O pensamento é uma faculdade singular da mente, capaz de processar informações, formular ideias e conceitos, e conceber soluções para o...

O pensamento

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O pensamento é uma faculdade singular da mente, capaz de processar informações, formular ideias e conceitos, e conceber soluções para os desafios da vida. Para além de um processo cognitivo, o pensamento é também um fenômeno complexo que ultrapassa as fronteiras individuais e se insere no contexto mais amplo do universo ao nosso redor.

O empresário japonês Masaru Emoto conduziu, por conta própria, uma série de experimentos sobre o pensamento e a intenção. Seu método consistiu em submeter amostras de água oriundas de diversas origens geográficas a diferentes emoções e pensamentos para, a seguir, congelar as amostras e nelas observar a formação de cristais. Com base em suas pesquisas, alegou que pensamentos, palavras e emoções influenciam na estrutura dos cristais formados, o que o levou a concluir que sentimentos positivos, como amor e gratidão, resultavam em cristais simétricos e bonitos, enquanto emoções negativas, como ódio e desprezo, produziam cristais distorcidos e desfigurados.

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Ho'oponopono Brasil
Apesar dos experimentos não terem sido considerados cientificamente válidos devido à ausência de protocolos adequados, falta de replicabilidade e de evidências consideradas robustas, o esforço de Masaru Emoto sinaliza para a influência do pensamento sobre a matéria.

Atualmente, uma série de investigações acerca da influência do pensamento sobre o corpo, o ambiente e a realidade imediata, estão em andamento em diversos campos, como no caso dos estudos sobre os efeitos da meditação na saúde física e mental, que tentam compreender como a meditação pode influenciar a pressão arterial, a função cerebral e outros aspectos da saúde.

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UFTM
Alguns estudos investigam de que forma as técnicas de visualização mental podem influenciar na recuperação de lesões físicas, como as relacionadas ao esporte, examinando se esta técnica pode acelerar a reabilitação e melhorar os resultados físicos. Outras pesquisas exploram o efeito da intenção mente-corpo no processo de cura, especialmente em relação a terapias complementares e alternativas, buscando entender se a intenção positiva pode ter um papel na recuperação de doenças ou na melhoria do bem-estar geral dos pacientes.

Pesquisas também estão sendo realizadas para examinar como a música, a arte e outras formas de expressão criativa podem influenciar a saúde física e mental das pessoas, examinando se experiências estéticas positivas podem ter efeitos terapêuticos benéficos.

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Embora a ciência oficial ainda não admita que o pensamento possa moldar diretamente a matéria numa escala perceptível, alguns físicos quânticos já reconhecem que o ato de observação pode afetar o resultado de uma medição em nível subatômico, devido ao colapso da função de onda. Embora isso se aplique a sistemas quânticos extremamente pequenos, sutis e delicados, e não a objetos macroscópicos, como os encontrados no mundo cotidiano, esta é uma importante indicação de que o pensamento afeta as constâncias objetivas da vida humana.

O conhecimento quântico aponta para a existência de conexões não locais entre partículas subatômicas, independentemente da distância que as separa. Isso sugere uma profunda interconexão e interdependência entre todas as coisas no universo, uma visão que ressoa com muitas tradições espirituais e filosóficas. Essa interconexão pode ter implicações para a compreensão da consciência e do pensamento humano como parte integrante da teia cósmica. Na física quântica, as partículas subatômicas são descritas não em termos de estados definidos, mas como expressões de potencialidades e probabilidades. Isso sugere que a realidade não é fixa e determinística, mas sim fluida e indeterminada, com várias possibilidades coexistindo simultaneamente. Essa compreensão pode expandir nossa visão do pensamento humano como um processo criativo e exploratório que pode moldar a realidade de maneiras imprevisíveis.

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Greg Rakozy
Um dos princípios fundamentais da física quântica é a dualidade onda-partícula, que sugere que partículas subatômicas, como elétrons e fótons, podem exibir comportamento tanto de partículas, com características localizadas, quanto de ondas, com características de propagação. Essa dualidade desafia nossa compreensão clássica de objetos materiais, e algumas interpretações sugerem que a consciência ou a observação humana podem influenciar o comportamento das partículas subatômicas. O princípio do "efeito do observador" na física quântica sugere que o ato de observar ou medir uma partícula subatômica pode alterar seu estado ou comportamento. Isso levanta questões sobre o papel da consciência na criação da realidade e sugere que o pensamento humano pode desempenhar um papel ativo na determinação dos resultados de experimentos quânticos.

