E stava ao lado de meus estimados familiares, frente a frente ao palco, onde iríamos assistir à notável Orquestra Sinfônica de Londres, no R...

Estava ao lado de meus estimados familiares, frente a frente ao palco, onde iríamos assistir à notável Orquestra Sinfônica de Londres, no Royal Festival Hall, à beira do Tâmisa. Todo o teatro em silêncio. Nenhuma poltrona vazia. Até que chega o maestro húngaro Tamas Vasary, acompanhado do jovem pianista, também húngaro, Tamas Erdi, que deveria estar na faixa dos 25 anos. Chuva de palmas! Uma chuva que não iria gripar ninguém.

Depois de apresentar o pianista ao público, o maestro subiu ao tablado para dar início ao concerto. Aí eu notei uma coisa estranha. Notei que o solista tinha os olhos parados, isto é, que ele era um deficiente visual. Como iria ele movimentar suas mãos pelo teclado? Como era possível tocar piano sem os olhos? Agora é lembrar aquela sentença evangélica: tudo é possível àquele que crê.

E teve início a performance sob a batuta serena e elegante do maestro. E eu tive uma certa ansiedade. Será que esse jovem vai mesmo tocar sem os olhos? Pois não é que tocou, leitor? Alaurinda, Germano e Davi, ao meu lado, ficaram maravilhados. Terminado o concerto, caiu uma trovoada de palmas.

O pianista, como disse acima, deu uma grande lição de fé na vida, vencendo uma deficiência física que, em outros, talvez fosse motivo de revolta. Mas, ele soube vencer as limitações da existência, eis a grande virtude do homem. E me lembrei do velho Beethoven, que apesar da surdez, conseguiu ir até o fim da jornada terrena deixando uma obra insuperável, cuja Nona Sinfonia é um hino de fé, de alegria e de muito amor.

Terminado o concerto, o jovem pianista veio várias vezes ao palco, agradecendo os ruidosos aplausos da platéia. Saí do teatro com a alma leve. Eu não tinha ouvido um concerto. Mais do que isto: eu tinha assistido a uma lição de vida!

A h, como é bom viajar… Lá, a gente acorda e sai mais cedo da cama para aproveitar melhor os dias, longe de casa. E o bom é quando a tempera...

Ah, como é bom viajar… Lá, a gente acorda e sai mais cedo da cama para aproveitar melhor os dias, longe de casa. E o bom é quando a temperatura está amena, já que este cronista, como é do conhecimento dos leitores, é muito friorento.

E eis a multidão enchendo as avenidas. Centenas de rostos diferentes, menos os dos orientais. A manhã sempre é um convite para um passeio pela cidade. Lá em cima um bonde passa sobre as nossas cabeças.

Não faltam celulares nos ouvidos, calças jeans nas pernas, cigarros nas bocas e uma pressa para chegar a algum lugar. Ah, como é bom observar melhor as pessoas de outros países, porque o que dá sentido à vida é o homem, pois, como dizia Protágoras, o homem é a medida de todas as coisas.

E vamos pisando o chão das ruas cheias de história, até que chegamos a um dos cais, com uma visão panorâmica extraordinária. Muitos bares, muitas lojas. Eu adoro cidade que se abrem aos nossos olhos, que se desnudam, que mostram logo o que são. Delas a gente avista seus magníficos monumentos arquitetônicos, suas óperas, teatros catedrais, pontes. E, se tiverem rios e lagos, avistamos seus barcos e navios.

Muitos turistas sem saber onde colocar os olhos e o desejo consumista de adquirir novidades da terra. Quantas ofertas aguçando os desejos das pessoas! Repito: quando a manhã é de sol ameno, dá gosto ver muita gente alegre pra lá e pra cá.

E quando avistamos vários grupos de garotos, de ambos os sexos, conduzidos por jovens professoras e com muita disciplina? Ensina-se tudo fora dos livros, ao vivo, inclusive nos parques, galerias e museus. Garotos com seus uniformes azuis, de mãos dadas com os seus colegas e com uma aguçada curiosidade.

Vemos também rapazes, em trajes esportivos, caminhando pela avenida. Ah, como certas cidades europeias são alegres, disciplinadas e bonitas!

Mas belas mesmo são as Óperas, a exemplo da de Sidney, com sua moderníssima arquitetura, que lembra uma flor com suas pétalas se entreabrindo, e da de Paris, clássica e monumental! Germano me informou, com seu conhecimento de arquitetura, que o arquiteto da Ópera de Sidney se inspirou nas conchas marítimas, coisa que não falta nas praias da Austrália e Nova Zelândia. E viva a imaginação dos arquitetos!

E em meio aos jovens e garotos, os idosos se rejuvenescem. Noto que na Europa, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, os mais avançados em idade não ficam mofando em seus apartamentos e casas. Vão às ruas. Sejam a pé ou em suas macias cadeiras de rodas. Por falar em rodas, pois não é que me compraram uma cadeira, em Lisboa, da última vez que lá estivemos. Foi logo no início da viagem e eu me esbaldei pelas ruas de Berlim, Paris e nas cachoeiras da Islândia.

E viva a disposição de vida das pessoas. Sou de ficar namorando de longe tanto com as montanhas como com os teatros e óperas… Lembrar que assistimos à ópera Carmen, em Sidney. Toda a área ao derredor do belo teatro é cheia de turistas. E à noite, os numerosos restaurantes são a maior atração.

