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Um apóstolo da Natureza

Feliz daquele que atende a uma vocação para o exercício de uma profissão. Houve tempo em que os pais é que escolhiam a carreira do filho. Daí as frustrações que disso decorriam, e, ainda hoje, ocorrem com aquele que escolhe mal a sua profissão.

Estou me lembrando disso ao ler algumas informações do ecologista paraibano Heretiano Zenaide, pai do jornalista e escritor Hélio Zenaide, que muita falta faz a este matutino, no qual publicou inúmeras crônicas em uma coluna que era um verdadeiro manancial de ensinamentos espíritas e cristãos.

Heretiano, pai de Hélio, não seguiu a carreira política por vocação, mas por escolha paterna, que, como já disse, era muito natural naquele tempo.

Nascido em Alagoa Grande, ele passou por todos os escalões da vida pública. Teve de frequentar as câmaras e assembléias, mas o que ele desejava mesmo era ser botânico. Tanto é assim que, muitas vezes, deixava a Câmara Federal, para dar um pulinho até o Jardim Botânico, onde ficava horas e horas contemplando as árvores, estudando a flora e esquecendo os prosaicos projetos parlamentares. A Natureza era o seu verdadeiro templo. Dela ele foi seu apóstolo.

Heretiano Zenaide, eis um nome que não deve ficar esquecido da nova geração. Seus livros, inclusive “Aves da Paraíba”, devem ser reeditados. Está aí uma sugestão ao novo Secretário de Cultura, Lau Siqueira. E estou me lembrando também de outro livro ecológico maravilhoso: “Escola Pitoresca”, do nosso imortal Carlos Dias Fernandes.

Voltando a Heretiano, ele foi um pioneiro da ecologia, da defesa do meio ambiente, assunto tão importante e urgente hoje em dia. Estudou as ciências naturais, aprofundou seus conhecimentos no campo da botânica, da zoologia, da ornitologia. Seu nome figura no volume VI da série “Vultos da Zoologia Brasileira”, do PHD em História Natural, Dr. Hitoshi Nomura. Chegou a empreender estudos profundos na Biblioteca do Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e na Biblioteca do Jardim Botânico.

Heretiano também lançou o “Livrinho dos nossos animais”, fruto de suas pacientes pesquisas. Fico a imaginar seus livros sendo reeditados com bela e moderna ilustração.

Estou, aqui, com “Aves da Paraíba”, editado por uma editora de Mossoró, e fico a pensar como foi possível o autor botar na cabeça tão variadas espécies de aves, sem esquecer o meu querido bem-te-vi, que me acorda todas as manhãs, aqui no Cabo Branco. Quanta variedade deles.

E já que estamos falando de aves termino com esta referência a um grande trabalhador da limpeza pública que é o urubu: “Feio, deselegante, mau cheiroso, metediço, tudo pode ser atribuído a esse príncipe, um dos mais privilegiados planadores do nosso lindo céu azul.” Além de ser muito astuto, segundo a interessante observação do nosso Carlos D. Fernandes a seu respeito: “É o único carnívoro coerente, pois espera que a carne apodreça para melhor digeri-la”.

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