A telepatia, também conhecida como "comunicação não verbal profunda", desperta interesse na humanidade há séculos. Trata-se da capacidade de transmissão do pensamento entre duas ou mais pessoas ou espíritos, à distância. Em 1857, após relutar e lutar contra suas próprias convicções, e ser convencido por um amigo a assistir a sessões mediúnicas com as famosas "mesas girantes", o educador francês, Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec), nascido em Lyon, empreendeu uma série de estudos e pesquisas, teóricas e práticas,
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sobre o fenômeno da comunicação entre pessoas encarnadas e desencarnadas. O trabalho resultou na codificação da Doutrina Espírita, criada com o lançamento do seu mais importante livro — O Livro dos Espíritos — que causou ruidosas polêmicas, chegando a ser proibido e queimado em praça pública.
O assunto se expandiu sob muita curiosidade entre cientistas e pensadores, europeus e norte-americanos. Quase três décadas depois, em 1882, um grupo de intelectuais britânicos, liderado pelo poeta e ensaísta Frederic Myers, o filósofo Henry Sidgwick, o psicólogo Edmund Gourney e o escritor Frank Podmore, fundou a Sociedade de Pesquisas Psíquicas (Society for Psychical Research - SPR). Os fenômenos espiritualistas eram o objetivo principal de suas investigações, sob ângulo mais equânime e racional possível, inclusive com participação em reuniões espíritas tão em voga na França do final do século 19.
Frederic Myers
Henry Sidgwick
Edmund Gourney
Frank Podmore
Entre os brilhantes resultados, foi publicada robusta obra intitulada “Phantasms of The Livings”, em 1886, escrita pelo trio de escritores investigativos de evidências telepáticas, Edmund Gourney, Frederic Myers e Frank Podmore, com 702 casos pesquisados, que Myers descreveu como: "transmissões de pensamento e sentimento de uma pessoa para outra, por meios distintos das reconhecidas vias sensoriais". Nascia então o termo “Telepatia”, cunhado por Myers para definir tais transmissões. Ele terminou suas duas últimas décadas de vida aos estudos de telepatia e paranormalidade, com diversas viagens pela Europa e Estados Unidos trabalhando com as famosas médiuns Eusápia Paladino e Leonora Piper, ocasião em que cultivou amizade com os filósofos William James e Henry Sidgwick.
No sentido horário: William James, Eusápia Paladino e Leonora Piper
N’O Livro dos Médiuns (Paris, 1861), Allan Kardec afirmou que duas pessoas podem se conectar de forma simultânea, transmitir pensamentos e se corresponderem. O nome dado a essa habilidade também é telegrafia humana.
O que impressiona é a instantaneidade das manifestações telepáticas. O pensar como intuição é nosso sexto sentido, voa com velocidade da inspiração! Ganha da luz. Imagine sentar-se nos anéis de Saturno
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e de lá ver a Terra, a Lua. O olhar que fulgura no sonho. O olhar de dentro, que imagina, reflete, olhar que voa!
É impossível medir a velocidade do que pensa. Dizem os mentores, através dos médiuns, que os espíritos se locomovem com a rapidez do pensamento. Que maravilha. Se pesado pelo corpo, gosto de viajar, imagine como leve andarei pelo mundo quando em alma sem carne estiver...
Nosso tio Alberto Romero, irmão de Carlos Romero, nunca viajou ao exterior. Era louco por Paris, que conhecia mais do que muitos parisienses, embora nunca ter ido por lá. Era um saber dos livros, da história, da cultura que nele eram fartos. Papai chegava a se dizer impressionado sobre como ele sabia das coisas da capital francesa, muito mais do que ele, que por lá tanto se aventurara...
Contaram-nos que, na presença da família, momentos antes de desencarnar, seu olhar se iluminou com a aura, tal como o de Goethe pedindo “Luz, mais Luz”, e exclamou encantado para a esposa: “Lourdes, estive em Paris!”. Ela, espírita convicta, não teve dúvida de que era verdade. Decerto os laços do perispírito, já folgados, permitiram a rápida viagem, mais veloz que tudo, à cidade amada. Era a luz que sonhava, a luz que voava, a luz que partia...