O físico David Bohm e o pensador indiano Jiddu Krishnamurti, debateram sobre a atividade da mente e a natureza da realidade, explorando a possibilidade de uma mente que observa não apenas influenciar, mas também ser inseparável do mundo observado, sugerindo uma profunda interconexão entre a consciência humana e o cosmos.

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Jiddu Krishnamurti e David Bohm Mark Edwards (Krishnamurti Foundation)
Para Bohm, o pensamento não é apenas um observador passivo da realidade, mas sim um participante ativo em sua criação. Ele sugeriu que a mente pode influenciar a forma como eventos quânticos se manifestam, através do que ele chamou de "efeito holomovimento", onde a consciência e o mundo material estão intrinsecamente ligados. Bohm explorou a ideia de que a mente humana tende a fragmentar a realidade em partes separadas, incluindo o observador e o observado. Essa fragmentação cria uma ilusão de separação e leva a conflitos e problemas tanto na esfera individual quanto na sociedade como um todo. Krishnamurti argumentou que a divisão entre o observador e o observado é uma ilusão criada pela mente humana. Ele sugeriu que, na verdade, não há separação entre a mente que observa e o objeto observado; ambos são uma expressão da mesma consciência universal, enfatizando a importância da atenção plena e da observação sem julgamento como meios de transcender a divisão entre o observador e o observado. Ele propôs que ao observar algo com completa atenção, sem a interferência dos filtros da mente, podemos entrar em contato direto com a realidade tal como ela é, além das distorções do pensamento.

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@scienceandnonduality.com
A evolução na compreensão do processo de funcionamento do pensamento humano permitirá que as pessoas compreendam melhor a si mesmas, suas emoções, comportamentos e padrões de pensamento. Isso leva a um maior autoconhecimento e autoconsciência, contribuindo para a melhoria na tomada de decisões, uma vez que compreender como o pensamento humano opera ajudará a decidir de modo mais embasado e racional, em várias áreas da vida, desde escolhas pessoais até decisões de negócios. Ao entender os processos mentais por trás do pensamento, as pessoas podem se tornar mais eficazes na resolução de problemas. Isso inclui a capacidade de identificar e superar obstáculos mentais que podem estar impedindo o progresso. Compreender como processamos informações e formamos juízos melhorará significativamente a comunicação interpessoal, o que inclui a capacidade de expressar ideias de forma clara e compreensível,
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Ivan Tsaregorodtsev
além de entender melhor o ponto de vista dos outros. Um maior domínio do funcionamento do pensamento humano também estimulará a criatividade e a inovação. Ao entender como as ideias são geradas e combinadas, as pessoas podem desenvolver novas soluções para problemas e criar novos produtos, serviços ou obras de arte.

Decifrar como o pensamento humano é processado contribuirá, cada vez mais, para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como memória, atenção e raciocínio, bem como o aprimoramento de habilidades sociais e emocionais. A neurociência moderna tem revelado bastante sobre os processos neurais subjacentes ao pensamento. Estudos utilizando técnicas avançadas de neuroimagem, como ressonância magnética funcional e eletroencefalografia, mostraram como diferentes regiões do cérebro estão envolvidas em diferentes aspectos do pensamento, incluindo processamento sensorial, memória, tomada de decisão e raciocínio.

Os neurocientistas têm investigado como o cérebro processa e interpreta informações sensoriais do ambiente, influenciando diretamente o pensamento. Estudos mostram como diferentes regiões do cérebro, como o córtex visual e auditivo, estão envolvidas na percepção sensorial e como essa percepção molda nossas cognições e decisões. A neurociência revelou os circuitos neurais subjacentes à formação, armazenamento e recuperação de memórias, mostrando como diferentes
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@frontiersin.org/
tipos de memória, como memória de trabalho e memória episódica, são processados em regiões específicas do cérebro. Estudos neurocientíficos têm investigado os mecanismos cerebrais envolvidos na tomada de decisão e no raciocínio. Descobertas sugerem que áreas como o córtex pré-frontal e o córtex parietal desempenham papéis cruciais na avaliação de opções, ponderação de consequências e execução de planos de ação, contribuindo para processos complexos de pensamento, como resolução de problemas e planejamento futuro. A neurociência também tem explorado como o cérebro se adapta e muda ao longo do tempo em resposta à experiência e ao ambiente. Estudos mostram como a plasticidade cerebral permite o desenvolvimento cognitivo ao longo da vida, influenciando diretamente a capacidade de pensamento e aprendizado em diferentes idades.

