A  primeira vez que a vi, fiquei encantado com o seu desembaraço no falar e, sobretudo, com a sua inteligência e desenvoltura. Eu tinha ido ...


primeira vez que a vi, fiquei encantado com o seu desembaraço no falar e, sobretudo, com a sua inteligência e desenvoltura. Eu tinha ido fazer uma consulta a um famoso fisioterapeuta, Dr. Jailson Ferreira, especialista em osteopatia, homem de poucas palavras, educação fina, cujos dedos iriam mexer na minha coluna, que não andava bem, pois, infelizmente ainda não podemos comprar uma ossada nova, saída de uma vitrine. Não há ainda uma substituta da coluna que Deus nos deu, o que é uma pena...
Mas deixemos o nosso fisioterapeuta e me voltemos à sua educadíssima e culta atendente, cujo nome me soou bem aos ouvidos: Mardênia! Informada de que sou escritor e cronista, a jovem secretária, na sua conversa, enveredou pelos caminhos da literatura com muita pertinência, citando seus escritores prediletos. Falou ainda de seu sítio, onde ela planta de tudo. E no convívio com a Natureza, ela vem mais alegre e mais ainda conciliada com a vida. Mardênia cultiva ainda flores. E é com esse espírito jovial e entrosada com a vida, que ela vai fazendo amigos e se livrando das coisas más da vida.
A verdade é que a moça me surpreendeu, principalmente pelo otimismo, pelo amor à vida. Sua conversa era tão interessante que me esqueci da coluna.
O tempo foi passando, foi me dada alta pelo especialista, quando fui informado que Mardênia estava com um sério problema na vista, tendo se submetido a uma cirurgia para retirada de uma neoplasia e iria se submeter a tratamento quimioterápico. A noticia me deixou muito triste. Seu problema era raro e grave. Acontece que Mardênia continua a mesma, em entusiasmo, otimismo e amor à vida e ao trabalho, do qual não se afastou. Que exemplo ela dava!
Fui revê-la, com Alaurinda. Mardênia trazia num dos olhos um tampão, em conseqüência da recente cirurgia. Mas agora é que sorria e ressaltava o seu sorriso bonito. Nada de tristeza, nem de pessimismo. Continua nos dando uma profunda lição de alto astral energia e vigor mental.
Mardênia, minha querida Mardênia, você foi demais! Fique boa logo e venha cuidar de seu sítio, de seu jardim, de suas flores no templo da Natureza. As flores vão gostar muito de sua visita. Como nós de você.

N ão satisfeita com a primeira viagem, eis que a nossa equipe projeta a segunda viagem à Nova Zelândia, aquela ilha perdida no Pacífico co...


Não satisfeita com a primeira viagem, eis que a nossa equipe projeta a segunda viagem à Nova Zelândia, aquela ilha perdida no Pacífico com o Japão lá em cima. O dedo deslizando no Mapa num instante chega lá, mas de avião... São 14 horas de vôo, somente no último trecho sobre o Pacifico. Vôo direto, sem escala. Na nossa primeira viagem, minha sobrinha cardiologista, lá de São Paulo me telefonou, dizendo: cuidado com essa longa viagem. Não se esqueça da meia de pressão para evitar trombose. E para quem já teve uma... Cumpri a recomendação da médica e enfrentei o problema. E sabe que cheguei a gostar da viagem? Na aeronave da LAN Chile nada faltava. E ainda me recomendaram fazer, ali, um ligeiro “cooper”. E lá vou eu num caminho estreitíssimo entre poltronas cumprindo a recomendação. Veja o leitor como é importante, vez por outra, movimentar as pernas. O sangue corre que é uma beleza.

Depois de saltarmos de um trampolim, após uma escala em Santiago do Chile (ah, cidade para eu gostar...) nos atiramos no abismo oceânico, armados de nova coragem para o segundo vôo, de 14 horas. E nada de trombose. Dessa vez a viagem foi uma beleza. Viajar é mesmo sonhar. Foi numa madrugada que aterrissamos naquela ilha paradisíaca. Aeroporto de primeira. Mas, o frio me encabulou. Quanta roupa por cima e por dentro. Descemos em Auckland, que já foi capital e que muito nos encantou.

