A nossa Academia de Letras, como não podia ser diferente, dispõe de uma boa biblioteca de peso literário. E reflete a cultura dos se...
O vulto de Burity
Em “Mar do olhar” vem esta dedicatória de Juca Pontes ao amigo-irmão Milton Nóbrega: “Para Milton Nóbrega, amigo-irmão, com quem apren...
Das dobras do aço ao infinito
Com meu tanto no ramo gráfico, acompanhei essa harmoniosa parceria. Com inveja, às vezes, não da harmonia, como desse infinito que eles juntos enxergavam. O que não chegava a um chegava ao outro. E se completavam, contrariando aquela ansiedade sem fim feliz do negro Cruz e Souza:
Na semana passada, um desses cachorros que conduzem seus donos pelas praças e calçadas, parando a cada poste e sendo atendidos em to...
O Chaleira que não entrou na História
Não sei se é meu sangue ou meu suor, mas nunca nos demos bem. Tarde da noite, quando tinha de arrastar a pé pela Almirante Barroso até alcançar a Torre, onde morava, ia pelo meio da rua temendo a bocanhada dos pastores alemães que guardavam os ricaços daquele tempo. No Censo de 1950 sofri com os “os amigos do homem” na zona rural. No seu ciclo evolutivo urbanizaram-se e se dividiram em classe: há os que no passeio fazem cocô na mão da madama, que já dispõe de papel de pet para isso, e há o vira-lata largado como os sapiens na classe dos coletores e caçadores primitivos. Escreveram que o cachorro foi o primeiro animal a ser domesticado pelo homem. De modo que é inútil estranhar essa sua ascensão aos cuidados burgueses, superior, a certas sensibilidades, ao amparo à criança pobre.
Em 1968, a lista castrense de punidos da UFPB deu-me a conhecer de nome o jovem professor José Jackson Carneiro de Carvalho, da Faculd...
Jackson e meu tormento
O relojoeiro me fez viver um contentamento de menino, uma alegria de camisa nova, ao devolver-me recuperado um Mido de corda que dois a...
O presente
Nesse tempo, o do presente, o Banco Indústria e Comércio, dos herdeiros de Flávio Ribeiro Coutinho, tinha uma agência na Duque de Caxias, ao lado da velha A UNIÃO, hoje Assembleia. Era a agência de Edmundo, tio do poeta e escritor Geraldo Carvalho, pessoa tão comunicativa que fazia desaparecer o nome do banco; para toda a cidade o banco era dele, de Edmundo.
Cultivo um ponto de vista estranho e mesmo confuso ante o significado humano do progresso. Talvez seja o dicionário Aurélio o que ma...
Seu nome é mulher
O dorso magrinho e sumido de um livro entre dezenas da estante a um canto da recepção de um consultório me desconcentra do que possa re...
De um dorso de livro
Indicam-me a farmácia de manipulação “que fica defronte do jornal O Norte”. Como gostei, como me senti agradado! Reparei na menina, n...
Seu Zé
Reparei na menina, não a vi com idade para fazer de um jornal fechado há quatorze anos um ponto de referência. Menina, recepcionista, se muito nos seus 20 aninhos.
E lá me vou, a memória se encarregando de povoar as casas hoje fechadas ou transtornadas da velha Pedro II.
Não devo ter sentido diferente de minha cronista predileta ao ver a Turquia desabar inteira, não sobre seus irmãos vizinhos, por ambiçã...
Tragédias visíveis e invisíveis
Faz tempo! Tarcísio Patrício de Araújo conseguiu salvar das coisas perdidas uma meia dúzia de contos de Robério Toscano, um afici...
O conto perdido
Tarcísio Patrício de Araújo conseguiu salvar das coisas perdidas uma meia dúzia de contos de Robério Toscano, um aficionado do gênero que não frequentava as rodas convencionais dos nossos literatos. Tarcísio é um paraibano de formação técnica, que integrou, salvo engano, a equipe do governo Jarbas Vasconcelos e que não perdeu os vínculos com a Paraíba, menos ainda com a cultura da terra. Nosso Cartaxo, paraibano de Cajazeiras há décadas morando em Recife, poderá conhecê-lo.
A crônica, a que é fruto da subjetividade, infunde bem mais vivência (e certamente por isto) do que a sua versão historiográfica. Co...
A hora do resgate
Estão me deixando para o fim sem levar em conta a vertigem dos dias na minha idade. Registra-se que o Censo na Paraíba alcança os 90 ...
A ganância humana
Foi meu primeiro emprego às custas federais. A 40 centavos a casa, mansão ou casebre, e 20 centavos por pessoa. Peguei a parte mais enladeirada, a que bate de testa com as serras de
Para Hildeberto Barbosa Filho De palavra em palavra sai brotando o poema. No negro maior que foi Cruz e Souza basta, absoluta, a pala...
De que é feita a poesia?
Várias vezes deixávamos juntos o escritório de Assis Camelo, na Associação dos Procuradores, motivados a recompor uns anais políticos...
Cai de onde esse convite!
Não tem sido fácil escrever fora do meu tempo. Não só escrever, viver mesmo. Não é de hoje esta minha dificuldade. Começa com o comport...
Teimosia
Já adolescente, pude ver, sim, toda a cidade de Alagoa Nova numa lapinha geral, felizes todos, nem tanto pelos três Reis Magos, como p...
Eu vi com meus olhos
Fazia-se questão de saber com quem se falava. Quem eram os outros, quem éramos. Chegado à Capital, ao estrear na praça que às oito d...
Um naco de esperança
Chegado à Capital, ao estrear na praça que às oito da manhã já se via repleta em suas mais diversas rodas de conversas, minha ânsia era entrar na roda. Conhecer e dar-me a conhecer com a mesma ingente necessidade de quem buscava o abrigo.
Já haviam me deixado armar a rede num quarto da Casa do Estudante. De forma precária, enquanto o sócio ocupante terminava as férias em Taperoá.
Entrei no café do Paraíba Hotel e terminei num desengano bem mais sério: a pobreza de mãos pedintes, de miséria exposta, que lotava as...
Saí para me enganar
Passei batido no dia da Conceição deste ano. Conceição, cuja imagem pequenina, desfigurada, já sem as mãos, vinda de minha mãe e provi...
Que claridade
É uma claridade que me remete a Campina. Volto a repetir: é difícil saber de onde emanava mais luz, se do encanto do adolescente com a vida ou se da própria cidade. Cidade alta, descampada, toda exposta ao sol que, recamado de vento, não queimava, só iluminava.
Deve-se ao prefeito Cícero Lucena, em sua gestão anterior, muito do que ressurge animado, revigorado na antiga área comercial da cidade...
A força do comércio
Prócer da construção civil atraído pela política, um pragmático, portanto, o prefeito Cícero pôde ouvir os reclamos de restauração do Centro Histórico não como preservação pura e simples, mas pela repercussão, pela soma de benefícios dela decorrentes.