Decerto por estarem mais perto do céu, os mosteiros se instalaram nas montanhas. O isolamento nas altitudes, distante do burburinho cotidi...

Decerto por estarem mais perto do céu, os mosteiros se instalaram nas montanhas. O isolamento nas altitudes, distante do burburinho cotidiano, além de ampliar as perspectivas contemplativas, eleva a alma a sintonias com camadas mais sutis da atmosfera.

A relação das elevações rochosas com os vulcões as torna mais especiais por terem sido formadas pela desintegração de partes profundas da Terra, que se dirigiram fenomenalmente em busca da luz, tal como semente que brota do grão submerso em solo fértil.

Auld Lang Syne (conhecida no Brasil como Valsa da Despedida ) é uma canção escocesa do século XVIII, alegadamente inspirada em canção fol...

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Auld Lang Syne (conhecida no Brasil como Valsa da Despedida) é uma canção escocesa do século XVIII, alegadamente inspirada em canção folclórica mais antiga, do poeta Robert Burns. Ele recolheu canções por toda sua terra natal, preocupado em resguardar as antigas tradições de poesia e canto, que via ameaçadas pela formação do Reino Unido de Inglaterra e Escócia.

Burns era também compositor, e reconhece que fez alterações em melodia e letra após sua pesquisa. Não é simples saber o quanto o que ele ouviu em sua viagem foi transcrito e o quanto serviu de inspiração. Curiosamente, ele fez questão de escrever alternando termos no inglês moderno e no scots,

São tantas informações, números, gráficos, tantas fotos, telas, vídeos, livros e mais livros. Tudo esmiuçado, decifrado, registrado, e...

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São tantas informações, números, gráficos, tantas fotos, telas, vídeos, livros e mais livros.

Tudo esmiuçado, decifrado, registrado, explicado e catalogado.

O bicho homem tomou conta do planeta azul.

Loteamos, cercamos, apossamos, futucamos.

Aplainamos morros, aterramos lagos, desviamos rios, empurramos o mar, dominamos o fogo, canalizamos águase domamos a eletricidade.

Quem haverá de ser autor paraibano na escola, além de Augusto, José Lins, José Américo, João Martins de Ataíde, Pereira da Silva, Carlos...

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Quem haverá de ser autor paraibano na escola, além de Augusto, José Lins, José Américo, João Martins de Ataíde, Pereira da Silva, Carlos Dias, Rodrigues de Carvalho, Alyrio, Ernani, Permínio Asfora, Bichara, Virginius, Juarez Batista, Ariano, Celso Furtado, Ascendino, Crispim, consagrados cá dentro e lá fora

Grande Sertão: veredas , romance de João Guimarães Rosa, é uma história de amor. Sim, uma história de amor que não poderia, pela lei da ja...

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Grande Sertão: veredas, romance de João Guimarães Rosa, é uma história de amor. Sim, uma história de amor que não poderia, pela lei da jagunçagem, ser revelada ou ser vivida. Mesmo que depois se descobrisse o mistério que envolve esse amor, o estrago, em nome da honra e da macheza, já teria sido feito e de modo irreversível. Não se espantem que esta monumental prosa seja uma história de amor. Mas é. Não há nada de incomum nisso, mesmo para um escritor como Guimarães Rosa. Se duvidarem, é só pegar, como exemplo, Sagarana e tentar descobrir em que conto não há uma história de amor, resultando em tragédia pessoal.

Estamos em agosto ou em dezembro? Inverno ou verão? Será que o calendário corresponde às mudanças que estamos percebendo? Esses questionam...

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Estamos em agosto ou em dezembro? Inverno ou verão? Será que o calendário corresponde às mudanças que estamos percebendo? Esses questionamentos surgiram com a observação de fatos recentes.

No último final de semana, uma cor amarela aparecia em meio ao verde, na estreita faixa florestal, motivando paradas estratégicas para fotografias. E, com uma aproximação maior, a confirmação: A estrada para Natal surpreendia, com novidades! Eram flores de Pau-Ferro, na copa das árvores e os arbustos da Rosa Brasileira, e ainda umas delicadas, em cachos da Acácia Sena. Riquezas da Mata Atlântica que ocorrem no verão, (principalmente as duas primeiras), com os Ipês promovem um espetáculo de cores, aromas e beleza. Mas, ainda teremos vários meses para esperar…

"Há tempos venho tentando achar um momento para dizer isso: você já me salvou de todas as maneiras que alguém pode ser salvo”. A tua ...

