E se a escritora aceitar o meu convite? Tenho me perguntado cada vez mais, pensando como vai ser, o que devo fazer, pois gosto muito de deixar tudo planejado.
Ah, sim: antes de continuar, deixem-me apresentar a escritora. Trata-se de Marlena de Blasi, jornalista que escrevia para vários periódicos norte-americanos sobre gastronomia internacional e crítica de restaurantes pelo mundo.
Numa de suas viagens internacionais a negócios ela conheceu em Veneza o bancário italiano, Fernando, iniciando um namoro. Um dia para sua surpresa Fernando foi bater à sua porta nos Estados Unidos. O romance evoluiu, ela largou tudo em seu país: jornais e revistas para os quais
Anos depois, Fernando aposentou-se do banco onde trabalhou a vida inteira, e decidiu realizar um sonho: morar na Toscana. Surgiu assim o segundo livro de memórias de Marlena: Mil Dias na Toscana.
Poucos anos depois tiveram que entregar a chácara onde residiam. Saíram procurando outro lar pelas imediações até encontrar um palazzo na cidadezinha medieval Orvieto, já na Úmbria. Nasceu, então, o seu terceiro livro de memórias: A Doce Vida na Úmbria. É aqui que eu entro.
Tomei conhecimento de Marlena na festa natalina da Vivance, onde eu fazia exercícios, quando arrebatei das mãos de uma colega o livro Mil Dias em Veneza, na brincadeira cretina e divertida O Amigo da Onça. Nesta, o último sorteado tem o direito de ficar com o presente que lhe chegou às mãos, ou trocar por qualquer um dos presentes dos outros participantes. Eu tive a sorte de ter sido o último, e tomei o livro que ela havia tomado de alguém, dando-lhe em troca um presente luxuoso para casa.
Este livro relata como Marlena e Fernando foram morar num palazzo em Orvieto e os tipos fascinantes com quem passaram a conviver, como a doce Miranda Lopane, mestra na cozinha italiana. E o irrequieto Franco, proprietário do restaurante La Grotta, perto da catedral.
Foi então que me decidi retornar a Orvieto, viajando de Roma à Umbria ao som de Luglio e Vecchio Scarpone, canções italianas que adquiri em Roma:
Em Orvieto tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente a escritora, através de Franco. Foi um encontro muito acolhedor num café pertinho da catedral. Foi um momento mágico na nossa viagem: tive a sensação de ter penetrado o meu livro. O casal nos recebeu muito bem, nos cumularam de livros de presente, e ela autografou com uma carinhosa dedicatória o exemplar que eu havia levado.
Ao retornar ao Brasil decidi trazer Marlena a João Pessoa, para que ela tenha a oportunidade de aqui lançar os seus livros. Entre eles alguns romances, como Um Certo Verão na Sicília e Amandine. No momento, aguardo coragem para fazer o convite. É quando retorno à pergunta de introdução: e se a escritora aceitar o meu convite?
ALCR
Ficaria hospedada com Fernando no Hotel Sapucaia, em Tambaú. Fariam passeios para conhecer as nossas praias, as piscinas naturais de Picãozinho, Seixas e Areia Vermelha. Encantar-se-iam com o entardecer na Praia de Jacaré, ao som do saxofone de Jurandir.
Tomariam sorvetes da Friberg da Torre, e o autêntico sorvete italiano da Zibello. Se embriagariam de caldo de cana e água de coco.
É claro que ela não se furtaria a comparecer às nossas rádios para dar entrevistas. Com certeza teria o prazer de participar do excelente programa Cesta de Músicas, todas as sextas-feiras na rádio CBN, onde seria entrevistada por Karla Arantes e Sílvio Osias, que abriria uma exceção para a literatura.
O jornal A União daria ampla cobertura à sua passagem pela Paraíba, dedicando uma longa entrevista no caderno de cultura.
As emissoras de TV se fariam presentes ao lançamento de seu livro. Com destaque para a entrevista feita por Abelardo, em seu programa na TV Master.
Depois se dirigiriam ao jardim para uma noite de autógrafos ao ar livre. Lá se apresentaria a cantora Glória Fonseca, que exibiria um belo repertório de canções italianas, entre elas, Volare , num surpreendente dueto com José Mário. Seria muito aplaudida.
