E o inverno chegou. Confesso que sou homem do calor, embora goste de um friozinho ameno e da chuva que inspirou Chopin a compor o “Prelúdio...

Inverno e cachaça


E o inverno chegou. Confesso que sou homem do calor, embora goste de um friozinho ameno e da chuva que inspirou Chopin a compor o “Prelúdio da gota d'água”. Chuva com um friozinho nos leva às reflexões. O calor tem isso de negativo: estimula a poluição sonora.

Mas, não gosto de lugares muito frios, gelados, onde as pessoas parecem fantasmas, com seus agasalhos, mostrando apenas o rosto.. E pensar que eu já fui bater em Moscou, São Peterburgo, Bariloche, Chamonix, Quebec, Estocolmo… Mas, fazer o quê? O turismo em família tem que ser democrático.

Que me desculpe a minha terra friorenta, onde eu abri os olhos para o mundo, numa época em que não tinha a cachaça como referência turística, mas apenas a doce e inofensiva rapadura.

Daqui donde estou, vejo o sol iluminando a paisagem e o vento varrendo as nuvens. E viva a luz. E viva o sorriso do Sol. O sorriso é luz no rosto. Rosto sem sorriso dá pena. O inverno é necessário, mas eu sou mais do verão.

Agora me veio à imaginação minha querida Paris na primavera com suas flores. Paris no inverno é triste. Foi como a conheci, na minha primeira viagem à Europa, em pleno inverno. Não, não quero mais ver a Cidade Luz no inverno. Quero-a com os pássaros cantando, os plátanos cobertos de folhas e um sol ameno enxugando a tristeza que o inverno deixou.

Londres no inverno é de uma frieza que dói, com a sua roda-gigante sem ninguém e o Tamisa virando gelo. Londres no inverno é fantasmagórica, infunde até medo.

Dizem que o inferno é lugar de muito calor. E como inverno rima com inferno, eu acho que ao invés de brasa o que existe lá é muito gelo.

Vou terminando a crônica com o sol sorrindo para mim, ali pela fresta da janela. Sol rindo. Que beleza! E a minha Alagoa Nova, que abriu meus olhos para o mundo, agora é símbolo de aguardente. Não, não a quero esquentando seu frio com cachaça. Que pena!...

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