A sinonímia é a propriedade que têm dois ou mais termos, expressões ou palavras reais e instrumentos gramaticais de se empregarem um pelo outro sem prejuízo do sentido, dependendo do contexto. Por essa definição entende-se que existem dois tipos de sinonímia: a das palavras reais e a dos instrumentos gramaticais.
A sinonímia gramatical é a que se verifica com prefixos, sufixos, raízes e conjunções, como, por exemplo, in- e des- (que significam negação: inabitado/desabitado), -eiro e –ário (que significam estado, profissão: costureiro/funcionário), digit(i) e datilo, que significam dedo (digitação/datiloscopia),
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As gramáticas, contudo, estudam a sinonímia lexical, isto é, a de termos ou palavras reais, como erguer/levantar, chato/enfadonho, causa/motivo.
O problema maior da sinonímia está em acreditar que o emprego de um termo por outro se processa nos dois sentidos. Em muitos casos, é possível substituir um termo pelo seu equivalente sinonímico sem alteração semântica, como nos pares seguintes: notar/observar, despido/nu, prerrogativa/privilégio. Mas a sinonímia nem sempre é simétrica, recíproca ou bitransitiva (bitransitivo aqui entendido como “o que transita em duas vias”). O sentido do texto é que vai permitir a substituição de um termo por outro sem alteração semântica. A sinonímia deve ser estudada como contextual. Assim, podemos dizer que, na frase seguinte, “mãe” é sinônimo de “causa”: “A ociosidade é a mãe de todos os vícios.” Mas não podemos dizer que a invasão da Polônia foi a mãe da II Guerra Mundial. É importante que se leve em conta a metáfora. Em “um monstro de ser humano”, monstro é sinônimo de horror; em “um monstro de inteligência”, monstro é sinônimo de colosso! No primeiro caso, é uma ofensa (ser humano cruel); no segundo, um elogio (pessoa inteligentíssima).
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Curiosamente, há antônimos consagrados indevidamente, como verdade/mentira. Verdade é um problema lógico; mentira é um problema moral. Só pode mentir quem conhece a verdade, mas prefere sonegá-la. Já erro (problema lógico ou paralógico) é que seria o verdadeiro antônimo de verdade, já que a pessoa que erra desconhece a verdade. Um erro dito por alguém pode levar o ouvinte a crer que esse alguém minta, já que o erro é a não coincidência da expressão com o objeto, exatamente como a mentira, que também é a não coincidência da expressão com o objeto. A diferença é que, no erro, a expressão coincide com o pensamento de quem se expressa, enquanto que, na mentira, o pensamento contraria a expressão do falante. Como não podemos saber o que está pensando a pessoa que fala, dizemos, para não agredir, que ela faltou à verdade. Faltar à verdade é sinônimo tanto de errar quanto de mentir, porque em ambos os casos a verdade faleceu. Mas a expressão faltar à verdade não ofende e traduz adequadamente a descrença ou a ideia de quem ouve.