MANUAL DE QUESTÕES ELEMENTARES SOBRE ENGENHARIA DOMÉSTICA   O que de perene resta da rupestre arte de equivocar-se? Seria f...

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MANUAL DE QUESTÕES ELEMENTARES SOBRE ENGENHARIA DOMÉSTICA
 
O que de perene resta da rupestre arte de equivocar-se?
Seria flagelo o silêncio  ou equívoco de enganar-se? Morre-se por tentar ou ignora-se para salvar? Pode ser a morada mórbida  como um claustro? Abrir a porta — metáfora  ou ato de desespero? Seria a paixão fonte de saudade e motivo de erro? O mínimo é indispensável ou vale mais o exagero?  O que se atira para fora  é sobra ou esperança? Na sanha dos corpos escreve-se uma aliança?

Li uma citação de Andrew Carnegie: “Há muitas pessoas vivendo numa prisão imaginária, são os prisioneiros de suas próprias mentes, ali jog...

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Li uma citação de Andrew Carnegie: “Há muitas pessoas vivendo numa prisão imaginária, são os prisioneiros de suas próprias mentes, ali jogados pelas limitações impostas a si mesmas, aceitando a pobreza e a derrota.”

As montanhas dos nossos obstáculos íntimos não são nada fáceis de serem vencidas. Cada um possui as suas com peculiaridades bem únicas, mas todas elas poderão ser vencidas, ultrapassadas, aproveitadas, vividas.

Todas as noites é sempre a mesma história. Depois de passar o dia sendo disputada pelos nossos filhos e netos e a todos servir sem fazer d...

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Todas as noites é sempre a mesma história. Depois de passar o dia sendo disputada pelos nossos filhos e netos e a todos servir sem fazer distinção, sem demonstrar predileções que possam causar ciúmes, é chegada a hora de ela me acolher para alguns momentos mais íntimos.

Ela espera pacientemente, até que me decida a ceder ao seu apelo. Às vezes demoro muito a ir para o quarto, escrevendo alguma coisa até tarde, ou assistindo um bom filme, um documentário sobre a natureza, um noticiário ou um debate político ou cultural. Mas ela não perde a paciência, apenas me aguarda.

sem fórmula não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às ...

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não piso a embreagem, piso a paisagem e a ponho em primeira, segunda, terceira e quarta de segunda a sexta. (às vezes dou-lhe ré, mas ela sempre me escapa). aos sábados e domingos deixo-me ficar em ponto morto diante dessas fotos já sem cor:

Parado em busca de um transporte que pare e o leve. Inicialmente, acredita ser enviado ao futuro num ônibus com uma placa qualquer com u...

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Parado em busca de um transporte que pare e o leve. Inicialmente, acredita ser enviado ao futuro num ônibus com uma placa qualquer com um número e um nome indicativos de um destino previsível. De fato, um caminho feito em ritmo de dejá-vu, uma volta ao mesmo lugar, uma revolta ao ponto inicial. E um veículo se aproxima. Braço esticado, velocidade reduzida, embarca, senta, respira, transpira.

Diante da resposta à pergunta de um taxista paquistanês, em Nova York, sobre quais eram os inimigos da Itália, Umberto Eco responde que os...

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Diante da resposta à pergunta de um taxista paquistanês, em Nova York, sobre quais eram os inimigos da Itália, Umberto Eco responde que os italianos não têm inimigos, o que foge à total compreensão do seu interlocutor. A partir daí, Eco constrói o instigante ensaio “Construir o inimigo”, que abre e dá título à mais recente edição de seu livro Construir o inimigo e outros escritos ocasionais (tradução de Eliane Aguiar, 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2021). São quinze ensaios sobre assuntos diversos, escritos e pronunciados, a maioria em Bolonha, entre os anos de 2001 e 2010. Destes,

O causo me chegou pelo meu compadre, Paulo César, padrinho de meu rebento Cauê. Este meu amigo, foi professor de Cálculo no curso de engen...

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O causo me chegou pelo meu compadre, Paulo César, padrinho de meu rebento Cauê. Este meu amigo, foi professor de Cálculo no curso de engenharia de uma conceituada faculdade pública lá de Itajubá, sul de Minas. Foi de lá que ele me veio com esta história. Verdade? Meu compadre não iria mentir para mim.

Há uma tendência natural a achar que a aparente opinião da maioria revela a verdade. Somos imbuídos a compreender que a realidade dos fat...