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"Há tempos venho tentando achar um momento para dizer isso: você já me salvou de todas as maneiras que alguém pode ser salvo”. A tua mensagem brilha na tela do meu celular e ali, permanece, pulsando na exata batida do meu coração. Eu a contemplo com a respiração suspensa. Os fios invisíveis que unem humanos estão todos esticados.

Se há um tipo de texto que prioriza o sortilégio das palavras (mesmo que em detrimento do conteúdo) à procura de um encanto, este tipo de ...

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Se há um tipo de texto que prioriza o sortilégio das palavras (mesmo que em detrimento do conteúdo) à procura de um encanto, este tipo de texto é a crônica. Bem sei que todo texto literário faz um uso retórico das palavras e procura encantar, mas um romance (ou um conto, um poema) tem (ou procura ter) uma densidade que uma crônica não ambiciona alcançar – em outras palavras: tudo que é dito pela crônica é supérfluo, ou, ao menos, secundário: o que importa mesmo é o jeito como a crônica se diz.

O grande trunfo do mais famoso cineasta sueco de todos os tempos – Ingmar Bergman (1918-2007) – sempre foi o rosto humano. Seus close ups...

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O grande trunfo do mais famoso cineasta sueco de todos os tempos – Ingmar Bergman (1918-2007) – sempre foi o rosto humano. Seus close ups dos mais variados atores e atrizes, que com ele trabalharam em sua longa e prolífica carreira, equivaliam a dizer, vulgarmente, que as faces eram os espelhos da alma. Nunca as expressões faciais dos atores (demonstrando medo, angústia, hesitação, dúvida) tinham sido mostradas com tantos detalhes no cinema. Em entrevista ao renomado

Alguém disse que é preciso estar sob teto da Sistina para se ter ideia do que um ser humano é capaz. Eu diria o mesmo sobre a leitura de q...

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Alguém disse que é preciso estar sob teto da Sistina para se ter ideia do que um ser humano é capaz. Eu diria o mesmo sobre a leitura de qualquer dos maiores poemas — clássicos e contemporâneos —, embora a pintura tenha a vantagem de que, numa vista d'olhos, se mostra, de imediato, inteira. Mozart dizia que, ao imaginar um concerto ou sinfonia, podia abarcar a obra com um único olhar, “como se se tratasse de um quadro ou estátua”, e esse momento, assegurava, “é indescritível”.

Como minha cirurgia foi adiada, vai dar para esgotar esse assunto. Desde logo digo que a brasileira Maria Lenk foi a primeira mulher sul ...

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Como minha cirurgia foi adiada, vai dar para esgotar esse assunto. Desde logo digo que a brasileira Maria Lenk foi a primeira mulher sul americana a participar de uma Olimpíada (1932). Chegou a bater o recorde mundial nos 400 metros peito praticando um novo tipo de braçada. A moçada gostou e a partir dos anos 50 foi criado o estilo borboleta de nado, baseado na invenção da Maria,

Dias atrás, ao encontrar um dileto amigo que não via há anos, tasquei a mais tradicional pergunta dessas ocasiões, o famoso “Como vai?” Re...

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Dias atrás, ao encontrar um dileto amigo que não via há anos, tasquei a mais tradicional pergunta dessas ocasiões, o famoso “Como vai?” Recebi resposta não costumeira, digamos, surpreendente até.

— Escapando! — disse ele.

E não é assim? Vamos escapando. Escapando de doenças, assaltantes, balas perdidas e das não perdidas, crises econômicas, paixões mal resolvidas, acidentes. Enfim, listar aqui do que andamos escapando não caberia nesta coluna.

didi À memória de Elzo Franca, amigo e primo. didi bate a falta com efeito. o goleiro adversário é puro espanto: vê a bo...


didi À memória de Elzo Franca, amigo e primo. didi bate a falta com efeito. o goleiro adversário é puro espanto: vê a bola de couro me-ta-mor-fo-se-ar-se em uma folha seca do mais triste outono. a torcida faz a festa. a a bola não é mais a bola, a redonda, o balão, a esfera, não é mais folha seca, mas a semente, o goivo,

Entre as muitas e muitas lembranças que me ficaram de Martinho Moreira Franco, uma delas me acudiu no fim da tarde desse último domingo...

