ARQUETIGRAMAS I Antigamente a noite ardia em círios Desfalecia em flores apodrecidas As virgens ...

Há muitas outras coisas, mas pouco delas se sabe

poesia paraibana alberto lacet
ARQUETIGRAMAS
I Antigamente a noite ardia em círios Desfalecia em flores apodrecidas As virgens carregavam segredos Para a cova Em antiguidade mais recente O ódio, entre pesados tributos Passou a exigir também um incêndio Assim, no instante final da purga Na tarde borrada por insultos Um herege recebe as terríveis Explicações do fogo Em outra, mais antiga Em tempo sem leis de tempo (Quando insuspeitos serão os poemas) Qualquer horizonte é prenúncio da horda, ninguém Homem ou deus Opõe-se a um pântano Não se conhece a morada do deus Cuja boca sopra Ventos e rios Nem mesmo a um poema Cabe parar na forma Grafado na pedra Não há ainda legiões As regulares, os reis obesos As poderosas cidades, não há Com seus deuses imóveis Seus degredos Seu crescente torvelinho Com as diferentes, cada vez mais Diferentes crianças Com a fetidez de origem Seus locais para oxigênio Caro, ou barato Com abismos particulares Erguidos à volta de torres Cimáculos, arcos celebrativos As gárgulas sobre o gentio Essas coisas, não há Há muitas outras coisas Mas pouco delas se sabe (Sabe-se de um rio A vir mergulhando Nas palavras Juntos vão dar alegremente Em mar de confusão e dúvida E sabe-se mais: alguns Se medem com o deserto Touros choram Virgens mortas) II Uma raça de demônios Já então antigos Já então inexatos Andou pelos mares: Ao seu chamado Serpentes emergiram do abismo Potestades não lhes negaram Estrondo e fogo Com incessante látego Ventos fustigam Ilhas e costas Que se enchem de clamor Às devastações, segue Violação e rapina Divindades menores, de granizo Pactuam com Fúrias E as coisas não melhoram Mas sempre que alguma discórdia Se insurge entre os demônios Acontece de uma paz momentânea Descer como luto (Crianças cegas então Vasculham porões silenciosos Procurando suas mães acorrentadas) Um delírio antigo dos homens Voltara-se para as montanhas Os príncipes para as estrelas Escorrera vinho de leões de pedra Mas ocorreu da loba Parir na fonte Sinal para uma revoada De anjos A somente descansar asas Nas ilhas batidas de lepra: Piedosos missionários, irão considerar A razão dos enfermos O valor dos indultos Contagiados Voltarão para morrer na sombra

Extraído de “Explicações do Fogo” (livro de Poesia de Alberto Lacet)

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