Segundo os vernaculistas, a palavra “fiança” significa o direito que se tem através do valor pecuniário depositado por um acusado de crime...

Erros crassos da coisa legalizada

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Segundo os vernaculistas, a palavra “fiança” significa o direito que se tem através do valor pecuniário depositado por um acusado de crimes menores, a fim de que se possa responder a um processo em liberdade. Em outras palavras mais simplificadas: significa ficar livre mediante pagamento em dinheiro, o que é, para os lúcidos, uma leviandade notória ou um privilégio discriminador, não somente no Brasil, mas na maioria dos países desse mundo tresloucado.

Todavia, nenhum jurista explicou o motivo pelo qual o cidadão tenha que tirar de seu bolso o poder da recuperação de sua própria liberdade. Quem não tem condição de pagar essa fiança fica estorvando a liberação de sua prisão e amargando a sua sorte. Em razão disso, aumenta sua sede por justiça. Eis a questão.

Noutro parâmetro, há uma lei da “justiça cega”, essa que muitas vezes nos surpreende e também envergonha, que coíbe brigas de galo nas rinhas clandestinas. No entanto, até hoje nenhuma lei proibiu seres humanos de digladiarem-se em ringues, numa competição de vale-tudo, sob aplausos de humanos que nunca toparam o desafio de lutar pela própria evolução. Foi o que já aconteceu, muitas vezes, no ginásio O Ronaldão, no bairro Cristo Redentor, na capital paraibana.

Sou contra as duas espécies de competição. Porém, a travada entre humanos mostra as pedras de um quadro-negro onde jovens - quase robóticos - aprendem as lições da truculência. Depois, encenam a prática dos ringues, em suas calçadas, nas esquinas, nas escolas, com trocas de socos, pontapés e almas rotas em processo de destruição. Exibem os seus atos somados de violência estupidamente desumanas.

Talvez por isso, os braços de muitos adolescentes de hoje estão ficando tão robustos! Influência? É a prática de excessivos exercícios físicos, mas também as doses de anabolizantes ingeridas que lhes ajudam a dar volume ao exibicionismo braçal, boçal com todas as suas artificialidades. E com que prazer exibem os músculos aumentados pelos seus impulsos narcísicos e alucinantes!!!

São a semelhança do pão de padaria, feito com excesso de fermento e de brometo de potássio. Não sabem que os pães, ao tempo em que têm uma forma boleada pela química, por isto, ficam com aparência impecável. Por dentro os pães ficam tal qual a cabeça desses ilustres neófitos: Tudo oco.

Outro exagero é praticado com os animais comprovadamente de estimação. Fazem apreensões que já causaram até mortes de humanos! Cito o exemplo de uma velhinha que morava no bairro do Roger com a sua única companhia: uma ave que falava pra ela amorosamente e que atenuava o desconforto de sua solidão, diminuindo a inquietude de quem a criava. Surpreendentemente, ela, a ave, foi levada por um órgão fiscalizador, para outro habitat que não era mais o seu. Afinal, arrancaram uma ave de dentro de seu melhor lugar. E a velhinha, tomada por uma tristeza insustentável, vitimada por uma saudade profunda, entrou num processo de depressão que lhe fez fechar os olhos e alçar voos para outros mundos.

Do outro lado, araras, papagaios, ararinhas e outras aves da família psittacidae de nossa fauna, quando criadas em viveiros registrados e liberados por esse órgão fiscalizador, podem ser comercializadas livremente, inclusive, para países estrangeiros.

São erros crassos, desmandos que se repetem nesse universo de leis esdrúxulas e sem excepcionalidades para alguns casos. Alguns motivos chegam a ser enquadrados dentro das absurdidades de um tempo moderno, escancaradamente despojado e, às vezes, desgraçadamente aplaudido e ovacionado por insensíveis gregos e troianos. Sigamos assim. E, quando pensamos que a prática dessas leis se enquadra dentro do caráter de organização, de preservação, ou coisa assim, calamos dentro de uma dúvida indecifrável, dúbia e confusa.

Não deveria ser vetada a criação de animais da nossa fauna já adaptados à moradia doméstica, nem tampouco tolhida a sua estimação. Por outro lado, o homem, como um ser extremamente racional, não deveria se deixar ser consumido pelas sanhas e pelos instintos do mundo selvagem. Eis o suprassumo do contraditório!

E haja inversão. E nessa leva, o vice-versa dos fatos desse mundo, vai regendo os erros crassos dessa coisa legalizada.

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  1. Nessa crônica, Saulo Mendonça, nos faz refletir em torno do "chavão" emanado no discurso dos cumpridores da Lei: " Lei é pra ser cumprida e não discutida."

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