A peça de Sófocles, 'Édipo Rei', mostra o herói homônimo, cujo destino foi matar o pai e dormir com a mãe, pelo menos, essa é a história conhecida, inclusive pelo senso comum. Partindo, no entanto, para uma leitura analítica da tragédia, vamos nos deparar com uma complexidade digna do enigma da Esfinge, monstro cuja morte conferiu a Édipo o lugar de tirano, no sentido grego do termo, em Tebas, ao se casar com Jocasta, rainha e viúva do antigo rei, Laio.
Todos éramos talvez predestinados a voltar nosso primeiro ódio e desejo violento contra o pai, nossos sonhos nos convencem disso. O Édipo rei, que matou seu pai, Laio, e se casou com sua mãe, Jocasta, é apenas a realização do desejo de nossa infância. Desde então, porém, contanto que não tenhamos nos tornado psiconeuróticos, temos sido mais felizes em desprender nossos impulsos sexuais da nossa mãe e em esquecer nosso ciúmes do nosso pai'.
Logo, o seu vínculo materno e paterno é com seus pais adotivos. Na peça sofocliana, é mostrado o temor de Édipo pela realização do oráculo, pois mesmo Pólibo tendo morrido, Mérope, sua mãe, está viva. Édipo fugira da possibilidade da realização do oráculo ao ir embora de Corinto, ele fugira do seu desejo, do seu destino, mas ao fazê-lo, ele segue ao seu encontro, quando se casa e vai para a cama com Jocasta, sua mãe biológica. Freud encontrou no mito o que ele, empiricamente, observou na clínica.