À noite, haveria uma recepção oferecida pelo casal Jacinto e Aparecida Medeiros, em sua linda cobertura no Bessa, à mezza luz sob uma imensa lua cheia, apresentando Marlena e Fernando de Blasi à sociedade e à intelectualidade pessoenses.
Lilly
A escritora passearia pelo ambiente cumprimentando cada um dos convidados, sempre acompanhada por Fernando e Salomé Espínola, o casal sendo apresentado a todos os convidados. Seriam carinhosamente acolhidos.
Os convivas formariam rodas conforme as suas afinidades. Na maior delas, presidida por Jacinto Medeiros, e regada a uísque President, estariam Manuelzinho Gaudêncio, André Aragão, Osório Abath, Onildo Rocha, Arael Costa, João Medeiros Filho, Petrov Baltar, Osvaldo Jurema, José Francisco da Nóbrega, Gilson Melo, Marcos Pires e Lourival Lisboa.
Logo adiante, servidas de chianti e espumante Blanc de Blanc, da Casa Valduga, estavam reunidas a anfitriã Cidinha Medeiros com as amigas Lucinha Medeiros, Marinete Rocha, Marisa Gaudêncio, Eulina Nóbrega, Lucele Lisboa, Raquel Costa, Maria Lúcia Jurema, Lourdes Baltar, Zélia Jurema, Eneida Melo e Leca Pires.
Billy Huynh
Noutra, deliciando-se com o espumante Ponto Nero, um dos mais deliciosos da Valduga, encontramos a escritora Ângela Bezerra, que ouvia o escritor Waldemar Solha demonstrar paralelos entre a mitologia grega e a mitologia tupi-guarani. Ouviam atentos as cronistas Ana Adelaide Peixoto e Babyne Gouveia, além dos escritores Rubens Nóbrega e Madriana, Rui Leitão, Sergio Rolim, acompanhado de Lúcia, e Clemente Rosas. Também presentes a psiquiatra Marluce Castor, na ilustre companhia do psicanalista Salatiel Castor; o conselheiro e historiador Flávio Ramalho de Brito, o cronista Francisco Gil, além do excelente escritor, editor, músico erudito e arquiteto Germano Romero.
Billy Huynh
Os garçons não paravam de servir prosecco Freixenet, espumante Art e cerveja Leopoldina, da Casa Valduga, além de coquetéis de frutas nordestinas.
Circulando pelo ambiente, câmeras e caderninhos atentos, ouvidos bem abertos, estariam o fotógrafo Osmar Santos e os cronistas Abelardo Jurema, Gerardo Rabelo, Kubitschek Pinheiro, Tereza Madalena e Astrid Bakke.
Nadia Valko
A lua banhava de prata a praia do Bessa, ao som de Forget Domani , cantada por Katyna Ranieri: “... Oh-oh che luna, oh-oh che mare, con questa luna, questo mare e tu con me...”, Canzone Per Te, Sapore di Sale, Una Lacrima Sul Viso.
A festa transcorreria animada, ao som das músicas selecionadas por José Mário, alternando canções para ouvir e outras feitas para dançar, sob o comando do sonoplasta Roberto Carlos. De repente atacaria com:
Era o sinal para que os convidados caíssem no dancing, dançando twist.
Vez ou outra tocava Amarcord, Guaglione . E outras músicas muito animadas. Quase todos os presentes não resistiriam e cairiam na dança.
Em homenagem a Silvino o disk-jokey tocaria Via Cum Me , com Paolo Conte.
À meia noite, a música seria interrompida para que o anfitrião Jacinto Medeiros proferisse palavras de agradecimento à escritora, e ao seu esposo, por aceitarem o convite para nos visitar. Em seguida Marlena falaria da sua gratidão pela maravilhosa recepção em nossa cidade, onde ela não imaginava que seria tão bem acolhida.
A seguir todos jantariam, saboreando a deliciosa culinária da Tratoria Famiglia Muccini, com larga experiência em noites italianas.
Pois é, por enquanto são sòmente sonhos. Conseguiria contagiar todos os supostos convidados dessa festa imaginária em homenagem à Marlena? E se ela aceitar o convite?!