Mostrando postagens com marcador Sonia Zaghetto. Mostrar todas as postagens

Poucas coisas são tão poderosas quanto voltar a um lugar em que se foi feliz na infância. Rever paisagens em que seus risos de criança...

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Poucas coisas são tão poderosas quanto voltar a um lugar em que se foi feliz na infância. Rever paisagens em que seus risos de criança parecem estar gravados na areia fina, navegando em águas que dançam entre as pedras.

Em Veneza há uma lenda consolidada, a de que os amantes que passam de gôndola debaixo da bela Ponte dos Suspiros estarão apaixonados pa...

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Em Veneza há uma lenda consolidada, a de que os amantes que passam de gôndola debaixo da bela Ponte dos Suspiros estarão apaixonados para sempre. Hollywood ajudou muito com cenas de beijos sob a ponte.

Mas há outra versão, muito distante dos suspiros de amor. Um dos mais famosos pontos turísticos de Veneza, a construção em estilo barroco data de 1603 e foi projetada pelo arquiteto Antonio Contino. Com 11 metros de largura, inteiramente feita de pedra de Istria, uma rocha calcária, a Ponte dos Suspiros é toda fechada e coberta. Tem apenas duas janelas com barras de pedra. É que ela servia para ligar dois prédios, o Palácio Ducal e as Prisões Novas, o primeiro edifício do mundo a ser construído para ser uma prisão.

Queridos amigos, nesta segunda-feira (24/7) vou iniciar uma última jornada como repórter. Quero encerrar a carreira jornalística escrev...

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Queridos amigos, nesta segunda-feira (24/7) vou iniciar uma última jornada como repórter. Quero encerrar a carreira jornalística escrevendo sobre o Oiapoque e a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. Não só farei uma série de reportagens. Também vou coletar informações para a segunda edição ampliada

Ontem, eu olhava o pôr do sol nesta terra incendiada. Havia fuligem a flutuar, junto com um cheiro de coisas perdidas. Estava tão distr...

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Ontem, eu olhava o pôr do sol nesta terra incendiada. Havia fuligem a flutuar, junto com um cheiro de coisas perdidas. Estava tão distraída que nem te vi chegar, de mãos dadas com os sons do mar.

Estendemos uma toalha – dessas de piquenique – sobre o gramado. E comemos doces, lambendo os dedos, rindo de coisas tolas.

A umidade me é familiar; ela me envolve como um útero materno — penso, enquanto contemplo o sol nascer no deserto de Nevada. Ardem as p...

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A umidade me é familiar; ela me envolve como um útero materno — penso, enquanto contemplo o sol nascer no deserto de Nevada. Ardem as pedras do solo áspero e bruto, com minúsculas sombras a se projetarem na planície desenhada em ocre, bege, marrom e amarelo-claro. Estranha é a aridez, exótica sensação que me toca a pele. Ela se aproxima de mim desidratando, ressecando e me pedindo para compreendê-la em meu corpo. O deserto me convida a desvendar os seus e os meus mistérios; a pensar nele como um receptáculo de vida que se esgueira, subterrânea, sob a areia quente e em mim como um ser capaz de buscar alturas e testar a borda dos abismos.

Em 8 de dezembro de 1980, John Lennon foi empurrado para o território das sombras. Tinha completado 40 anos dois meses antes, era pai ...

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Em 8 de dezembro de 1980, John Lennon foi empurrado para o território das sombras. Tinha completado 40 anos dois meses antes, era pai de um garotinho de cinco anos e de um jovem adolescente; tinha passado os últimos cinco anos recluso, fazendo pão, trocando fraldas e desfrutando da vida doméstica. Poucos dias antes de morrer havia surpreendido o mundo ao lançar um novo álbum. "Double Fantasy" trouxe de volta o velho John, cantando seu amor por Yoko e exibindo a exuberante inteligência.