Não posso esquecer as praias, como a praia Bondi Beach e a dos Doze Apóstolos. Pena que não vemos coqueiros, como aqui. Ausência que se nota nas praias de lá. E fica a indagação: haverá árvore mais elegante e feminina do que o coqueiro? Ah, os coqueiros das praias de minha terra!...

H oje, Dia do Trabalho, um feriado internacional, como pude constatar nas minhas andanças pelo mundo. É isso, o trabalho dignifica o homem, ...

Hoje, Dia do Trabalho, um feriado internacional, como pude constatar nas minhas andanças pelo mundo. É isso, o trabalho dignifica o homem, já se disse. E ainda mais dignificante é o trabalho voluntário, desinteressado, amador.

O meu amigo Mirabeau Dias, juntamente com a sua Suely, fazem isso de forma admirável. Ele, com o seu espaço cultural, anexo à sua construtora, e ela, no Núcleo Espírita André Luiz, no lá no Bessa, a que se dedica integralmente.

Mirabeau, professor de física de nossa universidade, e Suely, professora de química, formam um perfeito casal, com dois filhos engenheiros civis, Bruno e Túlio. Suely é uma espécie de anjo de guarda, na bonita família. Inspiradora do trabalho do marido e dos filhos, com o seu doce sorriso e a formação religiosa, vai cuidando das coisas espirituais, proferindo palestras, ensinando a Doutrina codificada por Kardec e ajudando muitas pessoas, que lá chegam necessitadas de amor e compreensão, no seu centro espírita.

E Mirabeau não se fixou somente na parte profissional da empresa. Daí ter aberto um espaço para a cultura, a que não faltam um luxuoso auditório, cinema, biblioteca, preciosidades históricas de nossa terra, que ele, com seu bom gosto, andou pesquisando.

Confesso que fiquei entusiasmado com o espaço cultural de nosso empresário, pois até de uma sala de cinema ele cuidou. Você vai andando naquele espaço e vai se esquecendo do prosaísmo da vida, dos negócios do dia-a-dia, e elevando o espírito para outros patamares, que ninguém é de ferro.

E ele não deseja um espaço parado mas, sim, dinâmico. Daí a sua iniciativa de sempre convidar intelectuais de nossa terra para uma série de entrevistas, que estão devidamente filmadas e documentadas

A verdade é que o construtor, ex-professor, excelente pai de família, merece ao lado de sua Suely, nossos mais sinceros aplausos nesse Dia do Trabalho!

D ia do Trabalho! Dia de se pensar nele como atividade que mais impulsiona a nossa evolução. E trabalho implica em tempo, que muita gente an...

Dia do Trabalho! Dia de se pensar nele como atividade que mais impulsiona a nossa evolução. E trabalho implica em tempo, que muita gente anda querendo matar… Portanto, viva o trabalho e viva o tempo. Nada de matá-lo.

Quem mata um ser humano é homicida. E quem mata o tempo? Tempo não é para se matar e sim para se viver. E viver bem. Ai de quem não aproveita o tempo, deixando-o passar, inutilmente!

Houve quem definisse o tempo como se fosse a terra. Se você nada plantou nela, dela nada nascerá. Sem o trabalho, não há plantio. Que responsabilidade a nossa, hein? A terra se torna inútil por sua culpa. Assim é o tempo. Bem-aventurado aquele que aproveita bem os minutos e as horas que passam, silenciosas e imperceptíveis. A gente olha para os ponteiros do relógio e tem a impressão de que eles estão parados. É a invisibilidade do tempo!

Ora, ora, vejam aqui os meus netos, que não vai muito longe, estavam dormindo no ventre materno, num gostoso e silencioso sono! E agora o que vejo? O menino falando grosso, de buço, e passando grande parte do tempo no computador e me perguntando se eu já tenho um blog? Mais ainda: que está prestes a concluir o Bacharelado em Matemática e já pensa no mestrado e doutorado. Puxou ao pai, meu primogênito, que é PHD em Física e pós-doutor em Cosmologia pela Universidade de Londres. E a neta? É outra que passa grande parte do tempo digitando, pergunta se eu já recebi o seu e-mail e qual a minha opinião sobre as recentes sondagens no planeta Marte.

A verdade é que eles não botam o tempo fora. Quando não estão nos livros, estão nos cursos suplementares ou plugados na Internet. E, quando não estão nem nos livros, nem no computador, nem nas aulas, estão nas livrarias da cidade, com os pais. A TV para ambos pouco existe. E eu fico contente em saber que os garotos não deixam o tempo passar em vão. Eles não matam o tempo. Eles vivem o tempo.

Eu tenho muita pena daqueles que deixam o tempo passar em vão. Que não produzem, que não trabalham. E o pior é que a gente não sabe o que vem pela frente. Será que amanhã... ah, a incógnita da vida! Certíssimo o ditado que diz: “Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje”.

Acho que a mais dramática e perturbadora pergunta que nos fazem quando sairmos deste mundo é: o que fizeste do teu tempo?

Admirável é o homem ocupado. Ocupado no bem, no trabalho. Uma ocupação que não seja egoísta, que não o transforme numa máquina, num robô. O danado é que o tempo passa, silencioso, invisível, imperceptível. E é preciso estar atento à sua passagem. Ah, a busca e a dor do tempo perdido, hein, mestre Proust?

