A Batalha de Thermopylae ou das Termópilas (“Portões Quentes”), travada em 480 a.C., durante 3 dias, tornou-se um símbolo da resistência grega perante a invasão persa liderada pelo rei Xerxes I. Thermopylae era uma passagem estreita na costa leste da Grécia Central, entre o maciço de Kallídhromon e o Golfo de Maliakós, a cerca de 136 km a noroeste de Atenas (Athína).
Leônidas em Termópilas (óleo s/ tela, 5,3m x 3,9m) ▪Jacques-Louis David (1814) ▪ Museu do Louvre
O heroísmo do rei espartano Leónidas e dos seus 300 guerreiros tornou-se lendário - inspirando livros e filmes, nos quais essa bravura é enaltecida. Mas, em termos estratégicos, a vitória final coube ao exército persa. Um dos principais comandantes dessa campanha terá sido Artabano da Hircânia, oficial de alto escalão e membro influente da corte aqueménida. Xerxes terá liderado um vasto exército (acredita-se que entre 70.000 e 300.000 soldados, contra os 7.000 de Leónidas) por terra a partir do estreito de Dardanelos, no noroeste da Turquia (com 61 km de comprimento e 1,2 a 6,5 km de largura, ligando o Mar Egeu ao Mar da Mármara),
480/479 a.C.: Avanço por terra de Xerxes e seu exército durante as guerras Greco-Persas (Guerras Médicas) ▪ Fonte: SobreHistoria (adapt.)
acompanhado por uma robusta frota marítima que se deslocou ao longo da costa.
A resistência grega tentou deter o progresso persa em terra na estreita passagem das Termópilas e no estreito de Artemísio. Apesar da disparidade numérica, os gregos conseguiram manter a sua posição durante dois dias. A sua estratégia passava por manter uma linha de apenas algumas dezenas de metros de comprimento entre uma encosta íngreme e o mar. Isso restringiria o campo de batalha e impedia os persas de utilizar o seu numeroso exército. Artabano desempenharia um papel fundamental na administração das tropas e na supervisão da vitória persa após a traição de Efialtes, um cidadão grego que desejava recompensa e que revelou aos persas um caminho alternativo para cercar os espartanos. Assim, apesar da extraordinária resistência grega, foi o exército persa que emergiu vitorioso, garantindo o avanço da campanha.
Xerxes e seu exército atravessando o HelespontoEnglish Sch., ilustração do S.XIX (adapt.)
Porém, a trajetória de Artabano não se limitou ao campo de batalha. Nos anos seguintes, tornar-se-ia numa ameaça interna ao próprio Xerxes. Artabano era uma figura ambiciosa e, possivelmente, descontente com o governo do rei, especialmente após as derrotas persas nas batalhas de Salamina (480 a.C.) e de Plateia (479 a.C.), terá eventualmente participado numa conspiração contra o monarca, tornando-se, segundo algumas fontes, o próprio assassino de Xerxes. O relato mais conhecido sobre essa trama, de que resultaria na morte do rei por volta de 465 a.C.,vem de Ctésias de Cnido, que menciona Artabano como o líder da trama, coadjuvado pelo General Megabyzus, filho de Zopyrus e cunhado do rei Xerxes I, nomeado sátrapa (governador) da Síria.
Xerxes ▪ Fonte: Wikimedia (adapt.)
Após o regicídio, Artabano tentou assumir o poder manipulando o príncipe herdeiro Artaxerxes I, mas a sua tentativa de usurpar o trono falhou. Artaxerxes, alertado sobre a sua traição, ordenou a sua execução, encerrando assim a história de um dos personagens mais intrigantes da história persa.