Foi no outono de 2006 que eu a vi pela primeira vez. Estava eu perambulando por Paris, tentando decidir se gastava meus magros euros ...

arte medieval museu cluny dama unicornio
Foi no outono de 2006 que eu a vi pela primeira vez. Estava eu perambulando por Paris, tentando decidir se gastava meus magros euros na Shakespeare and Company ou numa lanchonete grega, um tanto pé sujo, escondida nas vielas do Quartier Latin, quando lembrei do Museu de Cluny. Venceu a sedução da coleção de arte medieval. E foi lá, entre armaduras e iluminuras, que a encontrei: a dama e o unicórnio.

A viagem começou tão linda, entre vinhedos, livros e dólmens que já estou considerando escrever só um tantinhozinho assim bem miúdo, um...

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A viagem começou tão linda, entre vinhedos, livros e dólmens que já estou considerando escrever só um tantinhozinho assim bem miúdo, um relato muito curto, modesto e poético para contar sobre canções medievais, flores no caminho, fotos antigas e casas de pedra abandonadas. Não riam de mim. Escrever é a minha vida.

Conta a tradição cristã a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém. Sentado sobre um burrinho, foi saudado pela multidão em delíri...

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Conta a tradição cristã a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém. Sentado sobre um burrinho, foi saudado pela multidão em delírio. Os quatro evangelistas narram a mesma história: foi recebido por gente que estendia as suas vestes sobre o chão poeirento. As patas do burrinho pisavam os ramos das palmeiras espalhados para enfeitar seu caminho. Os devotos sorriam, bradando entre amor e fé: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!

"Sempre é tempo de desconstruir velhas crenças. Nem tudo é o que parece no teatro de sombras do mundo", é um mantra q...

pao diario seiwert palavra reflexao
"Sempre é tempo de desconstruir velhas crenças. Nem tudo é o que parece no teatro de sombras do mundo", é um mantra que repito enquanto examino três palavras: sim, não, talvez.

Comecemos por sim e não. Uma costuma representar aceitação plena e a outra rejeição absoluta. Pares de opostos – há até uma palavra sânscrita para isso: dwandwas. Noite e dia, chuva e sol, alegria e dor, sim e não.

Fico magoado, sim, quando o livro de outra pessoa é censurado, pois esse livro geralmente é um ótimo livro e há poucos deles. Charle...

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Fico magoado, sim, quando o livro de outra pessoa é censurado, pois esse livro geralmente é um ótimo livro e há poucos deles.
Charles Bukowski, em carta de 1985
Quem controla o passado controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado.
George Orwell, 1984
Grande é a verdade, mas ainda maior, do ponto de vista prático, é o silêncio sobre a verdade. Simplesmente não mencionando certos assuntos… os propagandistas totalitários influenciaram a opinião de forma muito mais eficaz do que poderiam pelas denúncias mais eloqüentes.
Aldous Huxley

Imagine que você é um contratenor iniciante e está celebrando com seus amigos, após uma apresentação num festival, quando recebe um tel...

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Imagine que você é um contratenor iniciante e está celebrando com seus amigos, após uma apresentação num festival, quando recebe um telefonema de um dos organizadores do evento. A pessoa informa que um grupo programado para aparecer no dia seguinte em uma transmissão ao vivo do "Carrefour de L'Odéon", um programa de rádio francês, havia desistido.

Logo que o juiz se assentar, tudo o que está oculto, aparecerá: nada ficará impune. O que eu, pobrezinho, poderei dizer? Mozart , Requ...

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Logo que o juiz se assentar, tudo o que está oculto, aparecerá: nada ficará impune. O que eu, pobrezinho, poderei dizer?
Mozart, Requiem em ré menor (K. 626). Tuba Mirum.

“Quando o anjo da morte lhe cobrir com seu sudário, sua vida não terá sentido se você não tiver feito algum bem na terra". Esta nota — que o pintor francês William-Adolphe Bouguereau anexou ao esboço de sua pintura Egalité devant la mort (Igualdade perante a morte) em 1848 – foi o primeiro pensamento que me ocorreu quando comecei a elaborar meu testamento esta semana.

Para I e N Olho atentamente para a borboleta verde-limão que pousa sobre um narciso e penso em nós dois. É começo de primavera e...