Agora Nova Zelândia estava mais íntima. Um povo educadíssimo. Educação no trânsito, educação nos restaurantes, educação na rua, educação nos hotéis, educação em tudo. Impossível ouvir uma buzina insistente de automóvel. Silêncio absoluto nas ruas. E que cidade agradável essa Auckland! Cidade de todas as idades, desde aquela elegante senhora, com seus oitenta ou mais anos, ao garoto com um iPhone no ouvido, discutindo não sei para quem.

Mas o que mais me encantou foi a limpeza da cidade com o seu chão colorido. A cidade não tem um buraco no chão, mesmo do tamanho de um dedal. E caminhando, eis que vejo um espaço cheio de livros, com bancos, para você e descansar. Tudo de graça. Ninguém pensando em levar um livro para casa. Ah, leitor, não perdi tempo. Sentei-me num puff e fiquei folheando uma revista. Quantos livros à disposição de quem quisesse ler...

Auckland! Quase toda plana. Sem trânsito ostensivo. Mas, o sol se esqueceu de aquecer o cronista. Um sol que iluminava mais do que esquentava.

A noite foi chegando e a gente nem deu fé do tempo. E cadê a Natureza dessa decantada Nova Zelândia. A Natureza que é o seu cartão de visita? Fica para depois, pois a fome começa a apertar. O restaurante que nos acolheu, servido por duas garotas bonitas e educadas, que quando descobriram que éramos brasileiros, foi uma festa. Ah, Brasil para ser amado e exaltado!...

Pois é, leitor, o nosso país tem qualquer coisa de lendário. Espero, como já dizia o grande Zweig, que ele seja ainda o país do futuro.

Mas, a crônica está terminando, agora dispondo de espaço maior, o que faz aumentar a responsabilidade do cronista.

A o invés do título acima, esta crônica bem que poderia denominar-se “Terapia do Esquecimento”. Sim, esquecer, muitas vezes, pod...


Ao invés do título acima, esta crônica bem que poderia denominar-se “Terapia do Esquecimento”. Sim, esquecer, muitas vezes, pode vir a ser um bálsamo, um alívio. Já pensou se não esquecêssemos? Se conservássemos uma mágoa por muito tempo, por exemplo? Deus sabe amenizar as nossas dores. Esquecer nos traz paz, nos renova, nos dá saúde. Que tal, aqui ensina o Evangelho, se conservássemos o ódio no coração, ou melhor, se não esquecêssemos um mal que alguém nos fez? Horrível. Enquanto o que nos fez mal, talvez nem se lembre do mal que fez. E você se torturando, não esquecendo o mal que ele lhe fez.
Perdoar e esquecer, eis uma formula saudável. Vingança é uma tremenda estupidez. Bobo é aquele que diz: “Perdôo, mas não esqueço”. Enquanto isso, o mestre Gandhi, na sua sabedoria, disse a alguém que lhe perguntou se ele perdoava, e ele respondeu, naquela simplicidade que lhe era familiar. “Não, não perdôo”. Todos ficaram estupefatos. Mas, em seguida, veio o complemento de sua resposta. “Não perdôo, porque nunca me sinto ofendido”. Que resposta, hein? A lição é a do esquecimento. Mas para isso é necessário muita grandeza de espirito. Lembre-se de que a vida é muito curta para a gente estar se martirizando, remoendo...
Vamos para diante, e procuremos limpar a nossa mente de muita sujeira. Agora estou me lembrando do ex-presidente Figueiredo, quando ao deixar o governo, um repórter lhe perguntou: “Presidente, dê uma mensagem de despedida ao povo brasileiro. E ele apenas disse: “Quero que me esqueçam!” O general já estava cheio de críticas ao seu governo. Desejava, agora, paz.
O negócio é saber usar esta terapia maravihosa. A terapia do esquecimento, esquecimento das más lembranças, do desejo de vingança, que não levam a nada.
Olho para traz e não sinto nenhum desejo de criticar alguém, de me sentir ofendido, mesmo que tenha sido agredido. Esquecer o inimigo é tirá-lo de seu caminho. Eis a solução. Depois, segundo me ensinou a Doutrina Espirita, não morremos, apenas o corpo vai adubar a terra (que excelente adubo... O espírito continua, assim como os que nos amam e nos odeiam. Quando reencarnamos o passado é esquecido. Vamos, então iniciar uma nova vida.
Esquecer, sim, remoer nunca. Bote isso na cabeça.

