Uma das maiores lembranças que guardo de minha mãe, desde que comecei a me entender por gente, é ela trabalhando e preocupada com a educ...

medicina maternidade mitologia
Uma das maiores lembranças que guardo de minha mãe, desde que comecei a me entender por gente, é ela trabalhando e preocupada com a educação dos filhos. Sempre trabalhou. Três expedientes, dois fora e um dentro de casa. Reclamava? Muito, mas não deixava de fazer a sua obrigação e de nos ensinar. Bonita, vaidosa, sempre bem vestida, expressava-se e escrevia bem na forma, incluindo a letra, e no conteúdo. Sempre presente, nunca relaxou, no que diz respeito, principalmente, à nossa educação, doméstica e escolar.

Cavalos de duas rodas apressados avançam em fila indiana pelo desfiladeiro de asfalto, espremidos pelos carros e ônibus. Todos ...

transito congestionamento vida angustia urbana
Cavalos de duas rodas apressados avançam em fila indiana pelo desfiladeiro de asfalto, espremidos pelos carros e ônibus. Todos são mais devagar que a vida, não importa. Aliás, certamente muitos estão parados mesmo à velocidade de 50, 100, 150 quilômetros por hora. Presos à pressa, perdem o sentido, cegam.

Ao contrário, a criança tira proveito de cada segundo veloz que vivencia. Insistem em manter diálogos enriquecedores com os pássaros, os gatos, os cães ou com o amigo imaginário. Por enquanto, não são tragadas pela ilusão de domar o mundo, ainda não se transformaram em fezes da existência.

Coitados dos meus colegas escritores Ariano Suassuna e Gabriel García Márquez. Por mais que tenham criado personagens maravilhosos não conh...

sucesso perseveranca humildade
Coitados dos meus colegas escritores Ariano Suassuna e Gabriel García Márquez. Por mais que tenham criado personagens maravilhosos não conheceram Tiquinho. Se ainda fossem vivos, morreriam de inveja quando soubessem que eu tenho o privilégio de caminhar nas madrugadas da beira mar do Cabo Branco ouvindo-o contar suas histórias.

Amo-te como se ama certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma. Pablo Neruda ▪ A dança Tento não te pensar debatend...

Amo-te como se ama certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma.
Pablo NerudaA dança

Tento não te pensar debatendo-se contra a gaiola em que habitas. Masmorra feita de memórias e de medo. Uma fortaleza de palitos. Prisão da qual tu não percebes as portas escancaradas.

Recife, quase término dos anos de 1950. No pátio do Mercado Público de Coqueiral, domingo de feira livre, tiro do bolso uma nota de 5 Cruz...

nostalgia recife cruzeiros barao
Recife, quase término dos anos de 1950. No pátio do Mercado Público de Coqueiral, domingo de feira livre, tiro do bolso uma nota de 5 Cruzeiros novinha, estalando, a fim de pagar por uma vitamina de banana, muito bem achocolatada, no balcão da lanchonete preferida.

Não me incomodará a descrença de alguns nessa história. Sintam-se desculpados, até porque meus três filhos, quando pequenos, nunca acreditaram que a qualquer menino, em qualquer tempo, fosse de bom grado o mínimo desembolso com aquilo que detestavam. Sempre acharam que vitamina em lanchonete fosse invenção minha para fazê-los

Nunes — sente-se isso em seu olhar, sente-se isso em tudo que escreve — é de uma pureza surpreendente. Talvez a explique o fato de que é...

literatura poesia jose nunes serraria
Nunes — sente-se isso em seu olhar, sente-se isso em tudo que escreve — é de uma pureza surpreendente. Talvez a explique o fato de que é diácono permanente da Arquidiocese da Paraíba e oblato beneditino do Mosteiro de Olinda.

Sinto, nele, a mesma aura de santidade do médico Dr. Sebastião Ayres e do ex-arcebispo da Paraíba, Dom José Maria Pires. Talvez porque — embora eu resultasse avesso a qualquer fé — minha mãe tivesse sido Filha de Maria e meu pai, Vicentino. Há um quê de incenso, em Dr. Sebastião,

A culpa não é da Imprensa, como sempre se atribui, ao noticiar desmantelos. A imprensa deve ser a voz do povo. Calar os meios de comunic...

A culpa não é da Imprensa, como sempre se atribui, ao noticiar desmantelos. A imprensa deve ser a voz do povo. Calar os meios de comunicação, é cortar a língua do povo. A alienação não vem apenas de certas manifestações culturais, mas das nefastas redes sociais quando disseminam ódio e mentiras. Esses não são jornalistas, mas embusteiros.

Acompanhara o olhar dos meninos até perceber o caminhão basculante despejando lixo, num ponto longe dali, e bem no limite do assentamento ...

rumes guetos ciganos conto
Acompanhara o olhar dos meninos até perceber o caminhão basculante despejando lixo, num ponto longe dali, e bem no limite do assentamento Rume. Chama então a atenção dos homens meio que espalhados pelo entorno. É um repórter de jornal inglês, e quer uma explicação para aquilo, ali bem ao lado da cerca que marca o território Rume. Indecisos, os homens iniciam uma tentativa, algo desajeitada de explicar o que, pra eles é prática rotineira no lugar, quando um repentino barulho os interrompe, desviando também a atenção do repórter.

