães fazíamos.
Mas os tempos mudaram. Hoje muita coisa está mais difícil, mas a consciência do porquê de ter filhos, ah! Isso está na agenda das mulheres. Gravidez tardia, quando já se tem maturidade para enfrentar tais desafios; mais entrosamento com o parceiro, e uma divisão desse labor tão emocionante quanto desafiador como é a maternidade. Gosto muito de ver isso nos meus filhos e sobrinhos.
Feliz Dia das Mães para todas. Em especial para as leitoras queridas.