N o dia 9 de outubro de 1861, na cidade de Barcelona, onde ainda havia o ranço da Inquisição, foi queimado em praça pública, O Livro dos Esp...


No dia 9 de outubro de 1861, na cidade de Barcelona, onde ainda havia o ranço da Inquisição, foi queimado em praça pública, O Livro dos Espíritos, obra básica da Doutrina Espírita, entre outros, inclusive o fragmento de uma Sonata, que o espírito de Wolfgang Amadeus Mozart havia transmitido ao médium francês Bryon D'Orgeval. E quem presidiu a solenidade foi o Arcebispo da cidade.
O Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec, foi considerado obra satânica, embora o sacerdote encarregado de estudá-la, o abade Leçanu, autor do livro “História de Satanás “, depois que leu a obra disse: “Quem quer que leia este livro e observe seus preceitos faz-se bastante para tornar-se santo na Terra”.
A verdade é que o livro foi queimado. O livreiro, antes, ainda tentou recorrer às autoridades, mas um espírito aconselhou a que nada fizesse, porquanto a queima de O livro dos Espíritos despertaria ainda mais a curiosidade do público e o resultado é que não chegou para quem queria.
Esse fato aconteceu há muito tempo. O Livro dos Espíritos é hoje o livro mais vendido da literatura espírita. E agora, que estamos comemorando os 156 anos da Doutrina, houve em nossa capital, em plena praça do Ponto de Cem Réis uma exposição dos livros espíritas, com destaque para O Livro dos Espíritos. Muita gente prestigiando o acontecimento, e isto sob a batuta de Marco Lima, atual presidente da Federação Espírita Paraibana.
Só faltaram o nosso Arcebispo Dom Aldo Pagoto, com o seu admirável ecumenismo e o pastor Estevam para, com sua presença, mostrarem que os tempos são outros. A lei é a da evolução e o verdadeiro cristão é aquele que ama ao próximo como a si mesmo. A fogueira da Inquisição está apagada para sempre.
O Espiritismo completou no dia 18 de abril 156 anos. Um tempo muito curto diante das antigas e milenares religiões. Seu lema é “Fora da caridade não há salvação”. Haverá ecumenismo maior do que este?
Os tempos são outros. Está aí o novo Papa Francisco com uma nova mensagem, procurando se inspirar no humilde São Francisco de Assis, cuja famosa oração deveria ser lida todos os dias.

P ara esta espécie de terapia há necessidade do olhar. Um deficiente visual, por exemplo, não pode se utilizar dessa terapia. Mas, ...

Para esta espécie de terapia há necessidade do olhar. Um deficiente visual, por exemplo, não pode se utilizar dessa terapia. Mas, diz o ditado que “o pior cego é aquele que não quer ver”. Para este, é inútil a “paisagem-terapia”. Ele olha um por do sol e não o vê, uma madrugada, a mesma coisa, um jardim, idem. Tem jardineiro que exerce o seu trabalho com a cegueira da ignorância. Não digo que chegue a falar com as plantas, como procedia um príncipe inglês, mas que as olhe com um sentimento de amor.
Eu sempre estou usando essa terapia e me sinto muito bem. Parece que lavamos a alma. Jesus já convidava: “Olhai os lírios do campo”. E desse convite deu uma lição. A lição da despreocupação, da fé, da confiança na vida, na providência divina.
Deus encheu o mundo de belezas naturais para que o homem alegre a sua alma. Olhar e não ver é a mesma coisa de não olhar... A Natureza é a grande riqueza que Deus nos deu, de graça. Eu estou sempre pondo o olhar nas coisas belas da vida e saio delas com outro astral. E aqui, repito: uma das coisas belas de uma viagem aérea é olhar as nuvens pela janelinha do avião. As nuvens ficam lá embaixo nos infundindo uma tranquilidade interior enorme. Lembram, às vezes, um campo cheio de ovelhas. Ora, e foi justamente isso que vimos, não só nos caminhos pelo interior da Escócia, como agora nova Nova Zelândia. Que paz, esta paisagem rural nos transmite! Só as ovelhas não elevam o olhar para ver a dança silenciosa das nuvens. Elas se comportam como certos homens de negócio. Fixados nos seus interesses imediatos, não têm tempo para ver as coisas belas.
Ah, a terapia da vista aérea! E que dizer das florestas e das montanhas, sem esquecer as cascatas? As montanhas, no seu silêncio, dão lições de misticismo. Não foi sem motivo que Jesus aproveitou aquela elevação de terra para proferir o seu primeiro sermão.
Terapia da paisagem! É difícil sair de uma praia, como a nossa de Tambaú, com a alma suja de pessimismo, de ódio ou mau humor.
O poeta Bilac convidou-nos a “ouvir” as estrelas. O físico e matemático Pascal, vez por outra, derramava os olhos no Infinito, o que alimentou muitas de suas reflexões.
Terapia da paisagem. Não custa nada, e faz muito bem ao espírito!