Em novembro de 1968 chegava ao mundo uma obra prima da música popular. Os Stones lançaram Beggars Banquet. Um marco e um retorno da ba...

rock influencias rolling stones john lennon
Em novembro de 1968 chegava ao mundo uma obra prima da música popular. Os Stones lançaram Beggars Banquet. Um marco e um retorno da banda ao que sempre foram mestres. O Blues mesclado ao Rock and Roll, talvez nunca superado, exceto, não por coincidência, por eles próprios. O último disco com participação de Brian Jones aos 27 anos consumido tragicamente pelos excessos resultantes do uso de drogas e álcool.

Sábado passado, os diretores da Fundação Cultural de Joâo Pessoa – FUNJOPE, com assinatura do Sr. Prefeito, me convocaram ao Pavilhão do Ch...

gonzaga rodrigues homenagem funjope
Sábado passado, os diretores da Fundação Cultural de Joâo Pessoa – FUNJOPE, com assinatura do Sr. Prefeito, me convocaram ao Pavilhão do Chá para fazer-me entrega de registro da instituição “por sua permanente contribuição à cultura da cidade”. Ao mesmo tempo me presentearam com um retrato em acrílica, pintado por Davi Queiroz, de ar e cores muito vivas e mesmo generosas com “o poeta” (assim me trata) que já não tem muito a ver, em carnes, com o ancião que se apresentava.

Ninguém vê mais terra, chão, verde, ambiente natural nas cidades de hoje. Os parques são uma espécie de "reserva" na paisagem,...

caos urbano transito veiculos
Ninguém vê mais terra, chão, verde, ambiente natural nas cidades de hoje. Os parques são uma espécie de "reserva" na paisagem, ainda assim transformados em “parquinhos” modernosos, como fizeram com a Lagoa e a Bica, aqui em João Pessoa.

Me abraçou, me acordou com a força de 15 braços, me esmagando de forma imensurável, perfurando meu coração com a faca “do não tê-los fisi...

Me abraçou, me acordou com a força de 15 braços, me esmagando de forma imensurável, perfurando meu coração com a faca “do não tê-los fisicamente aqui”.

Já sentido fugir as forças para a caminhada de mais um dia, veio ao meu auxílio o amor. Ele me colocou em seus braços e, lentamente, me fez navegar pelo oceano das lembranças.

O choro não evaporou, mas as lágrimas, como vagalumes, foram iluminando o rosto de cada cena que vinha me abraçar.

Desde que mudei de vez para o Nordeste - e lá se vão trinta e sete anos – muitas coisas me encantam. Especialmente o jeito de falar, os...

nordeste expressoes linguagem oxente
Desde que mudei de vez para o Nordeste - e lá se vão trinta e sete anos – muitas coisas me encantam. Especialmente o jeito de falar, os sotaques, as expressões. Tudo me aqui apaixona. É muita riqueza e diversidade num só povo. Certamente, um dos lugares mais apaixonantes é a minha Paraíba “réa”. Nos primeiros tempos, lembro de ir a uma bodega perto de casa comprar algo e a pessoa dizia: “tem não”. Acostumado ao sim e ao não, ficava sempre com o verbo seco e derrapava no entendimento. Por exemplo:

I A existência deste objeto justifica minha narrativa. É um vaso de bordas pretas bordado de cores por todos os lados. Este vaso é uma ...

plantas sentimento memorias solidao
I

A existência deste objeto justifica minha narrativa. É um vaso de bordas pretas bordado de cores por todos os lados. Este vaso é uma ilha que me persegue. Estou ilhado. Daqui para adiante é recolher os restos que sobraram do meu processo de desertificação e seguir. Pego as folhas secas, interrogações e interrogatórios. Símbolos atemporais guardados na gaveta me acompanham na ocupação do solo.

Esperança Espera alma querida com confiança e otimismo as negras brumas da noite darão lugar ao abrigo do sol a te clarear Il...


Esperança
Espera alma querida com confiança e otimismo as negras brumas da noite darão lugar ao abrigo do sol a te clarear Iluminar teus sentidos! Espera, não desfaleças diante dos obstáculos das perseguições infrenes tolhendo teus firmes passos. Descansa, aguarda um pouco recupera as energias a lama negra no poço já dessedentou um dia

Trinta anos de casamento, Nicanor pensou em fazer uma surpresa à mulher: – Que tal a gente voltar ao motel em que dormimos juntos pela pri...

Trinta anos de casamento, Nicanor pensou em fazer uma surpresa à mulher:

– Que tal a gente voltar ao motel em que dormimos juntos pela primeira vez?

– Motel?! Que ideia!

– Por que não? Vai ser gostoso relembrar a sensação daquele encontro.

Tanto insistiu, que Matilde terminou concordando. Meio a contragosto, é certo, mas não custava satisfazer esse capricho do marido, que ainda veio com outro: