O Brasil, que, desde a República, tanto se esforça em imitar os Estados Unidos, mais no mal do que no bem, diga-se de passagem, nunca deu bolas para o mecenato, uma saudável prática dos milionários americanos. Aqui, o rico se preocupa em acumular para a descendência, e a sociedade, que o enriqueceu, que se lixe. Tudo para a família, nada para a cidade ou o país. E assim, vai-se perpetuando a cultura do patrimonialismo, do egoísmo e da prevalência do privado sobre o público. Tristes trópicos tupiniquins.
Universidade de Harvard Muns
Em terras paraibanas, ainda hoje se fala no Plano de Extensão Cultural do governo Pedro Gondim, nos anos 1960. E a passagem de Tarcísio Burity pelo Palácio da Redenção é recordada principalmente por suas iniciativas no âmbito da cultura. O Espaço Cultural, a Orquestra Sinfônica, o
João Azevedo
Agora, o governador João Azevedo faz a sua parte, garantindo à Academia Paraibana de Letras a anexação à sua tradicional sede, na Duque de Caxias, de dois imóveis vizinhos, a ser restaurados para a subsequente instalação do Memorial de Augusto dos Anjos. É um presente ofertado não apenas à APL, mas também à cidade, à Paraíba e ao Brasil, dada a dimensão nacional do poeta do Eu.
É possível que o gesto, apesar de importantíssimo, não renda muitos frutos eleitorais para o governante. Mas que importa? Esse olhar de longo alcance e não imediatista é o que distingue os verdadeiros estadistas, ou seja, homens dotados da chamada “visão de Estado”, aqueles que governam sem pensar exclusivamente na eleição de amanhã e sim no autêntico “bem público”, esse “bem” nem sempre lembrado no cotidiano dos gestores.
Luiz Augusto Crispim
A União
A União
O atual presidente Ramalho Leite conseguiu uma proeza: adquiriu, com as contribuições dos colegas acadêmicos, uma rara primeira edição do Eu, uma das peças mais valiosas do Memorial, sonho longamente acalentado pelos integrantes da Casa. E assim o acervo vai crescendo, de tijolinho em tijolinho colocado na construção que nunca acaba. Na Academia Brasileira de Letras, a despeito dos muitos recursos,
Ramalho Leite
Falar na ABL, sabe-se que foi o rico livreiro Francisco Alves que doou à instituição a maior parte de sua fortuna, deixando-a em condições de financiar-se autonomamente. Mas o belo imóvel do Petit Trianon, atual sede da Academia, foi doado pelo governo francês, que o construiu para a Exposição Internacional de 1922, comemorativa do centenário da independência do Brasil, na presidência do paraibano Epitácio Pessoa.
A Academia paraibana permanece à espera de seu Francisco Alves. Mas já vai se regozijando com a benemerência do governador João Azevedo, cuja imortalidade (não acadêmica, é verdade) está garantida pela eterna gratidão a que faz jus.
PS: O médico Manoel Jaime, pessoense dos mais apaixonados, está muito feliz com tudo isso. E todos nós também, é claro.