Pesquisas e experimentos tentando replicar o raciocínio humano em máquinas, também têm contribuído para uma maior compreensão acerca do funcionamento do pensamento. A inteligência artificial avança nessa pesquisa por meio de sistemas computacionais. Abordagens como redes neurais artificiais, algoritmos genéticos e lógica fuzzy têm sido aplicadas para desenvolver sistemas capazes de aprender, raciocinar e tomar decisões de maneira semelhante ao cérebro humano.

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William James CC0
A filosofia da mente, a seu turno, igualmente investiga questões fundamentais sobre a natureza da mente e do pensamento. Questões como a relação mente-corpo, consciência, livre-arbítrio e qualia, as qualidades subjetivas da experiência, estão no cerne das discussões filosóficas sobre o pensamento humano.

No âmbito da psicologia, William James, um dos principais filósofos e psicólogos americanos do final do século XIX e início do século XX, descreveu o pensamento como uma corrente contínua de reflexões, sentimentos e percepções em constante fluxo, argumentando que a experiência consciente é fluida e dinâmica, e que os pensamentos surgem e desaparecem continuamente em nossa mente, defendendo a prática da introspecção como um meio de investigar os processos mentais. Ele acreditava que os indivíduos poderiam observar e relatar suas próprias experiências internas, incluindo memórias, sensações e emoções, para obter insights sobre a natureza do pensamento. Como um dos fundadores do funcionalismo na psicologia, ele enfatizou a importância de se entender como os pensamentos e comportamentos se adaptam e contribuem para a sobrevivência e o funcionamento do organismo. Estava interessado em como os processos mentais servem a um propósito prático na vida cotidiana, reconhecendo que a consciência humana pode assumir uma variedade de estados, incluindo vigília, sono, sonho e outros estados alterados de consciência induzidos por drogas ou práticas espirituais. Ele explorou as diferenças entre esses estados e seu impacto nos processos de pensamento. Para James, as emoções não são apenas reações a estímulos externos, mas também têm uma influência significativa nos processos de pensamento. Ele explorou a interação complexa entre emoção e pensamento, observando como o estado emocional de uma pessoa pode afetar sua percepção, tomada de decisão e comportamento.

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Carl Jung Ortsmuseum Zollikon
A psicologia junguiana, desenvolvida pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, também oferece uma perspectiva única e profunda sobre a natureza do pensamento humano, integrando elementos da psicologia, mitologia, filosofia e espiritualidade. Na abordagem junguiana, o pensamento é visto como parte de um sistema mais amplo da psique humana, que inclui não apenas a mente consciente, mas também o inconsciente coletivo e os arquétipos. Jung propôs que a psique humana é composta por três camadas: a consciência, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. Enquanto a consciência é a parte da mente de que estamos diretamente conscientes, o inconsciente possui conteúdos que estão fora da nossa percepção imediata. O pensamento pode ser influenciado por tais conteúdos, tanto do inconsciente pessoal, memórias reprimidas e traumas, quanto do inconsciente coletivo, como símbolos e arquétipos universais.

Jung identificou os arquétipos como padrões universais e simbólicos presentes no inconsciente coletivo, que moldam nossas experiências e pensamentos. A imaginação ativa é uma técnica junguiana que envolve explorar conscientemente esses arquétipos por meio da criação de imagens mentais. Isso permite que os indivíduos acessem conteúdos inconscientes e integrem essas energias na consciência, influenciando assim seus processos de pensamento.
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Gauthier Delecroix
Ele descreveu os complexos como padrões de pensamento, emoção e comportamento que surgem em resposta a experiências emocionais intensas e frequentemente relacionadas a eventos traumáticos. Esses complexos podem influenciar significativamente os processos de pensamento consciente e podem ser explorados e integrados por meio da terapia junguiana. A individuação é um conceito central na psicologia junguiana que se refere ao processo de integração e desenvolvimento da totalidade da psique humana. Envolve a reconciliação dos opostos dentro da psique, a aceitação dos aspectos negados ou reprimidos do self e o desenvolvimento de uma identidade mais completa e autêntica. O pensamento desempenha um papel crucial nesse processo, à medida que os indivíduos exploram e integram conscientemente os conteúdos do inconsciente em sua vida consciente.

