A epistemologia é basicamente o estudo do conhecimento humano. Há uma notável tríade de filósofos britânicos, além de Francis Bacon e Thomas Hobbes, que representam uma linha de pensamento que baseia a origem fundamental do conhecimento na experiência sensível. O ponto de partida é, por óbvio, o mundo exterior. Tal vertente de abordagem da realidade seria uma espécie de realismo ou materialismo, isto é, no processo de conhecimento, o que importa mais é o “objeto a ser conhecido” (a realidade, o mundo, os inúmeros fenômenos), e não o “sujeito conhecedor” (nossa consciência, nossa mente), substrato para elucubrações idealistas.
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Para ele, as ideias que possuímos são adquiridas ao longo da vida mediante o exercício da experiência sensorial e da reflexão. Não enxergava a existência de um poder inato (ou de origem divina), muito menos de ideias inatas, contrapondo-se ao cartesianismo. Seu conceito de identidade pessoal influenciou outros filósofos como Hume, Rousseau e Kant.
Contribuiu para a difusão de valores iluministas como a tolerância religiosa, a liberdade individual, a livre-iniciativa econômica, sendo considerado um dos precursores da democracia liberal. Na verdade, com Locke nasce a concepção do Estado liberal, construída de forma exuberante em seu Segundo tratado sobre o governo civil.
O irlandês George Berkeley (1685-1753), por sua vez, desenvolveu uma espécie de idealismo materialista. Ele negava a existência da matéria como algo apartado da mente.
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Finalizando com o escocês David Hume (1711-1776), vemos que este pensador produziu uma crítica ao raciocínio dedutivo através de um ceticismo teórico, pregando que o cientista deveria apresentar suas teses como probabilidades e não como certezas irrefutáveis. Tal atitude epistemológica, estendida ao convívio social, tornaria os homens mais tolerantes, democráticos e abertos. Seu pensamento repercutiu em Kant, na filosofia analítica do início do século XX (Russel, Wittgenstein) e na fenomenologia (Husserl, Scheler).
O empirismo proporcionou avanços formidáveis na ciência: com a valorização da experiência e do conhecimento científico, o homem passou a buscar o domínio sobre a natureza, o que fez surgir a metodologia científica, a qual se baseia no princípio de que todas as hipóteses e teorias devem ser testadas exaustivamente, em um contexto de observação do mundo natural e dos fenômenos, suplantando, dessa forma, a intuição, a revelação ou raciocínios a priori. Era a humanidade se reinventando mais uma vez.