Artigo do próprio punho, na página de opinião do Jornal, a fim de que não restasse dúvida quanto à história e sua autoria. Mesmo assim, liguei em busca da confirmação daquilo que eu acabava de ler.
Transcorria julho de 1984 quando a leitura de um artigo do amigo Hélio Zenaide me fazia cair o queixo. Então Secretário de Comunicação da ...
Purgando pecados no Sertão
Artigo do próprio punho, na página de opinião do Jornal, a fim de que não restasse dúvida quanto à história e sua autoria. Mesmo assim, liguei em busca da confirmação daquilo que eu acabava de ler.
Minhas primeiras lágrimas no cinema datam de 1957, ou 58, por aí assim, se é que se possa tratar por cinema a tela pequena instalada por S...
A Paixão de Cristo
Seu Zé tomava um dos trens da Great Western (depois Rede Ferroviária do Nordeste) pela manhã e regressava ao fim da tarde com sua bagagem mágica
Vi na internet e juro como vou fazer. É assim: ponha gelo no liquidificador e o triture o quanto possa. Despeje-o, assim pulverizado, num ...
Vou fazer
Sucessivas gerações lembram com saudade, certamente, dos antigos cinejornais, sobretudo do mais famoso deles, o icônico Canal 100, “o maio...
Quando o futebol ia ao cinema
Para os que não sabem, aquilo que ia, semanalmente, aos cinemas do Brasil era muito mais do que a cobertura dos campeonatos e jogos amistosos. Conta-se que de 1959 até 1986, com um cinejornal por semana, o Canal 100, criação de Carlos Niemeyer com ajuda de Jean Manzon, difundiu 70 mil minutos de imagens sobre os principais acontecimentos jornalísticos de sua época.
Vi, tempo atrás, num canal da tevê a cabo, um desses filmes em que a personagem central ganha vida quase eterna. A história tem seu começo...
Pé no saco
Conta a saga de uma moça envolvida num acidente de carro, em noite de tempestade. Caíra, ao volante, num lago extremamente frio e, como se isso já não bastasse, veio-lhe um raio na cabeça. Alguém que passava por perto acionou o socorro médico.
Aconteceu em 26 de dezembro de 1859. Com dona Tereza Cristina, a imperatriz, a reboque, Dom Pedro II desembarcou do APA, no Porto do Varad...
O Imperador na pequena Pilar
No dia seguinte, cedo da manhã, ele pegava o rumo de Pilar, na época o coração da Zona Canavieira da Paraíba. Viagem feita a cavalo, com dona Tereza, numa carruagem, a tomar poeira. Cavaleiro exímio, o homem puxou o ritmo da marcha e, logo mais, com sua comitiva, batia à porta do Engenho São João para o desjejum.
Quem passou dos 60 e viveu a infância no interior, certamente, lembra disso. Os grãos – esverdeados e separados em duas bandas – chegavam ...
Com o gosto da saudade
Na minha e na casa de muitos, qualquer que fosse a região do País, o melhor café não vinha empacotado das prateleiras de armazéns, ou bodegas. Surgia, isto sim, dos tachos sobre fogo de lenha.
Engenho Corredor, em Pilar, Paraíba, berço do romancista José Lins do Rego e um dos marcos da história do Nordeste açucareiro. “Engenho Sa...
O Mundo de Zé Lins
Ao fundo, resquícios da antiga moita de engenho. O bueiro legendário não mais existe. Foi levado na cheia de 1985 pelo Rio Paraíba que, agora, magro como boi em pasto seco, desliza para o mar com enganosa mansidão.
Um prédio histórico, no Centro de João Pessoa, a Capital paraibana, remete o visitante a um dos episódios mais tocantes de toda a longa hi...
De escola a palácio
Inaugurado em 30 de março de 1919, com o paraibano Epitácio Pessoa no comando do País, o prédio foi feito para abrigar a Escola Normal então reclamada por mães e pais desejosos da graduação das filhas no curso que a estas garantiria o emprego de professoras tão logo concluído.
Acompanho, embevecido, a exploração de Marte por robôs que para ali despachou a engenhosidade humana. Agora mesmo, o Perseverance cavouca ...
Um caso a pensar
“Pílulas de Vida do Dr. Ross fazem bem ao fígado de todos nós”. Quem, entre os mais adentrados, não ouvia isso o tempo inteiro no rádio d...
No tempo do Dr. Ross
O Dr. Ross dos anúncios impressos e cantados por vozes masculinas e femininas nos aparelhos do tipo bunda quente (alusão às válvulas incandescentes que existiam antes da invenção dos transistores), foi o farmacêutico Sydney Ross dono do laboratório americano que desenvolveu esse medicamento por volta de 1890, ao que se conta.