Lembre-se que o tempo não deve ser empregado apenas para si. Madre Tereza de Calcutá levou grande parte de seu tempo trabalhando pelos outros, limpando leprosos. Será que usou o tempo em vão?...

E termino a crônica com aquele poema do meu poeta predileto, Manuel Bandeira, intitulado “Andorinha”:

“Andorinha lá fora está dizendo:

“Passei o dia à toa, à toa”.

Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!

Passei a vida à toa, à toa”…

E viva o trabalho!

U m dia desses revi o vídeo de uma viagem nossa, em que meu caçula, Germano, teve a ousadia de pegar uma bicicleta e sair correndo pelas rua...

Um dia desses revi o vídeo de uma viagem nossa, em que meu caçula, Germano, teve a ousadia de pegar uma bicicleta e sair correndo pelas ruas de Paris, como se estivesse nas praias do Litoral Sul, onde gosta muito de pedalar. E lembro muito que pasmei com sua tamanha coragem, quando estivemos, naquela ocasião, na Cidade Luz.

Não cheguei a acompanhá-lo para vê-lo de perto pedalando por toda Paris. Vi depois, no saudoso programa Parada Obrigatória, da RCTV, muito bem em que ele costumava trazer para nós a paisagem, a cultura e o cotidiano das grandes metrópoles. Mas, agora, o que eu estava vendo era o caçula montado numa bicicleta e correndo pelas ruas da bela cidade. Deu-me uma inveja danada. Jamais faria tal façanha.

Acho mesmo que o outro filho, o primogênito, professor pós-doutor em Física de nossa UFPB, também faria isso, pois o que gostava, outrora, era de surfar. Sua grande aventura, abraçando as ondas. Mas, o meu galego desmoralizou Paris. Passou pela Torre Eiffel, que tremeu diante daquela afoiteza, da Notre Dame, que, decerto, fez o sinal da cruz diante da coragem do paraibano multifacetado, que é arquiteto, bacharel em Música, jornalista, escritor e apresentador de programas de viagem.

E ele adora alturas. Daí estar subindo, diariamente, na sua Arquitetura, através dos ousados projetos em belos edifícios pela cidade.

Que inveja Germano me fez naquele passeio pela cidade que mais admiro - Paris. Que bom passear pertinho do Sena, que bom respirar o ar da bela cidade, pedalando! Ainda bem que eu também sei usufruir da tecnologia da mobilidade na minha confortável cadeira de rodas.

Mas, voltando à coragem deste meu caçula, a verdade é que ele faz o medo ter medo dele. Mas é capaz de chorar quando alguém maltrata uma maria-farinha, lá na praia onde vai se encontrar com a Natureza e sonha com um mundo melhor.

C om a idade, parece que a gente aviva a memória, ao contrário do que dizem por aí. Pelo menos a minha se recorda de muita coisa, e, vez por...

Com a idade, parece que a gente aviva a memória, ao contrário do que dizem por aí. Pelo menos a minha se recorda de muita coisa, e, vez por outra, as lembranças vêm chegando. Sobretudo as mais antigas.

Um dia desse, andei me lembrando de um grande paraibano que já saiu deste mundo, mas não saiu de minha saudade. Vi-o naquela elegância, naquela maneira de quem está em paz consigo mesmo e com os outros. Militar apenas na farda. Impossível imaginá-lo armado de um fuzil. Ao invés de uma arma, o que imaginamos ver nele é um violino, de que era expert.

Mas já é tempo de revelar-lhe o nome. Refiro-me ao capitão Joaquim Pereira, cujo centenário de nascimento foi muito bem comemorado, no ano passado, contando ainda com uma justa cobertura deste matutino, que acaba de festejar com nova roupagem editorial os seus 118 anos de existência, numa bela festa de confraternização.

Voltemos ao maestro, que regeu por muito tempo a Banda de Música do 15º R.I. Foi, sobretudo, músico. Inclui-se entre os que fundaram a nossa Orquestra Sinfônica que, vez por outra, está dando lições de musica erudita ao nosso povo.

Agora entra o compositor. Joaquim Pereira compôs o mais belo dobrado que já ouvi na minha vida. Sertanejo, o maestro intitulou aquela partitura de “Flagelados”, em homenagem aos que fugiram da seca que assolava o nosso sertão.

Difícil, quase impossível, ouvir o dobrado “Flagelados” e ficar indiferente. Trata-se de uma música que mexe com os nossos nervos, com o nosso patriotismo. E solto agora mesmo um viva às bandas de música, que tanto alegram o povo, não é Chico Buarque de Holanda? Sua música, “A Banda”, fez tanto sucesso na voz de Nara Leão. Que o nosso novo secretário de cultura promova um concurso, ou um festival com a participação de todas as bandas de música do estado.

E ainda sobre Joaquim Pereira, ele compôs duas músicas para a nossa Orquestra Sinfônica: “Romance sem palavras” e “Prece sonora”, cujo nome foi sugestão minha, com muito orgulho.

Agora um pedido do cronista: que essas duas composições de Joaquim Pereira figurem num dos concertos de nossa Sinfônica viu amigo maestro Durier?. O pedido tem o aval de Pedro Marinho, que foi amigo do maestro e que também é músico.