Na história da música, especialmente do Rock'n'Roll, algumas capas de discos, elaboradas com grande criatividade, acabaram se torn...



Na história da música, especialmente do Rock'n'Roll, algumas capas de discos, elaboradas com grande criatividade, acabaram se tornando mais conhecidas do que as próprias canções, sendo copiadas e parodiadas exaustivamente, até mesmo por outros artistas.

G ermano, meu filho e mestre, escreveu, outro dia, em sua coluna no Correio da Paraíba, uma crônica sobre a Nova Zelândia exaltando as belez...


Germano, meu filho e mestre, escreveu, outro dia, em sua coluna no Correio da Paraíba, uma crônica sobre a Nova Zelândia exaltando as belezas daquele país, com destaque para suas enormes montanhas, espetáculo que tanto o maravilhou, na nossa segunda viagem àquela ilha, isolada de tudo, entre o Oceano Pacífico e o Mar da Tasmânia.
E como os meus, os olhos dele se juntaram na mesma emoção. Aqui para nós, é um espetáculo único no mundo. São quilômetros e mais quilômetros entre florestas primitivas e montanhas, com a estrada se curvando pelo meio. Montanhas imensas, gigantescas agarradas umas às outras, como se estivessem brincando de ciranda. Nunca um silêncio falou tão alto. Era a voz de Deus, o autor daquela maravilha da Natureza. E assim íamos entre as matas e as montanhas. Curioso, não vimos pássaros voando sobre aquelas montanhas, mas, segundo Germano, que se adentrou pela floresta, ouviu-os cantar lindamente. Mas, o bonito mesmo eram as cascatas que desciam daquelas alturas, silenciosas e belas, como se fossem lágrimas. Será que as montanhas choram?...
Lembrei-me, ligeiramente, de Atenas e do Havaí, cujas montanhas também são belas, juntamente com as ilhas.
Mas, como já disse, essas montanhas da Nova Zelândia são um espetáculo único no nosso planeta. Elas pareciam que estavam resguardando as cidades de qualquer ataque, de qualquer invasão.
Em baixo, vez por outra, um rio ou riacho correndo, alimentado pelas cascatas. E nada havia além do silêncio, a única música que se ouvia naquele ermo.
Germano dirigindo o carro, por sinal pela mão esquerda, coisa de inglês. Seus olhos de arquiteto chegavam às lágrimas. A verdade é que aquelas montanhas falavam. Pareciam querer proteger a Natureza contra a invasão do homem.
E a contemplação de uma montanha vale por uma prece, assim como contemplar o mar. Mas o mar – desculpe-me a Nova Zelândia – só o de Tambaú ou de Manaíra, que estão a exigir mais cuidado do Poder Público, sobretudo pelo lixo e contaminação de suas águas.
Nossas praias são um local ótimo para a meditação. E nada de patins e patinetes no passeio público, ameaçando a integridade física das pessoas.
Impossível esquecer as montanhas da Nova Zelândia, só vendo para crer.

Não me surpreendeu a morte dele, como também não me surpreende a morte dos outros. É da lei que assim seja. Ninguém escapa à sua dura inexor...