Para que servia? Pois bem, para males que iam da prisão de ventre ao intestino frouxo, passando pelo sangue impuro. Com raízes e extratos vegetais na sua composição, as pílulas, de cor rosa, eram apresentadas em propaganda de 1940 como “o remédio que corrige mais erros do que qualquer outra descoberta da ciência moderna”. Servia, até contra divórcio, se a encrenca entre marido e mulher decorresse apenas do mal humor acarretado pela digestão difícil, como neste anúncio se pode ver.
As notas do jingle das Pílulas de Vida, de tão populares, serviram para musicar o deboche de Alvarenga e Ranchinho à campanha política de Plínio Salgado, nos idos de 1955. “Plínio Salgado quando abre a voz faz mal ao fígado de todos nós”, cantava aquela que por muito tempo foi a dupla caipira mais famosa do País.
Fossem tão antenados quanto seus ancestrais, os caipiras modernos (hoje, eles preferem o termo “sertanejo”, as guitarras e os chapéus de cowboy) teriam em muitas expressões da política atual motivos para a zombaria de norte a sul. E, assim, prestariam um enorme serviço à Nação.
Mas, em plena madrugada, ocorre-me perguntar por que diabo fui eu lembrar do Dr. Ross. Deve ser por causa da pandemia, essa coisa brutal que nos obriga à reclusão. O isolamento, de fato, inverte o metabolismo, tira o sono de quem precisa dormir e faz o pensamento voar ao destino invariável: o passado. Nunca tive tanta saudade dos meus verdes anos. Agora mesmo, sinto falta até do óleo de fígado de bacalhau.
Não perco muito do meu latim com o futebol, há longo tempo. A bem da verdade, nunca fui um desses torcedores apaixonados a ponto da arenga...
Fora de jogo
Datam de 1980 meus últimos ingressos em estádios e, mesmo assim, por dever do ofício. Foi uma época na qual eu era solicitado a cobrir para “O Globo”
Manhã de supermercado. Vagueio por entre gôndolas quando me chegam os acordes de um hino que eu costumava ouvir aos meus 11 ou 12 anos. Pr...
Minha alma canta
Essa garrafa enrugada e escura foi objeto do desejo da meninada, no transcurso das décadas de 1950 e 60. Não exatamente ela e, sim, o que ...
Quem lembra?
Provei meu primeiro Crush aos 10 anos de idade, numa bodega de beira de estrada, no interior da Paraíba. O bodegueiro, que não tinha refrigerador, retirou da prateleira uma das 15 ou 20 garrafas ali enfileiradas, abriu-a e me deu sem copo, ali mesmo, no gogó. Meu pai, que então já se servia de uma dose do Conhaque de Alcatrão São João da Barra,
A mulher do general Eurico Gaspar Dutra, sob certo aspecto, não fazia jus ao nome. Ou seja, não tinha a mansidão da mãe de Cristo, ou de o...
Dona Santinha e o jogo do bicho
E o que se diz? Pois bem, que foi Dona Santinha, católica fervorosa, quem exigiu do marido o fechamento dos cassinos e o fim do Jogo do Bicho. Também, que o general instalado em 1946 na Presidência da República
Antes do mergulho no horizonte o Sol dispõe um rastro de luz a um homem e seu barquinho. Em retribuição, ganha, nessa despedida, os belos ...
Sol poente
Pergunte-se à grande massa dos colegiais do Brasil qual o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o b...
A história na moita
Falo daqueles às vésperas do vestibular, recém-saídos de cursinhos ou colégios caríssimo. À turma da escola pública desaparelhada e, salvo raríssimas exceções, com professores mal pagos e desmotivados, nem adianta perguntar.
O menino que eu fui aguardava com certa ansiedade as noites do sábado, no Pilar da minha infância. Às 20 horas, em ponto, Seu Zé Ribeiro m...
Os Perigos de Nyoka
Eu gostaria de ter nascido muito antes do momento em que vim ao mundo. Deveria ter vivido a fase adulta durante os anos de 1940 ou 1950, p...
Viajante de outro tempo
Mas longe de mim o propósito de contraditar os desígnios divinos (para os que neles creiam) nem as leis da natureza (para o ateu e o à toa). Aceito meus dias e a eles me adapto, até porque me trouxeram a família que tenho e os amigos que fiz.
O coração respondeu, em 1958, com batidas mais fortes ao aviso da escola primária, no Recife. Estava lá no quadro negro em letras grandes...