E que tal o concerto ser iniciado com o dobrado “Flagelados”? Seria essa mais uma homenagem ao grande maestro.

Fica, aqui, a sugestão, que, decerto, contará com o apoio dos músicos de nossa Sinfônica. Só digo uma coisa: a platéia vai vibrar com a execução das peças a que me referi.

Já fazem mais de 100 anos do nascimento de Joaquim Pereira, que também era exímio violinista. Pena que eu não tenha participado das homenagens do seu centenário, em 2011, por me encontrar ausente da terra, por conta dessa mania de bater perna, e, agora rodas, por este mundão afora.

Mas, fico por aqui, relembrando a “Prece sonora”! Difícil ouvi-la sem chorar.

E sperar é confiar no futuro e o futuro é muito incerto. Quem confia no presente, não espera, age. Nada, portanto, de um esperar vazio. Quan...

Esperar é confiar no futuro e o futuro é muito incerto. Quem confia no presente, não espera, age. Nada, portanto, de um esperar vazio. Quando você espera, você pára. Não fique aguardando que as coisas aconteçam. Diz o ditado que quem espera sempre alcança. Depende. Há a espera passiva e a espera dinâmica. Horrível aguardar de braços cruzados. Vá à luta!

Aprenda com a Natureza. Ela nos ensina que tudo evolui, que tudo caminha para frente, que nada estaciona, nem involui. Veja o mar. As ondas nunca param. E quando se desmancham, se transformando em espumas, e outra onda surge por trás dela. A vida é isso: nada fica esperando, nada fica de braços cruzados. Até o bebê que entra no ventre materno, um dia, deve sair. Tudo muda, tudo se transforma, tudo evolui. Os rios todos os dias misturam suas águas doces com as águas salgadas do mar. E depois saem como entraram. Eis uma imagem da vida.

E que dizer desta semente que, um dia, se transformará numa frondosa árvore. Uma castanhola ou uma gameleira por exemplo. No entanto, nada de esperar com a semente na mão. Joga-a na terra, que ela, graças ao sol e ao adubo, vai trabalhar sozinha até se transformar numa grande árvore. Trabalhar sozinha, veja bem. Nada de esperar pelos outros. Basta dar-lhe água, luz e húmus, e o resto ela fará.

Assim é o homem. Nada, portanto, de braços cruzados, nada de esperar, passivamente. Ocupe sempre o seu tempo. O tempo é como o solo, disse um pensador espiritualista. Se você nada planta nele, nada colherá. Essa, a lei da vida. O tempo está passando e você esperando, de braços cruzados. Nada de aproveitá-lo. Inculto, não cultivado, o solo não produz. E chegará, um dia, em que você será intimado a prestar conta à sua consciência do tempo que ficou vazio. Lembre-se que você é livre em semear, mas obrigado a colher. É a grande advertência da vida. Somos livres, sim, mas inteiramente responsáveis. Dir-se-ia que a responsabilidade é o freio da liberdade.

Portanto, não espere em vão. Aja. Tudo passa tão rápido. Não pare, porque nada está parado. Veja o seu corpo, essa admirável e silenciosa oficina. Aí ninguém descansa. O coração pulsa a todo instante, os pulmões a mesma coisa. Até dormindo, os pulmões e o coração trabalham. O sangue também não cessa o seu trabalho de circular alimentando as células.

Lembre-se, repito, existem a espera passiva e a espera dinâmica. Nada de braços cruzados diante do tempo que pede serviço.

Afinal o que vamos colher se nada plantamos nele?
E sabe qual é o maior prêmio da boa plantação no solo do tempo? A consciência tranquila.

E o inverno chegou. Confesso que sou homem do calor, embora goste de um friozinho ameno e da chuva que inspirou Chopin a compor o “Prelúdio...


E o inverno chegou. Confesso que sou homem do calor, embora goste de um friozinho ameno e da chuva que inspirou Chopin a compor o “Prelúdio da gota d'água”. Chuva com um friozinho nos leva às reflexões. O calor tem isso de negativo: estimula a poluição sonora.

Mas, não gosto de lugares muito frios, gelados, onde as pessoas parecem fantasmas, com seus agasalhos, mostrando apenas o rosto.. E pensar que eu já fui bater em Moscou, São Peterburgo, Bariloche, Chamonix, Quebec, Estocolmo… Mas, fazer o quê? O turismo em família tem que ser democrático.

Que me desculpe a minha terra friorenta, onde eu abri os olhos para o mundo, numa época em que não tinha a cachaça como referência turística, mas apenas a doce e inofensiva rapadura.

Daqui donde estou, vejo o sol iluminando a paisagem e o vento varrendo as nuvens. E viva a luz. E viva o sorriso do Sol. O sorriso é luz no rosto. Rosto sem sorriso dá pena. O inverno é necessário, mas eu sou mais do verão.

Agora me veio à imaginação minha querida Paris na primavera com suas flores. Paris no inverno é triste. Foi como a conheci, na minha primeira viagem à Europa, em pleno inverno. Não, não quero mais ver a Cidade Luz no inverno. Quero-a com os pássaros cantando, os plátanos cobertos de folhas e um sol ameno enxugando a tristeza que o inverno deixou.

Londres no inverno é de uma frieza que dói, com a sua roda-gigante sem ninguém e o Tamisa virando gelo. Londres no inverno é fantasmagórica, infunde até medo.