Não me surpreendeu a morte dele, como também não me surpreende a morte dos outros. É da lei que assim seja. Ninguém escapa à sua dura inexorabilidade. Agora a reflexão a fazer é esta: o que fez ele da vida e na vida? Há quem diga que ele foi para o céu, outros para o inferno, e, por fim o purgatório. Depois há aqueles que acreditam que tudo vira pó, nada mais resta. E surge a pergunta, que adianta a vida seja digna ou não, se não há nada, nem ninguém para nos julgar?
Estas reflexões me chegaram com a notícia do falecimento do meu amigo Dorgival Terceiro Neto. Um homem que sempre me deixou uma excelente impressão e também uma lição. Terceiro Neto foi um homem sereno e sério, que fez de sua vida uma obra de arte.
De poucos sorrisos, a constante nele era a seriedade, o sentimento de responsabilidade. Inimigo implacável da corrupção, sobretudo na política, a qual exerceu com muita dignidade. Seja como governador, seja como prefeito, ele sempre deu um exemplo admirável de honestidade.
O bem humorado filósofo grego Diógenes, discípulo de Sócrates que fez da pobreza extrema uma virtude, chegando a “morar” num barril, segundo a História, vivia pelas ruas de Atenas, com uma lanterna na mão dizendo-se “em busca de um homem honesto”, e isto em plena luz solar. E não o encontrou. Tenho certeza de que se o nosso Dorgival Terceiro Neto estivesse por lá, o filósofo não teria perdido o seu tempo.
Certa vez, faz alguns anos, encontrei-o casualmente em São Paulo, um pouco irritado com a deficiência auditiva. Tinha vindo do consultório médico. Abraçou-me, fez referências elogiosas às minhas crônicas, e saiu. Nunca esquecerei aquele cordial abraço e seu sereno meio-sorriso. O encontro comoveu-me.
Terceiro Neto saiu da vida pública em paz com a sua consciência, E, sem dúvida, é essa paz que lhe dará o verdadeiro paraíso.
Escritor, membro da nossa Academia de Letras, o nosso Dorgival foi um telúrico por excelência. Amava a sua terra como ninguém.
Nunca me esqueci da imagem daquele jovem casal de noivos transitando pelas ruas da cidade. Ele e Marlene... Estavam em plena lua de mel. Terceiro sempre foi um cavalheiro, homem de boas maneiras, que impunha respeito. Um homem em quem poderíamos confiar cegamente.

Os anos 70 são conhecidos como a era da pacificação, do flower power , do psicodelismo e das discotecas alucinantes. Nesse período de libe...



Os anos 70 são conhecidos como a era da pacificação, do flower power, do psicodelismo e das discotecas alucinantes. Nesse período de liberação política e cultural, as gírias proliferaram e muitas delas foram incorporadas à linguagem cotidiana, sendo faladas até nos dias atuais. Outras, contudo, caíram no desuso e dificilmente são reconhecidas pelas gerações mais novas. Você, por exemplo, conhece ou lembra de algum desses 10 vocábulos?

N ão, não foi da minha boca que saiu o E ureka , mas na dele. Dir-se-ia que estava “possuído” de um bom espírito. Foi assim. Estava...


