Há pessoas especiais que amam bonito. Não são perfeitas, nem possuem histórias geniais, daquelas que dariam um romance — são bem o con...

Gente que ama bonito (Ou o homem do guarda-chuva vermelho)

gentileza amor cordialidade exemplo vida
Há pessoas especiais que amam bonito. Não são perfeitas, nem possuem histórias geniais, daquelas que dariam um romance — são bem o contrário. Normalmente carregam cicatrizes, desilusões e lembranças dolorosas que, às vezes, surgem do nada.

Mesmo assim, insistem em continuar acreditando no amor, naquela resistência de quem replanta orquídeas em vasos e espera que, um dia, voltem a florescer.

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Conheço um desses. Chama-se Antônio — ou talvez Álvaro, ou José. Não importa o nome. Não sei qual a idade. Ele aparece no bairro todos os dias, passeando com um grande guarda-chuva vermelho aberto, mesmo quando o sol quente amolece o asfalto.

O guarda-chuva não é de um vermelho qualquer: é vivo, vibrante, e pode ser visto de longe. As crianças param para olhar, os cachorros puxam a coleira para serem acariciados por ele, e as pessoas da vizinhança apenas balançam a cabeça e abrem um sorriso feliz ao vê-lo.

O Sr. Antônio — ou Álvaro — é, por si, encantador e já virou lenda urbana. Quando algum curioso pergunta o motivo do guarda-chuva vermelho em pleno sol, ele responde sério que é para proteger o amor que ainda não chegou. E segue seu passeio, sem pressa, como quem sabe que certas coisas possuem o tempo certo para surgir.

Conta-se que ele comprou o guarda-chuva em um brechó, numa rua fascinante de Paris. Ninguém acredita muito em suas narrativas. Alguns acham maluquice de quem vive sozinho e fantasia; outros acreditam numa poesia tão pura que nem precisa ser explicada.

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Nunca o vimos com alguém. Ele jura que viveu um grande amor, que o deixou por excesso de encantamento. Explica que, às vezes, a gente ama tanto que a pessoa se assusta e foge. Mas ele, com calma, diz não se arrepender, e que é melhor exagerar do que economizar afeto.

Na feira, compra flores. Não para colocar num vaso ou para presentear alguém especial. Vai presenteando as pessoas simples da rua, coloca um botão de rosa no banco da praça ou na janela de alguma casa desconhecida. Não há lógica — apenas uma confiança extravagante de que a vida, por vezes, merece surpresas.

No entanto, quando chove de verdade, ele fecha o guarda-chuva e deixa a chuva molhá-lo inteiramente. Diz que a água aduba o coração e o ajuda a criar raízes para amar ainda mais.

Existem os que zombam, porque desconhecem o sentimento de afeto; existem os que apreciam e devolvem o sorriso; e existem ainda aqueles que se comovem e também demonstram gentileza e amor.

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Sei é que, desde que essa história começou, o bairro parece mais alegre. Está mais aberto a coisas diferentes. Parece que todos estão inspirados pelo guarda-chuva vermelho — também à espera do amor.

Estou convencida de que, um dia, alguém irá se aproximar do Sr. Álvaro e perguntar se pode dividir o guarda-chuva vermelho com ele. Até lá, ele segue andando por aqui, protegendo o espaço vazio do amor que está por vir. Porque gente que ama bonito não espera o amor surgir para começar a cuidar dele.

Talvez seja por isso que muitas pessoas, ao observá-lo passar, experimentam uma estranha vontade de amar. E o amor não é só romance — é também plantar boas conversas, regar gentilezas e colher sorrisos no meio da rua.

Cada gesto de gentileza, cada sorriso compartilhado, pode deixar marcas duradouras no coração daqueles que cruzam nosso caminho.

Experimente amar bonito.

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  1. Muito obrigada pelos lindos comentários de vocês, Lúcia Maia e Ana Betânia.

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