Dizem que o inferno é lugar de muito calor. E como inverno rima com inferno, eu acho que ao invés de brasa o que existe lá é muito gelo.

Vou terminando a crônica com o sol sorrindo para mim, ali pela fresta da janela. Sol rindo. Que beleza! E a minha Alagoa Nova, que abriu meus olhos para o mundo, agora é símbolo de aguardente. Não, não a quero esquentando seu frio com cachaça. Que pena!...

C ompreender! Eis uma das coisas mais belas e também das mais difíceis da vida. Onde houver compreensão, haverá paz, concórdia, entendimento...

Compreender! Eis uma das coisas mais belas e também das mais difíceis da vida. Onde houver compreensão, haverá paz, concórdia, entendimento, felicidade. Mas, a compreensão exige maturidade, experiência, sabedoria, conhecimento das causas, só isto. Quando você conhece as causas, entende as situações, sua atitude é outra.

Ninguém compreendeu mais do que Jesus, que mesmo na cruz, cravejado nos pés e na cabeça, o suor e o sangue correndo juntos, a coroa de espinho ensanguentando o seu rosto, assim mesmo perdoou, dizendo: “Pai, perdoa-os porque eles não sabem o que fazem”. É que o povo nem sempre sabe o que faz. Nem mesmo as ditas maiorias...

Muita desgraça acontece neste mundo redondo devido à incompreensão. Incompreensão na família, na rua, na escola, no trabalho, na religião. Não esqueçamos que cada um tem a sua singularidade, a sua maneira de ser e de agir. E a vida é interessante devido às diferenças. Não queiramos que o outro seja como nós. A beleza está nos contrastes. Fora disso, tudo cai na monotonia. É pela compreensão que aceitamos as diversidades. Amar é compreender e aceitar e respeitar todas as diversidades.

O velho sábio e inesquecível Sócrates casou-se com uma mulher ignorante, muito aquém de sua elevada filosofia, mas que cozinhava a sua comida, varria a casa, ia ao mercado, embora não conhecesse patavina do que o marido pregava na praça pública. Xantipa, a mulher, não compreendeu Sócrates, mas este a compreendeu, graças à sua cultura, à sua sabedoria.

E a compreensão também é um exercício de altruísmo. O egoísmo é a maior causa das desafinações existenciais. É um câncer comendo as células, destruindo a vida.

Viva a compreensão, o amor, a compaixão. Lembrando de que sabedoria gera compreensão, compreensão gera humor, e o humor é combustível para a paz.

E stava eu numa livraria, quando a moça entrou, por sinal elegantíssima e muito bonita de rosto. Não vinha acompanhada. Chegou só, sentada n...

Estava eu numa livraria, quando a moça entrou, por sinal elegantíssima e muito bonita de rosto. Não vinha acompanhada. Chegou só, sentada na sua cadeira de rodas, que ela ia movendo com as mãos, numa tranquilidade que me emocionou. Muito bem vestida, parecia que tinha vindo de uma festa. Seria paralítica? Estaria utilizando aquele transporte apenas por algum tempo?

Só depois percebi que a moça tinha as pernas atrofiadas. Não estava naquele transporte por algum tempo, mas por toda a sua vida.

O que mais me impressionou era a sua serenidade, os olhos fixos nos livros e uma contagiante paz no rosto. Mostrava-se interessada por tudo. Percebi que ela se sentia feliz, esquecida da cadeira de rodas, esquecida das pernas, que não a moviam mais. Ora, ora, mas o importante é que ela estava viva e tinha olhos para ler. E não haverá melhor companhia do que a dos livros...

A jovem paralítica talvez se sentisse mais feliz do que muitas pessoas de pernas sadias, que, certamente, não sabem ou não gostam de ler. Nem de ler, nem de ouvir boa música.

Vi-a quando saiu da livraria, na sua serenidade e na sua elegância, sublinhada de notória dignidade. Que lição ela dava, naquele momento, às pessoas. A lição de saber transcender as limitações, de superar o sofrimento, de vencer os obstáculos da existência, com muita fé na vida.

Agora é acrescentar mais uma bem-aventurança ao Sermão da Montanha: bem-aventurados os fortes, os que não desanimam diante dos obstáculos, das vicissitudes, e que nunca perdem a fé na vida.

A moça estava sozinha, ninguém a acompanhava. ia dirigindo a sua cadeira de rodas, com a nobreza de quem não se deixa abater pelos revezes da existência. Vai ver que até teria vindo dirigindo o seu próprio carro que a aguardava no estacionamento.
Minha conclusão de tudo o que vi é que precisamos superar nossas deficiências e limitações.

E m uma das belas narrativas do Evangelho, uma mulher, tida como pecadora, achou de entrar na casa de um fariseu importante, onde Jesus se e...

Em uma das belas narrativas do Evangelho, uma mulher, tida como pecadora, achou de entrar na casa de um fariseu importante, onde Jesus se encontrava. Ao ver o mestre, não se conteve: correu até ele e derramou na Sua cabeça um vaso cheio de perfume caríssimo. Em seguida – aí é que está a poesia daquele gesto de ternura feminina – a mulher enxugou os pés de Jesus com os seus longos cabelos.