Não, não foi da minha boca que saiu o Eureka, mas na dele. Dir-se-ia que estava “possuído” de um bom espírito.
Foi assim. Estava eu sentado num banco do calçadão da praia Manaíra, de costas para o mar, fazendo minhas meditaçõezinhas crepusculares, quando ele chegou, lançando-me logo uma censura: “Você, de costas para este mar lindo?! Um mar que não existe em Paris, uma de suas cidades favoritas, nem em muitos outros países por onde você costuma andar?...”
Ele era todo entusiasmo, aquele mesmo entusiasmo de Arquimedes quando descobriu a lei da hidrostática.
Levantei-me imediatamente do banco, abracei-o e lhe dei toda razão pelo meu alheamento. O mar lindo e tranquilo às minhas costas, e eu completamente indiferente, já pensou?
Mas Carlos é assim. Que Carlos? O cronista, ex-secretário de estado da Educação, e atual Superintendente do Departamento de Estradas e Rodagem da Paraíba, Carlos Pereira! Um homem que vive num constante estado de inspiração, sem jamais deixar de olhar para as belezas da vida. E quem vive neste estado é uma pessoa feliz.
Outro sentimento que é uma constante nele, o sentimento telúrico. Ele adora esta nossa capital, o nosso mar, o nosso Cabo Branco, os nossos flamboyants, nossas acácias, nossos pau d'arcos, que o sulista chama de “ipês”, a nossa Lagoa - nosso espelho aquático -, o mar de Manaíra. Lembrar que o cronista Carlos Pereira é um saudosista admirável. Vez por outra está transformando o passado em presente. Não me sai da cabeça o seu grito eufórico chamando a minha atenção para o mar a quem eu dera as costas. “Cronista, este mar é uma maravilha!” Pedi-lhe perdão e virei-me para aquele belo panorama, muito diferente do rio Sena de Paris. Valeu a reprimenda.
E fiquei imaginando. Se Jesus passasse por nossas praias, diria “olhai o mar de Manaíra”, e esqueceria por um momento os lírios do campo.
E também fiquei pensando: feliz é o homem que sabe sentir, observar e está sempre pronto para contemplar as belezas da vida.

Estivemos na Nova Zelândia em 2008 e, desde então, o país se tornou, para mim e minha família, um referencial absoluto de inigualáveis pai...



Estivemos na Nova Zelândia em 2008 e, desde então, o país se tornou, para mim e minha família, um referencial absoluto de inigualáveis paisagens naturais, civilidade e respeito ao meio ambiente.

Q uer saber de uma coisa curta e certa? É fazer amigos, pois são eles que enfeitam a vida, que nos tornam humanos. É por isso que a solidão ...


Quer saber de uma coisa curta e certa? É fazer amigos, pois são eles que enfeitam a vida, que nos tornam humanos. É por isso que a solidão é um martírio para muita gente. A solidão a que me refiro é a solidão egoísta. Sim, porque existe aquela que nos induz à reflexão, à conversa íntima, à leitura, à meditação, em que a gente faz avaliações.

Não esquecer que a vida é comunicação. E esta realidade quem nos ensina é a própria Natureza, sem esquecer a tecnologia. Tudo nela está em constante relacionamento. E que dizer do nosso corpo, com o sangue se comunicando com as células, o coração em constante pulsação, marcando os nossos passos, o oxigênio entrando e saindo no nosso corpo, a vida se expressando muito bem no movimento das ondas do mar. Afinal, quando a comunicação para, tudo morre. O egoísta é um morto vivo.

Quem ama não se sente só. Mesmo que não tenha ninguém ao seu lado. Depois há a arte, a literatura, os gestos de bondade. Viver sem conviver é morrer, porquanto a vida é constante comunicação, repito. Mas, lembremos que além da vivencia e da convivência, há a transcendência. Quando, então, a solidão desaparece. Afinal, ninguém está só quando está em paz com a sua consciência. Solidão exige silêncio, e na solidão a gente conversa com Deus.

Respirar é o ato mais importante de nossa existência. Se você se sente só, que tal uma caminhada à beira-mar, um passeio num bosque, uma visita a algum solitário, uma boa música, a leitura de um bom livro, um livro que nos ensine a viver, a conviver, a transcender?

Lembre-se que você é detentor de muitos bens. Você tem olhos sadios, você tem boa imagem, você pode ler, você pode caminhar, você pode respirar, você pode fazer muitas coisas que outras pessoas não podem fazer. Você ama.

Verdade, beleza e bondade, eis uma trindade que não é santíssima, mas que é tudo na nossa vida. A verdade que nos liberta dos erros, a beleza que enfeita vida e a bondade que nos conforta e nos eleva. Mas nunca se esqueça que a maior arte é a arte de fazer amigos, Sem eles a vida se transforma num deserto. Assim, prefira o jardim ao deserto

E is aí duas coisas importantes na nossa vida. Queiramos ou não, somos rotineiros e aventureiros. Desde quando acordamos domina a r...