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Há uma tendência natural a achar que a aparente opinião da maioria revela a verdade. Somos imbuídos a compreender que a realidade dos fatos está no olhar majoritário das pessoas. Quando assim nos comportamos, assumimos o risco de adotar o que se chama de “distorção perceptiva”. Recusamos o direito de pensar por nós próprios. Deixamo-nos ser influenciados pelas informações que nos são transmitidas, sem o cuidado de analisá-las ou interpretá-la

Há mais de 20 anos, quando vi na TV a notícia da morte de Linda McCartney, ela aparecia cavalgando com Paul ao som de uma de suas belíssim...

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Há mais de 20 anos, quando vi na TV a notícia da morte de Linda McCartney, ela aparecia cavalgando com Paul ao som de uma de suas belíssimas canções. Lembrei-me de um dia, na primavera de 1987, quando estava na cidade de Bath, Inglaterra. Fui conhecer essa cidade linda e famosa por suas termas e arquitetura romana, quando li no jornal que Linda McCartney faria uma exposição de fotografias no dia seguinte. Aventurei-me a ir à galeria, para dar uma espiada de véspera...

O coração respondeu, em 1958, com batidas mais fortes ao aviso da escola primária, no Recife. Estava lá no quadro negro em letras grandes...

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O coração respondeu, em 1958, com batidas mais fortes ao aviso da escola primária, no Recife. Estava lá no quadro negro em letras grandes de giz: “Férias a partir de 15 de junho”. Notícia melhor então não havia. E a data assinalada com antecedência de uma semana me recomendava a providência: a mudança das melhores peças de roupa do armário para a mala. Disso e de uns 20 gibis, alguns ainda não lidos.

“Se Deus quiser, ano que vem o São João vai ser o melhor de todos os tempos!”. Esse foi um dos desejos que notei – em tom de prece – na ag...

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“Se Deus quiser, ano que vem o São João vai ser o melhor de todos os tempos!”. Esse foi um dos desejos que notei – em tom de prece – na agenda no dia primeiro de junho de 2020. Esperava já estar livre desse mal que tem arrasado o mundo inteiro, mas não, ainda não. Fincar o pé em mais um mês de junho assim é estranho, triste demais. Guardo no peito a importância que esse mês possui, desejoso que a normalidade um dia chegue.

Quando lancei pela Codecri, em 84, ZÉ AMÉRICO FOI PRINCESO NO TRONO DA MONARQUIA, em que apontava semelhanças d"A Bagaceira" - &...

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Quando lancei pela Codecri, em 84, ZÉ AMÉRICO FOI PRINCESO NO TRONO DA MONARQUIA, em que apontava semelhanças d"A Bagaceira" - "que rompia com a influência da literatura inglesa sobre a brasileira" - com o "Hamlet" - do mais inglês dos ingleses - Shakespeare -, semelhanças que incluíam pontos marcantes na vida do próprio autor, que literalmente transitava num palácio, o da Redenção, nas tramas que nos levaram à Revolução de 30, tive o livro contestado por Hildeberto Barbosa Filho, José Octávio de Arruda Mello e Wellington Aguiar - três nomes de peso, no estado - cada um num dos nossos grandes jornais, na época: Correio da Paraíba, A União e Jornal da Paraíba. Meu "ensaio com estrutura de romance policial" foi encarado pelos três como coisa tipo cloroquina do Bolsonaro, conceito com que permanece até hoje.

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Quando meu livro saiu em capítulos, pelo Correio da Paraíba, bem antes da publicação no Rio, o escritor, já longe das palavras entredentes que me dirigira quando eu fora à sua casa lhe falar da obra, me mandou um cartão contido: “Você leu meu romance com lentes de aumento. Seu estudo é lapidar e profundo. Mas não pode ter havido influência. Os dramas humanos se repetem”.

Na verdade, eu via algo, ali, como o que Joyce - explicitamente - fizera com a "Odisseia" ao criar o "Ulisses", publicado oito anos antes d’A Bagaceira". Talvez até ... inconscientemente, pois quando - depois do primeiro choque nosso - ele me acompanhou até o portão de sua casa, em Tambaú, eu lhe perguntei se já notara como o começo do romance dele, com os flagelados indo à casa-grande do Marzagão pedir ajuda, repetia o começo do "Édipo", com o povo de Tebas, assolado pela peste, fazendo o mesmo no palácio real, parou e disse: "É mesmo!"

Em 2005, por sinal, em minha HISTÓRIA UNIVERSAL DA ANGÚSTIA, publicada pela Bertrand Brasil, eu incluiria um romanceamento, meu, do "Édipo" e, outro, do "Hamlet".