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Para I e N

Olho atentamente para a borboleta verde-limão que pousa sobre um narciso e penso em nós dois. É começo de primavera e a brisa carrega partículas de gelo das montanhas que me cercam. Microscópicos flocos de neve devem pesar sobre as asas das borboletas, digo enquanto tomo a decisão de me afastar de ti. Hoje eu me concedo um tempo sozinha. Porque preciso; porque às vezes a proximidade sufoca e a presença alheia – mesmo a de um amado –

"No último dia de sua vida, quando ela estava com 257 anos, a poetisa cega, fazedora de milagres e profetisa Pampa Kampana comple...

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"No último dia de sua vida, quando ela estava com 257 anos, a poetisa cega, fazedora de milagres e profetisa Pampa Kampana completou a sua imensa narrativa sobre Bisnaga e a enterrou em um pote de barro selado com cera no coração do recinto real, como uma mensagem para o futuro".

Assim começa "Victory City", o novo livro de Salman Rushdie, lançado há duas semanas. O primeiro romance após o atentado que quase o matou em 2022.

É um dos mais belos livros que li nos últimos anos. O romance se passa no século XIV, em um império real, numa região que hoje se situa no sul da Índia.

N o silêncio da tarde calma e doce, penso em nós, humanos, frágeis peças de um quebra-cabeças cósmico. Nos meus fones de ouvido, a vo...

cerejeira cherry arvores
N
o silêncio da tarde calma e doce, penso em nós, humanos, frágeis peças de um quebra-cabeças cósmico.

Nos meus fones de ouvido, a voz de Eric Burton sussurra vulnerabilidades e urgências.

Contemplo o cenário de risos e choros de um mundo aprisionado entre tempestades e arco-íris e desejo inutilmente que algo nos resgate de nós mesmos.

Não sei bem qual foi o instante exato em que me rendi a mim mesma. Sei apenas que chegou graciosamente essa rendição que atravessou a m...

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Não sei bem qual foi o instante exato em que me rendi a mim mesma. Sei apenas que chegou graciosamente essa rendição que atravessou a minha pele e passou a nadar no meu sangue, regulando o ritmo do coração, da respiração, dos desejos que sempre fervem. Mas o certo é que trouxe cor aos meus dias.

“Nós dançamos para rir, dançamos para chorar, dançamos por loucura, dançamos por medo, dançamos por esperança, dançamos para gritar, ...

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“Nós dançamos para rir, dançamos para chorar, dançamos por loucura, dançamos por medo, dançamos por esperança, dançamos para gritar, nós somos os dançarinos, nós criamos os sonhos.”
Frase atribuída a Albert Einstein, que também era dançarino (aqui e entre as estrelas)

Todas as tardes – na chamada golden hour , aquele instante antes do pôr do sol quando tudo está imerso em dourada luz e o mundo parece ...

crepusculo por sol hora dourada
Todas as tardes – na chamada golden hour, aquele instante antes do pôr do sol quando tudo está imerso em dourada luz e o mundo parece parar por alguns instantes para mergulhar em silêncio – costumo refletir sobre as perdas e ganhos da minha vida. Prática semelhante à que fazemos quando o ano novo se aproxima e nos dedicamos a contabilizar os acontecimentos dos últimos doze meses. A minha reflexão, entretanto, é diária, pois as interrogações estão sempre em minha mente. Quanto tempo ainda me resta? O que o amanhã me reserva? Não conto com qualquer certeza do futuro, embora faça alguns poucos planos. O momento presente é o que tenho.

“O homem que recebeu o poder de viver de acordo com sua própria natureza é o mais rico de todos os homens. Nada o incomoda, nada tem...

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“O homem que recebeu o poder de viver de acordo com sua própria natureza é o mais rico de todos os homens. Nada o incomoda, nada teme. Tudo está bem."
Epicuro

As tardes deste inverno têm sido de nuvens cinzentas, chuva e frio. Há um mês o azul do céu quase não aparece e na árvore diante da minha janela resta apenas uma folha – solitária memória de tempos cheios de cor. Visto um casaco e saio para buscar algo simples que traga conforto frente às notícias que me chegam sobre os amigos distantes. Tanta gente enfrentando a dor com dignidade e coragem. Compro tulipas. Amarelas como pequenos botões de sol. Trouxeram – embaladas em pétalas de seda e ouro –