Eis aí duas coisas importantes na nossa vida. Queiramos ou não, somos rotineiros e aventureiros. Desde quando acordamos domina a rotina. Em grande parte de nossa vida, viramos robôs. E eu me lembro agora de um velho funcionário do Palácio da Redenção, que mal entrava no seu gabinete de trabalho, atirava o chapéu direto para o cabide. Que pontaria! Um admirável automatismo.
E por falar em rotina, lembrar que todo o nosso corpo é uma usina que funciona automaticamente. Que beleza! Já pensou se precisássemos pensar em cada passada que damos? Viva o senhor instinto!
Pensando bem, quase tudo é rotina em nossa vida. Mas o bom mesmo é a aventura. É esta que nos dá experiência. Quer ver uma gostosa aventura? A leitura. Tenho pena dos que não lêem. O velho Montaigne, depois de enjoado da vida, resolveu trancar-se na sua torre, isolando-se do mundo para escrever os seus excelentes monólogos. Também tenho pena daqueles cujo trabalho é uma rotina. É por isso que muita gente, da sexta à tarde para a segunda, vai procurar uma aventura. A rotina mata...
E a aventura de uma viagem? Conhecer nova gente, novos costumes, novas paisagens. Que bom. A gente vem de mente renovada para enfrentar a rotina, que ficou nos esperando. E com a alma renovada até a rotina é tolerável. A viagem traz novas experiências, e, com novas experiências, mais sabedoria. O sociólogo Donald Pierson colocou nos desejos fundamentais do homem o de novas experiências.
E para quem não gosta de viagem, a leitura é uma ótima sugestão para as novas experiências. Houve um escritor que escreveu um livro que tinha por título “Viajando na minha biblioteca”. A leitura também mata a rotina, graças à aventura do espírito.
Aqui para nós, nada mais triste do que um casal rotineiro... Mas, ora bolas, vou fazer agora a coisa mais rotineira da vida: a barba. Eis um ato que me entedia. Uma verdadeira tortura. As mulheres têm a menstruação, mensal, mas, fazer a barba é pior porque é todo dia. Disseram-me que sangue de rato acaba com a barba. Será?
Que venha a barba nossa de cada dia, o escovar dos dentes, os mesmos cumprimentos, os mesmos telefonemas, pois a rotina não nos dá medo. O que nos faz medo é a aventura. Mas, diz o ditado, quem não arrisca não petisca.

P or que Jesus, ao invés de um luxuoso palácio, nasceu numa manjedoura? Eis aí uma indagação que incomoda. Uma manjedoura é um lugar muito h...



Por que Jesus, ao invés de um luxuoso palácio, nasceu numa manjedoura? Eis aí uma indagação que incomoda. Uma manjedoura é um lugar muito humilde, impróprio para um deus nascer, se bem que, fosse depois iluminada por uma estrela, fato que não se viu em nenhum palácio. Um escritor italiano disse que a manjedoura envergonhou a muita gente, que desejava que seu nascimento ocorresse num luxuoso palácio, porquanto só assim impressionaria o povo. O povo adora ostentações...
Mas Jesus preferiu nascer entre animais domésticos, em comunhão com a natureza. Teve como pai terreno um humilde carpinteiro. E passou a infância vendo seu pai serrando a madeira. E quem sabe lá se ajudou a José na confecção de uma cruz para algum criminoso, já que a crucificação era costume da época?
Proferiu seu primeiro sermão, em pleno campo, ao ar livre, com o povo se assentando no chão. Nada de luxo, nada de comodidade, nada de auto-falantes. Viveu e agiu sempre na mais pura simplicidade.
Curou cegos, paralíticos, leprosos, endemoniados, e nunca cobrou um centavo pelas curas que fez, nem por suas pregações. Dava de graça o que havia recebido de graça. Falou em todos os lugares, nunca discriminou ninguém. Compreendia a todos e a todos ensinava o perdão.
Não construiu nada para si, sequer um templo. E chegou ao cúmulo da humildade quando disse que os pássaros têm seus ninhos, as raposas seus covis, mas o filho do homem não tem uma pedra para recostar a cabeça.
Viveu grande parte de sua vida, aqui na Terra, no campo e à beira do Mar da Galiléia, e em Cafarnaum, que ele adorava. E preferiu a didática da Natureza à dos homens. No campo pregou, no campo multiplicou pães e peixes para matar a fome dos que o acompanhavam na marcha da pregação evangélica
Jesus foi todo humildade. E tão humilde foi, que entrou em Jerusalém, naquela manhã tranquila, acompanhado de seus discípulos, montado num burrico. Num burrico ou dentro de uma carruagem? Não. Entrou na cidade montado num jumento, que ele pediu emprestado.
Humildade foi o seu nome. Longe do luxo, da encenação, da ostentação.

