Ela se define como casa, ateliê, hospedagem, experiências. Um refúgio urbano. Conheci a loja há anos, com coisas dos Orientes, peças de moda, decoração e os tais espelhinhos que amo desde a década de 70. Loja no Mag Shopping, no Sebrae, no Shopping Bancários e no Mercado de Artesanato. Sempre dava uma olhadinha nas vitrines. Anos depois, abriram a Casa no Manaíra, que teve saraus, brechós e até um café. E hoje funciona na casa dos donos, Rita e Ramon, com os filhos e familiares envolvidos. Rita e Ramon, como se apresentam: “viajantes, sonhadores, realizadores, artistas e anfitriões da Casa Furtacor”.
Casa Furtacor / Rita e Ramon Instagram
Aplaudo o casal que tem alma hippie e viajante, e que sempre trouxe para a sua casa os amigos, os eventos, o compartilhar, as oficinas para um público restrito, mas nem por isso excludente. As portas da casa abertas. E já fui garimpar roupas que guardo e uso até hoje. Comércio das Índias, literalmente, mas também local, com diálogo com os fuxicos, os poemas e as rendeiras nordestinas. Ritinha, o olhar mestre, sempre em movimento com as tendências, as nuances e os alcances. Entrar na sua casa é uma experiência, como a própria definição antecipa. Eu levo uma hora para chegar à cozinha e pedir a primeira kombucha.
Casa Furtacor Instagram
São artigos únicos e de luxo. Luxo na beleza. Estandartes, luminárias, porta-retratos, flores de papel e apetrechos inventados pela dona, que logo queremos na nossa casa. Há dois anos, comprei um estandarte de folhas e flores de cetim em cores outonais, com a frase bordada em ponto atrás: “Amor é tudo que move”. Pendurei no meu quarto para que eu acorde e, logo, leia essa pérola.
No último dia 18/07, fui ao show do artista Juzé, como parte do projeto Tapete Voador, literalmente sobre os tapetes da “sala de cinema”, com letreiros, almofadas e batentes, no quintal dessa casa que é um labirinto por entre declives, árvores, pizzas de pera e gorgonzola, taças de vinho, salão de yoga e com uma decoração que transcende os mapas do mundo. O banheiro já é um lugar para sentar-se e apreciar.
Tapete Voador ▪️ Show de Juzé e seu bando ▪️ Casa Furtacor Instagram
O público era jovem pero no mucho. Fui com minha irmã e suas amigas, que também tomo emprestado, e encontrei outros conhecidos. Pelo meio das árvores, a conversa fluiu, dançou-se e celebrou-se ao som de Zeca Baleiro: “Flores ao Delegado”! Vocês entendem que dia foi esse?
Juzé! Um capítulo à parte. Conheci-o quando ele era adolescente, nos terraços de Vitória Lima e nos trios das Muriçocas. Cantor de trio, mas não só. Depois, foi aquele estrondo junto com outro talentoso, Lukete, nos estribilhos das novelas Mar do Sertão e No Rancho Fundo (TV Globo) — esta última não assisti. Mas os repentes com “Cenas do próximo capítulo” eram algo que os diretores das novelas pegaram pelo mote, e eles arrasaram durante os meses de exibição. Eu podia perder o capítulo, mas não perdia os repentes. Nem as mungangas dos dois. Lindo de ver. E sexy.
Juzé e LuketeBruno Gamgee ▪️ @brunogamgee/X
Tapete Voador ▪️ Show de Juzé e seu bando ▪️ Casa Furtacor Instagram
E, nesse espaço lindo e lúdico, cheio de riachos e aguinhas, batentes, panos e mais panos, alpendres, janelas, cores, bordados, aconchego e tantas belezas, eu me abasteci para o sextou do mês de julho — pesado e cheio das artimanhas do mundo cinza e violento. A Casa Furtacor é um alento. A “Casa Fermento” (como definiu a amiga Rossana Honorato). Um lugar para se visitar e aproveitar tanto carinho e arte.
Parabéns, Ritinha, Ramon e família.