Que escândalo! Que atrevimento! Que falta de respeito! Assim pensaram muitos. E depois o perfume era de alto preço. Como foi que essa mulher, que não era rica, conseguiu tão rara essência? O fato chocou muita gente a começar pelo próprio dono da casa, o fariseu Simão. E qual foi a reação do Mestre? Será que ele não repeliu tamanha insolência? E logo ela, que era uma mulher pecadora... Quase todos os convivas estavam indignados com aquela intrusa.

O perfume, porém, se irradiou por toda a casa. E quem resiste a um bom perfume? Como se sabe, o perfume vem das flores, e é atraído por ele que as borboletas, os beija-flores e os besouros transitam pelos jardins. O perfume é uma linguagem. Mais do que uma linguagem. É uma mensagem. Deus perfumou os frutos, as flores, as árvores para embelezar a vida. O perfume identifica as pessoas.

Jesus comoveu-se diante daquele gesto de amor. E esse gesto se tornou ainda mais sublime porque veio de uma mulher rejeitada, discriminada e humilhada. Ela não era rica, não pertencia à elite. Mas o seu coração, assim como o vaso de alabastro, continha um perfume bastante raro: o perfume do amor. O amor, como o perfume, não se vê. O amor se sente. E Jesus, que tudo ouvia em silêncio, argumentou: "Por que molestai esta mulher? Ela apenas praticou uma boa ação".

Mas, os egoístas, os maliciosos, os invejosos não compreendem certos gestos de amor. São incapazes de sentir o perfume do amor.

O que seria do lazer dos que estão em cima, sem o trabalho dos que estão em baixo? Eis aí uma grande verdade. Daí dizer o grande Einstein q...



O que seria do lazer dos que estão em cima, sem o trabalho dos que estão em baixo? Eis aí uma grande verdade. Daí dizer o grande Einstein que a pessoa mais importante de sua vida era a cozinheira. Acrescentava ele: é graças a ela que me chega o alimento que me sustenta. Eis aí um exemplo de humildade, que é talvez a virtude mais difícil de se exercer.

Já muito antes, Sócrates, o maior sábio de todos os tempos, dizia o que “o que sei é de que nada sei". Nada, portanto, de empáfia, de orgulho, de achar que sabe tudo, que é maior e melhor do que os outros.

O “sermão da montanha”, o primeiro proferido por Jesus, dedica uma de suas bem-aventuranças aos "pobres de espírito", que significa humildes. Espírito aí tem uma conotação de orgulho. E qual o prêmio prometido aos humildes? O reino dos céus. Haverá prêmio maior?

Ainda a propósito de Jesus, certa vez, ele caminhava com os apóstolos quando, em dado momento, viu e ouviu dois deles em acesa discussão. O fato intrigou o Mestre que mais adiante indagou do motivo daquela discussão. Envergonhados eles disseram que ambos queriam saber quem seria o maior no Reino dos Céus. Foi então quando Jesus deu a grande lição de que no paraíso o menor é o maior.

Os orgulhosos são ridículos. Orgulham-se de coisas que passam, de coisas transitórias. Daí advertir a sabedoria do Eclesiastes: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade".

A gente se orgulha de muita coisa. Do conhecimento que tem, do dinheiro que ganhou, dos bens que adquiriu, do poder que detém, dos títulos que possui e esquece que saímos do mundo do mesmo modo como chegamos: sem nada...

Na antiga Grécia, houve um filósofo muito humilde, que morava num tonel. Andava, ao meio dia em ponto, sob um sol de rachar, à procura de um homem honesto. Apesar de ser um homem humilde, Diógenes era muito admirado pelo todo poderoso e orgulhoso Alexandre. Pois bem, certa vez, depois de chegar de uma vitoriosa batalha, o guerreiro achou de visitar Diógenes em seu tonel. Ao chegar, encontrou o filósofo em profunda meditação à porta da humilde “casa”. Conversa vai, conversa vem, o guerreiro perguntou ao amigo o que é que ele queria, pois estava pronto para ajudá-lo. Sorrindo, o filósofo apenas pediu ao imperador que saísse da porta, pois seu corpanzil estava lhe tirando aquilo que ele não podia dar: o sol.

Muita gente confunde humildade com subserviência, com fraqueza. Engana-se. Fortes são os humildes. Vejam a árvore. Quem a sustenta? As flores, os frutos, as folhas? Não. Quem as sustentam são as raízes, que não aparecem, que estão escondidas... Daí eu dizer: que seria dos de cima se não fossem os de baixo?

Quando a gente viaja por este mundo afora é que vê como precisa dos humildes, desde a faxineira dos aeroportos à camareira dos hotéis, do motorista de táxi aos garçons, dos tripulantes da aeronave aos guardas de trânsito. Lembrar que, quando morremos, nossos esqueletos são iguais. Todas “sorrindo”, pois nunca vi uma caveira carrancuda.

E para terminar, vejamos esta magnífica definição do sábio Emmanuel, guia do humilde Chico Xavier: “Humildade é o reconhecimento de nossa pequenez diante do Universo".


N ão sei porque andei me lembrando do livreiro Bartolomeu e de sua livraria… A memória tem dessas coisas. Às vezes, de repente, ou através d...

Não sei porque andei me lembrando do livreiro Bartolomeu e de sua livraria… A memória tem dessas coisas. Às vezes, de repente, ou através do sonho, chegam-nos as lembranças. Boas ou más. Fiquemos com as boas.