E udes Barros é meu irmão por parte de mãe, e com ele convivi por muitos anos. Nasceu em Alagoa Nova, onde viveu algum tempo. Certa...



Eudes Barros é meu irmão por parte de mãe, e com ele convivi por muitos anos. Nasceu em Alagoa Nova, onde viveu algum tempo. Certa manhã, ele, ao ver um pingo de chuva na folha de uma árvore, gritou, entusiasmado, para sua mãe: “olhe uma lágrima do céu”. Esse desabafo lírico muito impressionou mamãe, que só fez dizer: “este menino é um poeta. ”
A profecia se realizou. Muito jovem ainda, ele escreveu seu primeiro livro de poemas, que intitulou “Fontes e paús”. E dedicou um dos seus versos à sua terra natal, a que ele chamou “sítio de mangueiras”.
De Alagoa Nova, ele veio morar na capital, onde passou grande parte de sua existência. O poeta lança seu segundo livro, ainda de poesias, sob o título de “Cânticos da Terra Jovem”, livro que teve grande repercussão, sobretudo pelo magnífico poema “Jesus brasileiro”. Nesse poema ele conclui que Jesus nasceu em nosso país crucificado numa cruz de estrelas. Informam que a repercussão do poema foi tanta, que chegou a ser declamado na BBC de Londres.
Eudes Barros não foi apenas poeta, mas historiador e jornalista, chegando a fundar um jornal intitulado “A Rua”, que funcionou por muito tempo na antiga rua Duque de Caxias. Jornalista vigoroso, polêmico, colaborou por muito tempo no tradicional matutino “A União”, sobretudo quando este jornal foi dirigido pelo genial Carlos D. Fernandes, a quem Eudes respeitava e admirava. Articulista, cronista, o nosso poeta também escreveu uma série de sueltos assinado por “Til”.
Cem por cento jornalista, ele chegou até a escrever nos jornalzinhos da Festa das Neves. Temperamento polêmico por natureza, dele podia se dizer: não tem papa na língua. E, certa vez, na administração do governador de Argemiro de Figueiredo, chegou a complicar o governo, dizendo na manchete de seu jornal que “a polícia estava tramando contra o governo”. Isto foi o bastante para ele ser agredido em pleno Ponto de Cem Réis por policiais. Mas Eudes soube se desembaraçar dos agressores, graças ao fôlego para uma boa carreira.
Era grandíssimo amigo do tribuno Botto de Menezes e de José Américo de Almeida. No plano federal, seu ídolo foi Carlos Lacerda. E ambos se correspondiam com regularidade.
De nossa capital, foi morar no Rio, onde colaborou por muito tempo, no Jornal do Brasil.
Poeta, jornalista e historiador. Como historiador escreveu “Dezessete”, seu primeiro romance histórico, que depois passou a se denominar “Eles sonharam com a liberdade”. O livro teve grande repercussão e teve como tema a Revolução de 1817. E como ensaísta, escreveu um primoroso estudo sobre Augusto dos Anjos.
Ele tinha um profundo amor à sua mãe, Pia de Luna Freire, que enviuvou muito moça, casando-se depois com o meu pai, José Augusto Romero.
Congratulo-me com o grande jornal A União, que vem prestando uma justa homenagem ao seu antigo colaborador. Um jornal para o qual Eudes sempre olhou com muita reverência.

Quando você estiver procurando algo diferente para aquela reuniãozinha esperta de fim de semana, tentando fugir do som enjoativo e descartá...


Quando você estiver procurando algo diferente para aquela reuniãozinha esperta de fim de semana, tentando fugir do som enjoativo e descartável das Anittas, dos Luãs e dos Telós dos dias atuais, experimente colocar no player esses grandes sucessos dos anos 80.