Por sua vez, Ken Wilber, filósofo norte-americano contemporâneo conhecido por suas contribuições para a psicologia transpessoal e para o desenvolvimento da teoria integral, oferece uma visão abrangente e complexa sobre o pensamento humano, explorando sua natureza multidimensional e seu papel na evolução individual e coletiva, propondo um modelo de desenvolvimento humano baseado na ideia de uma "espiral" de crescimento, que abrange diferentes estágios de desenvolvimento cognitivo, emocional e espiritual. Esses estágios incluem desde níveis mais básicos de pensamento egóico até níveis mais avançados de pensamento integrativo e transpessoal. Ele enfatiza a importância
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Ken Wilber Vishen
de integrar mente e corpo em nossa compreensão do pensamento humano. Ele reconhece que o pensamento não é apenas uma atividade mental abstrata, mas também está enraizado em processos corporais, emocionais e energéticos. Wilber defende uma abordagem holística do pensamento, que reconhece a interconexão entre os diferentes aspectos da experiência humana. Ele argumenta que devemos considerar não apenas o pensamento racional, mas também aspectos emocionais, espirituais e sociais em nossa busca por uma compreensão mais completa do ser humano. Ele também apresenta o conceito de "consciência integral", que envolve a capacidade de integrar diferentes perspectivas, valores e modos de pensamento em um todo coerente e harmonioso. Ele argumenta que a consciência integral é essencial para enfrentar os desafios complexos do mundo moderno e para promover o desenvolvimento pessoal e coletivo.

Wilber aborda o pensamento humano dentro do contexto mais amplo do desenvolvimento espiritual, sugerindo que ele pode ser utilizado como uma ferramenta para transcender os limites do ego e para explorar dimensões mais profundas da realidade espiritual, enxergando-o como um veículo para acessar estados de consciência expandida e transcender a identidade egóica. Ao invés de apenas analisar o conteúdo dos pensamentos, sua abordagem transpessoal busca compreender as qualidades mais profundas e espirituais por trás deles.

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Chetan Menaria
Nessa perspectiva, o pensamento é uma ferramenta poderosa para a autoexploração e transformação pessoal. Através de práticas apropriadas, os indivíduos podem explorar os reinos internos da mente e acessar estados de consciência que transcendem a realidade cotidiana. Trata-se do pensamento considerado não apenas como um processo cognitivo a ser desvendado, mas de um veículo para a exploração da consciência e para o desenvolvimento espiritual.

Ao cultivar um pensamento mais consciente, responsável e compassivo, contribui-se para a construção de um mundo mais equilibrado e harmonioso para todas as formas de vida. Está claro que os nossos pensamentos têm poder criativo e que somos responsáveis pelo que pensamos, pois podem moldar nossa realidade e influenciar as nossas experiências. Nesse sentido é fundamental cultivar pensamentos positivos, amorosos e altruístas. Ao focar em pensamentos elevados e benevolentes, podemos melhorar não apenas nossa própria vida, mas também o mundo ao nosso redor, contribuindo para a construção de um ambiente mais harmonioso e pacífico.

Ao examinar os nossos próprios impulsos, sentimentos e motivações, podemos nos tornar mais conscientes de nós mesmos e, assim, viver uma vida mais útil, significativa, autêntica e relevante.

Quem domina o seu próprio pensamento, rejeitando e cancelando imediatamente quaisquer sugestões de ordem destrutiva e perturbadora, promove, no âmbito da própria mente, um ambiente saudável de esperança, paz, confiança, alegria e pureza, buscando sempre cultivar imagens e sentimentos edificantes que possam nos apoiar em todas as melhores disposições, inclinações e iniciativas.

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  1. Paulo Roberto Rocha1/4/24 22:11

    temática do "Sistema nervoso"... é muito imponderável mesmo!! na explanação do Prof. Emerson Barros de Aguiar!! e merece mais do que uma simples leitura!!
    👀É profunda e complexa!! no campo físico/ciências pregressas/ premissas científicas e muitos eteceteraetal👀
    Merece leitura/ releitura/ divagações científicas/ enfim muitos desdobramentos
    Continuarei lendo e lucubrando ( a meus entendimentos)

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