Dia inteiro cabra de deus
Lacrava ferro no molde da coluna
Dia findo, guardava ferramentas
Em caixilho de metal, ao sair
Deixava estilhaços
Ainda por limpar ou esquecer
Muitas pessoas que se separam de seus entes queridos e nutrem algum sentimento de fé na espiritualidade, seja acreditando, tendo esperança ou a mais leve impressão de que a alma não morre com o corpo físico, sentem curiosidade sobre o estado em que eles se encontram após partirem. É comum, natural, pois a saudade, o amor e os elos de afinidade que havia entre si permanecem e, às vezes, até se intensificam.
Romã... Eu não consigo ver essa fruta sem que me venham à lembrança duas figuras interessantíssimas. A primeira, o francês Pierre Landolt que a cultiva, de forma orgânica e consorciada a carneiros, nas Várzeas de Sousa, onde o conheci quando acompanhava, em 2015, uma inspeção do Tribunal de Contas ao Perímetro Irrigado. Além de limparem os aceiros os bichos, ali, ainda adubam o terreno.
Numa de suas crônicas Martha Medeiros fala no “dom de viver sem aplausos e sem plateia”. Sim, é um dom – e uma arte. Como dom, é graça concedida pelos deuses, não depende de nós; como arte, resulta de nosso esforço deliberado em viver com sabedoria, aperfeiçoando, dentro do possível, a vida que nos coube. É fácil? Certamente que não. Pois nada é fácil, nem mesmo viver sem fazer nada.
Existe uma diferença entre foco narrativo e ponto de vista que não é fácil de ser observada. Essa diferença se torna mais palpável quando o narrador claramente guia a visão do personagem sobre um determinado fato, intrometendo-se nos seus pensamentos, passando-lhe a palavra num discurso direto, falando por ele num discurso indireto ou mesclando seu discurso ao do personagem, através do discurso indireto-livre. É mais difícil distinguir esses dois elementos da narrativa, quando o narrador faz essa mudança de modo sutil, sem abandonar a narração. Aproveitamos para lembrar que a narração é apenas um dos elementos estruturais da narrativa.
Quando criança, costumava assistir a filmes sobre a paixão de Cristo, com meu pai, mãe e irmãos, na Semana Santa. Lembro que, bem pequena, ouvia a história pelo rádio no terraço de casa. Reuníamos a família e os vizinhos e todos se deleitavam com aquela intensa demonstração de amor.
Por acaso, encontrei o vendedor de pirulitos. Arrumada na tábua perfurada, a delícia daqueles bombons que eu não via há muito tempo. Interessante como os usos e costumes vão se esfumando: antes, passando pelas ruas, muitos deles transitavam, as crianças esperando a hora, cutucando os pais para pedir as moedas; à época, ninguém tinha nenhum saber sobre diabetes, triglicérides, colesterol bom ou mau.
Quem já não passou pela experiência não é capaz de imaginar o quanto a luz subjuga a escuridão. Os amantes da astronomia até percebem, em alguma medida, o poder das incandescências, posto que isso verificam nas estrelas.
Todo pessoense deveria visitar a região central da cidade pelo menos uma vez durante um dia de domingo. E isso com tempo, sem a pressa diária da semana, a pressão dos ponteiros do relógio, das buzinas dos carros, das vozes indistintas que cruzam calçadas e ruas. Apenas na companhia do silêncio e do vazio de gente. Esse encontro com João Pessoa seria mais que compromisso, mas um passeio prazeroso.
Depois de voar com o coração apertado por causa do apagão aéreo, do medo latente do terrorismo em Londres (à época) e de me deslocar de carro até Cardiff, enfim, cheguei... o lar doce lar. Era a casa da minha irmã Teca, que reside no País de Gales há mais de 30 anos. Um país que pouco conhecemos e tendemos sempre a chamá-lo por Inglaterra,
Os mais experientes podem associar o nome ao trio formado por Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato – também conhecido como Kid Abelha e seus Abóboras Selvagens – que fez grande sucesso nas paradas musicais da passada década de 80 e disparou com uma música denominada “Como eu quero”.
Quando nos matriculamos na escola da vida, ao nascermos, ainda não sabemos que o período letivo nunca terá férias. Mas aos poucos vamos percebendo isso. Nessa escola seremos, a todo instante, aluno e professor. Mas, de fato, o grande mestre é o tempo.
A atriz Patrícia Pilar esteve na Paraíba, em duas ocasiões, para gravações de seriado para televisão e ficou emocionada quando viu rebrotar a vegetação depois que choveu no Cariri. Foi quando, realmente, descobriu que aqui nascem os fortes, bem diferente do drama encenado e apresentado na TV.
Num rompante, ou mesmo por questões de mágoas profundas de quem vive ruminando ressentimentos, desejar a morte de alguém pode parecer um sentimento compreensível, é do humano, do humano infeliz, mas humano. O que não me parece compreensível e nem natural é alguém sentar, pensar, calcular, elaborar um raciocínio e sob a falsa alegação de “raciocínio filosófico”, desejar a morte de alguém, tornar isso público e oficial, através de artigo na grande imprensa. É assim que as ideias perigosas tomam corpo.
Em todo alvorecer é assim. Mal o Sol cuida de tanger uns restos de noite e já ocorrem os primeiros assovios. Uns sopros curtos e indecisos entre bocejos, quero crer. Quem desse modo anuncia a própria existência ainda não o faz totalmente desperto.
Encontrei o proprietário de uma alfaiataria que somente costura camisas. Quando se aproximavam os períodos marcantes das grandes festas do ano, e mesmo sem que houvesse feriado à vista, nunca faltava encomenda. Eram algumas máquinas de costura, a pedal ou a eletricidade, cansadas de tanto as agulhas correrem sobre os tecidos e cumprirem a data de entrega da encomenda.
Picasso disse – e com toda razão – que a inspiração existe, pero tiene que encontrarte trabajando. Não sou modelo pra ninguém, mas de alguma coisa deve servir a experiência.
Uma simples trouxinha de alho virou um poema. Aliás, já nasceu poesia. Desde que desabrochou além das fronteiras impostas, no frio gelado e escuro, sem a menor perspectiva de viver.
Uma das versões da tela “O grito”, de Edvard Munch, foi arrematada em leilão por cento e vinte milhões de dólares. Li que nunca se pagou tanto por um quadro. “O grito” mostra um homenzinho que caminha sobre uma ponte e é surpreendido por algo que o aterroriza. Não se sabe o que ele vê, nem mesmo se está vendo alguma coisa. A força da imagem vem sobretudo desse enigma.
Jesus é o Bom Pastor.
Ele não pula o cercado do aprisco, ele entra pela porta.
Ele é a porta das ovelhas.
Suas ovelhas o conhecem pela voz, afinal ele é o verbo
como luz verdadeira.