C om a idade, parece que a gente aviva a memória, ao contrário do que dizem por aí. Pelo menos a minha se recorda de muita coisa, e, vez por...

Recordando o que é bom

Com a idade, parece que a gente aviva a memória, ao contrário do que dizem por aí. Pelo menos a minha se recorda de muita coisa, e, vez por outra, as lembranças vêm chegando. Sobretudo as mais antigas.

Um dia desse, andei me lembrando de um grande paraibano que já saiu deste mundo, mas não saiu de minha saudade. Vi-o naquela elegância, naquela maneira de quem está em paz consigo mesmo e com os outros. Militar apenas na farda. Impossível imaginá-lo armado de um fuzil. Ao invés de uma arma, o que imaginamos ver nele é um violino, de que era expert.

Mas já é tempo de revelar-lhe o nome. Refiro-me ao capitão Joaquim Pereira, cujo centenário de nascimento foi muito bem comemorado, no ano passado, contando ainda com uma justa cobertura deste matutino, que acaba de festejar com nova roupagem editorial os seus 118 anos de existência, numa bela festa de confraternização.

Voltemos ao maestro, que regeu por muito tempo a Banda de Música do 15º R.I. Foi, sobretudo, músico. Inclui-se entre os que fundaram a nossa Orquestra Sinfônica que, vez por outra, está dando lições de musica erudita ao nosso povo.

Agora entra o compositor. Joaquim Pereira compôs o mais belo dobrado que já ouvi na minha vida. Sertanejo, o maestro intitulou aquela partitura de “Flagelados”, em homenagem aos que fugiram da seca que assolava o nosso sertão.

Difícil, quase impossível, ouvir o dobrado “Flagelados” e ficar indiferente. Trata-se de uma música que mexe com os nossos nervos, com o nosso patriotismo. E solto agora mesmo um viva às bandas de música, que tanto alegram o povo, não é Chico Buarque de Holanda? Sua música, “A Banda”, fez tanto sucesso na voz de Nara Leão. Que o nosso novo secretário de cultura promova um concurso, ou um festival com a participação de todas as bandas de música do estado.

E ainda sobre Joaquim Pereira, ele compôs duas músicas para a nossa Orquestra Sinfônica: “Romance sem palavras” e “Prece sonora”, cujo nome foi sugestão minha, com muito orgulho.

Agora um pedido do cronista: que essas duas composições de Joaquim Pereira figurem num dos concertos de nossa Sinfônica viu amigo maestro Durier?. O pedido tem o aval de Pedro Marinho, que foi amigo do maestro e que também é músico.

E que tal o concerto ser iniciado com o dobrado “Flagelados”? Seria essa mais uma homenagem ao grande maestro.

Fica, aqui, a sugestão, que, decerto, contará com o apoio dos músicos de nossa Sinfônica. Só digo uma coisa: a platéia vai vibrar com a execução das peças a que me referi.

Já fazem mais de 100 anos do nascimento de Joaquim Pereira, que também era exímio violinista. Pena que eu não tenha participado das homenagens do seu centenário, em 2011, por me encontrar ausente da terra, por conta dessa mania de bater perna, e, agora rodas, por este mundão afora.

Mas, fico por aqui, relembrando a “Prece sonora”! Difícil ouvi-la sem chorar.

COMENTE, VIA FACEBOOK
COMENTE, VIA GOOGLE

leia também