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Entre as muitas e muitas lembranças que me ficaram de Martinho Moreira Franco, uma delas me acudiu no fim da tarde desse último domingo: “Lembrou-se de ir ver os preparos da festa?” Era a pergunta de todo ano e que não faltou, agora, na sua ausência.

Os pavilhões se armando ao longo da General Osório, as barracas a impedirem o trânsito nas três ruas paralelas que saem da Catedral e de São Francisco, e os primeiros ensaios, os pileques preliminares ou simples arrastos de cadeira da boemia ansiosa.

Existem amizades edificadas com tijolos e argamassa que as artes possibilitam construir, no sincero aperto de mãos e na troca de experiênc...

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Existem amizades edificadas com tijolos e argamassa que as artes possibilitam construir, no sincero aperto de mãos e na troca de experiências de saberes, por isso são duradouras.

Com Waldemar José Solha se deu assim: construímos nossa amizade a partir de meado da década de 1970. Ele, volumoso em leituras, ensinava a arte de escrever e de pintar, eu, um jovem sorumbático vindo de Serraria com passagem por Arara, escutava mais do que conversava, ou dava pitaco sobre os assuntos abordados. Ouvia e peneirava tudo o que ele falava e assim aprendi muitas coisas que me têm sido úteis.

Nos últimos dias eu tenho me sentido olímpico, quase um deus atleta grego desgarrado, sem a imortalidade, exceto a efêmera eternidade do i...

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Nos últimos dias eu tenho me sentido olímpico, quase um deus atleta grego desgarrado, sem a imortalidade, exceto a efêmera eternidade do instante marcado na memória, do segundo mágico perdido em algum momento das décadas já vividas. Moderno e antiquado ao mesmo tempo, feito os atletas que aparecem de calções enormes em filmes preto e branco com imagens céleres e, ainda assim, ligado às ultras câmeras dos celulares da última geração já em vias de seres substituídas, pré-obsoletas em sua modernidade.

Eu sou mais um entre os 12 deuses gregos e milhares de atletas de toda a humanidade. E o motivo: eu sei sonhar. No filme mudo da mente, repriso as competições mais acirradas das corridas, saltos e jogos desde a infância. Sim, eu ajudo a construir vitórias, pois percebo que ainda sou um corredor, saltador, ginasta e jogador.

O garoto ali postado na memória é um arremessador de sonhos, sacador de desejos, marcador de sorrisos, saltador de possibilidades. Olímpico aventureiro diário, que se materializa nas disputas em ciclos de quadriênios. Ele é capaz de sorrir e chorar com as vitórias e derrotas e muito mais ainda com as histórias de cada guerreiro armado com o corpo, bolas, raquetes, arcos, lutas, pesos e sapatilhas.

Os campos olímpicos se materializam em campinhos de terra batida, quadras de piso de cimento crespo, muros feitos de blocos de tijolos que serviam de traves para se equilibrar, obstáculos em formato de muretas, pedras arremessadas como discos, dardos ou martelos.

Sopra, assim como antes, o vento no rosto e nos cabelos, que acaricia a fronte do deus mortal do garoto da esquina, dos deuses eternos do Olimpo e dos inesquecíveis atletas dos jogos apresentado hoje em telas de TVs de modelos que se ajustam a cada quatro anos ou às fotografias e filmes raros de competições esquisitas ou conhecidas.

A camisa suada, os pés descalços e a linha de chegada não tão bem definida. O pódio, esse mero detalhe ansiosamente sonhado por muitos, é só uma questão de percepção. O que conta no íntimo é ser "o mais rápido, o mais alto, o mais forte" de si mesmo. Parafraseando Mahatma Gandhi, a medalha da alegria "está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita". O que é a vitória senão o fato de se estar bem consigo próprio.