Bartolomeu ficou um tempo doente, em sua casa na Avenida Tabajaras. E eu nunca me perdoei por não ter ido fazer uma visita ao gordo, que levou a vida vendendo livros e fazendo amigos. O tempo foi passando, e não fiz a visita desejada. Logo depois, me chegou a notícia de que ele saíra deste mundo, o que me sensibilizou bastante. Senti o gosto amargo de uma saudade misturada ao remorso de não ter ido vê-lo.

Bartolomeu foi um grande amigo, aqui neste mundo. Um homem simples, humilde, que, apesar de não ser culto, sabia cultuar a literatura. Sua livraria, a princípio, situada na rua Duque de Caxias, terminou desaguando na avenida Tabajaras. Fui várias vezes visitá-lo. Sozinho, uma ilha de bondade cercada de livros por todos os lados. E como sabia do meu gosto literário! Pena que não quisesse vender o livro que me interessava. “Leve este, é um presente!"... Sempre com um sorriso nos lábios. Sempre de bom humor. Sempre feliz na sua vida modesta de vendedor de livros, que nunca pensou em se aposentar. Que nunca se acostumou com a inatividade.

Bartolomeu de Oliveira. Este o seu nome de registro. Mas, para mim ele era “Bartola”. Um amigo de verdade, que nunca soube guardar ressentimentos, nem ódio, nem vaidade.

Fecho os olhos e parece que estou vendo nosso “Bartola” na livraria, vez por outra, com o espanador na mão, tirando a poeira dos livros. E quando eu chegava na sua oficina de trabalho, lá vinha ele com uma novidade. Sabia do meu gosto literário. Lia minhas crônicas. Estava sempre em dia com os acontecimentos. Fazia sua crítica com muito bom humor.

E fico pensando: será que o meu querido Bartolomeu deixou inimigos? Evidente que não. Impossível não gostar dele. E para os muitos amigos que, decerto, deixou, deve ser uma boa lembrança, como a que tenho dele.

Agora vai esta confissão: o nosso livreiro deu muitos livros aos alunos que não podiam comprá-los. E teve um casamento feliz com Carmelita, que muito o incentivou na vida.

Fui à Igreja do Carmo, onde se realizava a missa em louvor de sua alma, que, e saí de lá certo de que ele estaria num excelente lugar e com a consciência em paz.

Agora, abram o Evangelho e leiam o Sermão da Montanha, onde se diz: “bem-aventurados os humildes por que deles é o Reino dos Céus”, o reino da paz interior.

Pois é, andei desejando que a partida de meu amigo Bartolomeu não passasse de um sonho, de um pesadelo e ir à sua livraria, lá na Avenida Tabajaras, encontrá-lo sorrindo e me dizendo: “que fim você levou, rapaz? Já estava com saudades...”

Não, meu querido Bartola, quem está com muita saudade de você, agora, sou eu. Uma saudade de doer.

P or conta da importância do precioso elemento - a água – que é o assunto de um importante Fórum Mundial iniciado ontem, na capital do país,...

Por conta da importância do precioso elemento - a água – que é o assunto de um importante Fórum Mundial iniciado ontem, na capital do país, vamos falar sobre esse essencial ingrediente, indispensável à nossa vida e saúde.

Os antigos exaltavam quatro coisas: terra, ar, fogo e água. Todos importantes e imprescindíveis em nossa vida. Mas, de logo, informo que, dos quatro, o que mais nos ensina é a água. E como eu gosto dela! Isto sem nenhum menosprezo aos outros.

A terra é o nosso grande manancial. Eu diria que a terra simboliza a mulher, que recebe a semente do homem e em troca dá a vida. A semente sem a terra é morta. Graças à terra é que chega à nossa boca o alimento nosso de cada dia.

E o ar, que, agitado, produz o vento? O vento que ajuda na germinação das plantas, que alegra a paisagem, que limpa e renova o ar, que faz as árvores dançarem, que semeia o pólen, e, quando revoltado, se transforma num furacão?

Chegou a vez de falar do fogo. Quanta violência! Pois, não fosse ele, que seriam das fogueiras armadas pela Inquisição, na Idade Média, quando muitos "hereges", inclusive a hoje santa Joana D'Arc, foram queimados em praça pública? O fogo também pode simbolizar paixão, assim como o ódio. Mas, na luta contra o fogo, a água sai ganhando, pois, entre o ódio e o amor, quem sempre termina vencendo é o amor.

Portanto, viva a água, que forma mares, chuva, rios e lagos, e, não demora muito, vira vapor. Do ventre das nuvens, ela desce até nós em forma de chuva para ajudar a terra a produzir e trazer à nossa mesa o pão nosso de cada dia.

Os antigos tinham razão. Esses quatro elementos são verdadeiros símbolos. Todos necessários à vida. Mas, de todos, repito, o que mais me ensina é água, pela sua inconstância, pela sua constante transformação, enaltecida por Heráclito, quando disse: "Não se toma banho duas vezes no mesmo rio"...

O castigo de quem não ama, ou nunca amou, é a solidão. Os que amam estão sempre acompanhados de amigos. Por conseguinte, cumprem o mandamen...

O castigo de quem não ama, ou nunca amou, é a solidão. Os que amam estão sempre acompanhados de amigos. Por conseguinte, cumprem o mandamento do “amai-vos uns aos outros. ”Difícil, não? Dificílimo. E Jesus disse que se identificariam os seus discípulos por muito se amarem. Esta a grande carteira de identidade do verdadeiro cristão.

