Eis que chove novamente por todos os cantos e a água sempre refresca a memória quando o junino mês se estende... Já em seus meados dias enfeitados de tantas festas se reveste de tiras de papel e pano, bandeirolas coloridas por terreiros e postes, contraste em dias de céu nublado. Junino de alegrias, de tempos sorrisos, múltiplos encantos com sabores de receitas do milho de vivo verde e gosto a mais no sentimento de enamorados que passeiam na garupa e carrocerias pelas estradas, campinas e fantasias.
Pablo Martinez
Juninos tempos que se renovam, no trio musical de clássicos em notas repetidas como um arrastar de chinelos e um som lamentoso e alegre ao mesmo tempo. No peito, o coração recorda a terna cena de objetos que dialogam com presente e passado, mundo de sentimentos misturados.
Os junhos são meses permanentes, no registro da certidão do vivente, onde anualmente toca a alma, aninha a mente e muda a idade. Se o frio desce pelas paragens, há que se beber com o que se esquente, e se dançar embalado, pelos baiões e xotes. Há que se pensar no balão pendurado na porta da velha casa de desenho sem rebuscamentos, de paredes testemunhas das vidas.
Daniel Fucs
E segue junho de muitas jornadas, rimas e palavras. A cada cordel misterioso, em todo recanto das feiras livres, homens escravizados dos próprios pesos reconhecem a cor e o sorriso dos dias juninos e gritam num intervalo à soltura. É certo que se retire a canga, se abra a janela, escolha-se as espigas de milho e as roupas embelezantes, se enfeite com chapéus de palha e novo vestido, pois a noite que se aproxima e é tempo de festejar a colheita, a chuva, as luzes e as cores.
E vai o mês junino em galope acelerado, ponteado na viola e na vida, ritmado na sanfona, na memória e na sina do nordestino em saudosa revistada. Se veste de junino o ano, e segue...




