Tudo isso começou quando associei o Lúcio - angustiado filho do Dagoberto e "que se faz de doido pra viver melhor" - a Lucius Junius Brutus, modelo evidente da saga dinamarquesa de Shakespeare: morto, em Roma, seu pai, Rei Tarquinius, o jovem – pra escapar com vida e vingar-se – fizera-se de doido (daí seu apelido de Brutus, que acabaria sendo o de sua família).
O resto foi fácil. Se o angustiado estudante de direito, Lúcio - de férias na fazenda Marzagão, em Areia - era o angustiado Príncipe universitário de Wittenberg - de férias na Dinamarca, o pai, Dagoberto Marçau, dono da terra, era o Rei Cláudio, padrasto de Hamlet. Soledade, paixão de Lúcio (e do pai dele), era Ofélia - paixão do Príncipe - e, ao mesmo tempo, Gertrudes, Rainha da Dinamarca (paixão do padrasto e - segundo Freud - também do filho). O falastrão Valentim - pai de Soledade - era o falastrão Polônio - pai de Ofélia, que ao vê-lo morto, enlouquece e sai cantando algo que falava de uma donzela que, no dia de São ... Valentim, perdera a virgindade. Pirunga - irmão de criação de Soledade - era Laertes - irmão de Ofélia.

'HAMLET E O COMPLEXO DE ÉDIPO, de ERNEST JONES, discípulo e biógrafo de Freud, foi essencial para mim, nesse estudo. Tudo que, nele, é hipótese, encontra, n’A BAGACEIRA", possibilidade da confirmação. Pergunta-se, por exemplo: Laertes teria, mesmo, um amor incestuoso pela irmã Ofélia, como assegura Jones? N'A Bagaceira”, Pirunga é apenas irmão de criação de Soledade e a deseja ansiosamente, quer casar-se com ela. O Príncipe sentiria, mesmo, um amor criminoso pela mãe? N'A Bagaceira”, Lúcio não consegue possuir Soledade, porque ela se parece tanto com senhora do Marzagão - falecida no parto em que o rapaz nascera - que ele chega a fazer que desenha o retrato da moça, mostrando-lhe, em seguida, a fotografia da finada. É isso.

A vida fascina justamente por seu intrincado modo de agir, que não se esclarece quando cloroquinamente tratado.

Há muitos epítetos que rondaram a carreira do insigne cineasta francês François Truffaut, morto prematuramente aos 52 anos, em 1984, devid...

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Há muitos epítetos que rondaram a carreira do insigne cineasta francês François Truffaut, morto prematuramente aos 52 anos, em 1984, devido a um câncer no cérebro. Um deles é o de que era o “cineasta da ternura”. Outro, “o cineasta da infância”. São rótulos que a imprensa e os produtores criam para vender filmes. Com efeito, Truffaut era um homem de extrema elegância — e não só cinematográfica —, espiritual inclusive. No caso de seu valiosíssimo clássico “Os incompreendidos” (“Les 400 coups”), a infância nunca fora retratada de forma tão poética, tocante e melancólica. Portanto, no que tange a essa película, vale o chavão que marcou o diretor francês.

Composta em 1951, a música de Luiz Gonzaga/José Fernandes anunciava a chegada do São João. Tempo de decorar a casa com bandeirolas, compra...

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Composta em 1951, a música de Luiz Gonzaga/José Fernandes anunciava a chegada do São João. Tempo de decorar a casa com bandeirolas, comprar fogos de artifício e enfrentar o “banho de chuva’, que chegava em junho, para escolher o “melhor” milho nas feiras livres... na casa a mobilização de todos no preparo das comidas típicas. Ralar, peneirar com a urupema a massa mais espessa para pamonhas e com a peneira fina para canjica.

Este é um manual diferente dos que acompanham os produtos de shopping centers. Trata-se de um manual sui generis, porque ele nos dá sua c...

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Este é um manual diferente dos que acompanham os produtos de shopping centers. Trata-se de um manual sui generis, porque ele nos dá sua chave logo nas primeiras páginas: “Ir rodeando, contornando, semeando, coletando, estendendo, corrompendo (...), descobrindo a cruz”. Mas não é de fácil leitura. Se você conseguir ir até o fim, terá, certamente, que tomar fôlego várias vezes, assim como o fazem aqueles mergulhadores de cara limpa, sem escafandro.

Leio que o edifício do Ipase vai ser restaurado e adaptado para moradia popular. A ideia não é nova, já se ouviu falar nisso em promessas...

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Leio que o edifício do Ipase vai ser restaurado e adaptado para moradia popular. A ideia não é nova, já se ouviu falar nisso em promessas de intervenções anteriores. Felizmente ficou na promessa.