(in memoriam) E eis que chega a   Semana   Santa   mostrando um Jesus traído, condenado, chicoteado, ensanguentado e, por fim, cr...

O Jesus que eu quero ver...


(in memoriam)
E eis que chega a Semana Santa mostrando um Jesus traído, condenado, chicoteado, ensanguentado e, por fim, crucificado, no alto de um monte chamado o Monte da Caveira. Lá estava ele, de braços abertos, ensanguentado e tendo como companheiro dois marginais.

E é essa imagem que a Semana Santa traz para as ruas, cinema, teatro, televisão, espetáculos que rendem bom dinheiro para os seus promotores. Tanta coisa bonita no Evangelho para se evocar e mostrar, mas o que se quer exigir, naquele momento, é um Jesus moribundo, coroado de espinhos, humilhado e ofendido. E haja chicotadas no corpo magro, haja cusparadas no rosto suado, haja humilhações e mais humilhações.

Essa a imagem que mais atrai as multidões e os religiosos. Essa a imagem que mais fascina o público, que mais é evocada nas comemorações da semana que passou.

Não. Dependesse de mim, jamais seriam relembrados tais episódios. Jamais eu gostaria de ver, todo ano, um filho em situações tão dolorosas... Que as Escrituras evoquem aquela triste peregrinação do Mestre, está bem. Mas que tudo fique apenas registrado na História. Para que dramatizar e relembrar tão dolorosos sentimentos? Não haveria aí um triste sadismo? E eu chego até ao exagero – e o leitor vá me perdoando minha susceptibilidade – de sugerir que não se evoque mais a imagem de Jesus na cruz. Não gosto de vê-lo pregado numa cruz, nas igrejas, nas repartições públicas, nas assembleias legislativas e em volta dos pescoços das mulheres.

A imagem do Jesus que eu quero ver não é a do Jesus morto, mas a do Jesus vivo, do Jesus convidando-nos a olhar os lírios do campo e as aves do céu, do Jesus, no alto da montanha, pregando o seu sermão inaugural, do Jesus convidando as criançcnhas para um abraço fraterno e paterno, o do Jesus limpando leprosos, dando a vista aos cegos, levantando paralíticos, dando voz aos mudos, o do Jesus no Monte Tabor conversando com os espíritos, todo iluminado, do Jesus levitando sobre as águas... Ah, leitor, esse o Jesus que eu desejo ver sempre.

E abaixo o luto, a tristeza, a agonia. Ao invés de agonia, o que desejamos é alegria. Jesus nunca foi pessimista. Todo o seu Evangelho é um hino à fé. "Pedi e vos será dado, buscai e achareis, batei e se abrir-vos-á", recomendava ele. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida".

Luto na Semana Santa, jamais! O luto, há muito tempo que deixou ser usado quando uma pessoa morria. E havia aquele que usava o chamado luto fechado... Felizmente, acabou-se o costume. Não é com luto que se deve expressar a saudade dos mortos queridos, tanto é assim que os caixões mortuários estão sempre enfeitados de flores. Sim, flores que são o sorriso da Natureza.

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