A crônica, a que é fruto da subjetividade, infunde bem mais vivência (e certamente por isto) do que a sua versão historiográfica. Coriolano de Medeiros, corógrafo que escrevia tão seguro quanto o mestre B. Rohan, identifica-nos com a alma da terra, com o nosso jeito um tanto desligado de ser, mais pela crônica do “Tambiá”, do “Sampaio” e dos ensaios mais breves deixados pelos jornais e revistas do Instituto Histórico e da Academia do que mesmo pelos seus elaborados estudos e pesquisas.
Balaustrada da Praça Aristides Lobo / J. Pessoa (PB) Laís Lima Sobreira
Entrou nisto, também, seu pomar urbano liberado a todas as mãos, varas e pedradas sem distinção de classe. E com a continuação, pela conversa de calçada refletida na apanha dos seus cronistas.
Havia um deles, Juarez Batista, que mesmo engravatando a sociologia da moda não conseguia safar-se do provincianismo ilustrado das suas origens. E soube tecer ao modo de
Biblioteca Estadual da Paraíba / J. Pessoa (PB) Suplan-PB
Essa crônica de Juarez, iniciada no “O Norte” de 1950, retomada nos quatro anos que dirigiu “A União”, onde pontificavam, transcritos do Recife e do Rio, Rubem Braga, Genolino Amado, Henrique Pongetti e um “reacionário” imperdível, o grande escritor de “Lições do Abismo” , Gustavo Corção. Essa crônica de Juarez nunca chegou a ser reunida e trazida de sua melhor fase ao leitor de hoje.
Mesmo a crônica menos elaborada tem um papel dos mais expressivos na caracterização da cidade, refogada por novas “culturas”’, novos hábitos e alienações.
Francisco Coutinho de Lima e Moura IHGP
De Virginius, quando Paulo Melo esteve à frente do setor cultural do Estado, foram editados seus ensaios críticos e o romance. O valiosíssimo acervo de crônicas, recolhido por uma sua colega de Universidade, é como se ainda estivesse por achar, dormindo em algum armário da Universidade.
E o mais sério é que se esbanjam louvores a essa queda particularíssima da cidade pelo gênero crônica, que dá aqui como o abacaxi e a manga na região menos arenosa da nossa mata litorânea. Retomo o assunto por acreditar que a lição desses mestres venha a ter vez com a volta anunciada da “Biblioteca Paraibana”, obra de resgate de nossa literatura iniciada no governo de Ronaldo Cunha Lima.