Mas, desde quando o homem ama o seu irmão? Não, pelo amor de Deus, não olhe a nossa história, que provou que “o homem é o lobo do homem”, como disse Hobbes, um grande pensador. Já Sartre afirmava que “os outros são o inferno”. E o torturado Augusto dos Anjos afirmava que “o homem que vive entre feras, sente necessidade de ser fera”.

Mas, muita gente poderá monologar: como é possível amar ao próximo como a si mesmo? Para cumprir tão dificílima lição é preciso, antes de amar, compreender. O próximo é um enigma. É preciso decifrá-lo.

O escritor católico Gustavo Corção escreveu um belo livro intitulado “A descoberta do outro”. Muita gente ainda não descobriu o outro, esquecido de que ele é a nossa ponte para Deus. E qual foi a grande recomendação de Jesus? “Reconcilia-te com o teu adversário enquanto estás a caminho com ele”. Bote isso na cabeça se queres ser um verdadeiro cristão. Nada de vingança, de ressentimento, nem de indiferença diante do semelhante.

O importante mesmo é compreender o outro. Da compreensão surge a compaixão, que nada mais é do que se colocar no lugar do próximo, sem jamais julgá-lo. Dirá você: é tão difícil isso, senão impossível... Concordo. Mas, não se esqueça que para Jesus só seremos seus discípulos se amarmos uns aos outros. E lembrar que há muitos que conseguiram aprender essa difícil lição...

A lição é difícil, mas, lembremos, enfatizando o que dissemos acima, que são muitos os que já conseguiram aprendê-lo e praticá-lo, não esquecendo que o castigo do egoísta é a solidão.

S im, cada vez melhor, mais bonita, mais bem diagramada está a nossa A União, um dos patrimônios mais significativos da Paraíba. E o tradici...

Sim, cada vez melhor, mais bonita, mais bem diagramada está a nossa A União, um dos patrimônios mais significativos da Paraíba. E o tradicional matutino já está aí com seus 125 anos de vida a serviço da cultura da Paraíba, sendo um dos jornais mais antigos do nosso país!

A União está tão dentro da Paraíba e de sua gente, que ninguém conseguiu ainda extingui-la. Entra governo, sai governo e ela se mantém cada vez mais viva, sempre acompanhando o progresso, gritando através de seus editoriais temas cada vez mais atuais. E foi no governo de Ricardo Coutinho que ela teve menos cara de governo. Aliás, o nosso jovem gestor nunca gostou de colocar seu nome nas obras do Estado. Prefere usar o slogan “Mais uma obra do Governo da Paraíba”, seguido do lema “Viva o trabalho”.

Lembrar que houve um dia em que A União foi obrigada a se transformar num prosaico boletim de informações, chamado Diário Oficial. Foi justamente na ditadura, que o respeitável matutino teve de calar a boca, e quem governava o nosso estado era o respeitável e íntegro desembargador Severino Montenegro.

Extinta a Ditadura, A União, como um sol raiando depois de um longo inverno, voltou a exercer o seu verdadeiro papel de universidade de nossas letras, ensinando jornalismo às novas gerações, e cuja palavra tinha sabor de sentença, a exemplo do velho Times de Londres: “A União disse, acabou-se!”.

E lá se vão 125 anos de vida. Que respeito ela impunha, e ainda impõe. Quando um governador era eleito, a primeira indagação era: “quem será o seu diretor?” E de Carlos D. Fernandes até hoje o diretor do jornal é uma excelência muito respeitada. E para confirmar a excelência do trabalho e competência da mulher, eis que o centenário jornal termina sendo dirigido, e muito bem dirigido, por uma mulher, a aguerrida jornalista Albiege Fernandes, que teve a iniciativa de digitalizar todo o seu arquivo histórico, hoje inteiramente disponível na Internet para o mundo inteiro ver.

Lembro muito de sua sede histórica, lá na praça João Pessoa, altas horas da noite, o prédio todo aceso, que mais lembrava lembrava um navio. E tudo no silêncio em que as linotipos iam costurando a matéria para seus inúmeros leitores. Revisores, tradutores de telegramas, redatores, repórteres dentro da grande sala, que lembrava uma oficina. E o diretor, no seu gabinete, ocupado na redação do editorial, peça importante, que trazia o pensamento do jornal.

Entrei nela como se entrasse numa universidade. E comecei a trabalhar na cozinha, isto é, na sala de revisores, trabalho que ia madrugada afora, e, à meia noite, vinha aquele café gostoso, aquele pão com manteiga, que beleza!

Que este matutino continue na sua missão. Que nenhum governador se meta a extingui-lo. Que sempre se homenageiem os grandes personagens que transitaram pelos caminhos do jornal, a começar pelo seu grande diretor, o culto Carlos D. Fernandes, grande estimulador das novas gerações, inclusive o poeta Eudes Barros... E Antônio Menino, o chefe de portaria, grande figura humana e possuidor de profundo sentimento de responsabilidade? E o inesquecível cronista e teatrólogo Silvino Lopes? E João Lélis, na direção do jornal, escrevendo belos editoriais... E que dizer da cronista Germana Vidal, com suas crônicas cheias de humor e sabedoria?… Ah, quanta coisa para dizer desta A União...