Dois acontecimentos em 2021, importantes para as Letras universais, passaram despercebidos entre nós. Foram os 700 anos da passagem do poe...

Para nunca esquecer

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Dois acontecimentos em 2021, importantes para as Letras universais, passaram despercebidos entre nós. Foram os 700 anos da passagem do poeta Dante e os 140 anos de nascimento do poeta Juan Ramón Jiménez, dois ícones da Poesia mundial.

É certo que outras datas igualmente relevantes foram ou deveriam ser lembradas no reino da Poesia, mas estas duas não poderiam passar desapercebidas.

No ano passado reencontrei mais uma vez estes dois poetas que me deram arrimo, por isso não poderia esquecê-los. Em décadas passadas Nathanael Alves me levou a desfrutar de muitas paisagens da Arte e fez conhecer os frutos da mística do poeta florentino, igualmente da riqueza poética revelada pelo espanhol. Também ajudou para que eu descobrisse a espiritualidade e sombras poéticas reveladas por ambos, indispensáveis ao alimento da alma, que os dois souberam cantar.

DanteAndrea Castagno
Dante

Quando a Itália celebrou os 700 anos da morte do poeta Dante Alighieri, recorri a sua obra máxima, A Divina Comédia, porque é instrumento de reflexão acerca da salvação eterna, partindo dos escritos reunidos pela Igreja para fundamentar nossa crença e fomentar nossa fé. Sem apelar para teólogos, que as vezes são enfadonhos na explicação dos três pontos fundamentais desse tema há milênios repassado às gerações, que suscita muitas discussões, ainda mais a partir do Cristianismo, que são o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, este poeta nos abre a mente ao entendimento da salvação da alma à luz da Poesia, da Filosofia e da Teologia.

Este livro de Dante não é apenas uma grande obra para meditação, mas um tratado teológico que nos leva a refletir acerca de temas há muito tempo discutidos por diversas religiões. De todas as tentativas de explicar o Inferno, o Purgatório e o Paraiso, este sumo poeta florentino deu pistas esclarecedoras, mais objetivas do que certos estudos teológicos.

A forma poética como cuidou de descrever, na sua imaginação, como seriam as possibilidades de convivência nas paisagens depois da passagem pela vida terrena, torna de fácil compreensão um tema tão complexo. Daí, então, melhor se compreende os ensinamentos do Filho de Maria a respeito do caminho para a salvação eterna.

J. Jamón JiménezJoaquín Sorolla
Juan Ramón Jiménez

Em 2021 marcou os 140 anos de nascimento do poeta espanhol Juan Ramón Jiménez, sempre lembrado pelo livro Plantero e Eu, um poema que emociona gerações.

Existem autores que bastaria uma obra para a consagração literária, ou em outro gênero de arte, como a música, a escultura ou a pintura. Juan Ramón se destacou pela força criativa com que tratou os temas abordados numa carreira de escritor que começou cedo, atingiu os píncaros da glória, conquistou leitores em muitas partes do mundo e, por fim, culminou a vida literária com o Prêmio Nobel de Literatura.

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Com Plantero e Eu, de 1914, o poeta conquista a consagração universal. O livro nos dá a chave para entender pedaços da vida e ajuda a promover uma salutar convivência entre o homem, a natureza e os animais.

Na abordagem que faz a respeito de artistas, escritores e poetas, neste livro Juan Ramón nos deixa a impressão de que a arte não é uma ilusão, mas está presente na vida do povo, revelada em cores e sons. Composto com pequenos textos, em quadros que se movimentam, olhando no conjunto, a obra oferece uma história de amizade entre dois amigos – um homem e um animal (jumento) -, levando-nos a refletir sobre a vida em comunidade, sentindo a mesma dor, partilhando o mesmo tico de pão colocado à mesa, e no mesmo agasalho recolhidos.

Não nego que admiro este poeta pelo modo de como soube pintar a vida, e não poderia deixar de lembrar os 140 anos de seu nascimento, que aconteceu a 23 de dezembro de 2021.

Viva a Poesia.

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  1. Grande Dante! Infelizmente, o primeiro contato que tive com a Divina Comédia foi um desastre: seu célebre texto em seu próprio idioma - de extrema simplicidade - fora totalmente violentado por uma tradução na linha Hino Nacional. Logo no primeiro verso, que é Nel mezzo del cammin di nostra vita - dei de testa com "De nossa vida, em meio à jornada" - e desisti. Felizmente o volume - de tamanho grande - vinha com as ilustrações de Doré - ou teria ido pro lixo. E o jeito foi buscar outra (s ) versões.

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