Sábado passado, os diretores da Fundação Cultural de Joâo Pessoa – FUNJOPE, com assinatura do Sr. Prefeito, me convocaram ao Pavilhão do Chá para fazer-me entrega de registro da instituição “por sua permanente contribuição à cultura da cidade”. Ao mesmo tempo me presentearam com um retrato em acrílica, pintado por Davi Queiroz, de ar e cores muito vivas e mesmo generosas com “o poeta” (assim me trata) que já não tem muito a ver, em carnes, com o ancião que se apresentava.
E de repente me vi diante de uma preciosa dezena de amigos e outro tanto ou mais de leitores, num ambiente que, fosse na Grécia, em Roma ou mesmo aqui no Recife Velho o local que serviu de palco teria outra rotina de tratamento, já não digo do povo que, entre nós, tem muito mais a ver com a luta de todo dia pela subsistência, mas de nossas tradicionais elites.
PMJP
Veio o presidente João Pessoa e encontrando o Estado em situação oposta, despedido da euforia algodoeira, apertado de crédito, permitiu-se, em menos de dois anos, regularizar as finanças, cuidar do essencial e se dar ao requinte de coroar a modernização da capital com a joia do Pavilhão do Chá ao lado do coreto da praça de Camilo, a praça Venâncio Neiva.
Antônio David Diniz
E o que é mais importante: não foi abandonado pelo poder público. Quando pouco se faz, renova-se a grama e se passa uma mão de cal no coreto, feito, no seu tempo, para olhar a cidade que se derramava ladeira abaixo até o Sanhauá. Na gestão de Luciano Cartaxo foi restaurado e houve esforço ainda que frustrado de ativação. De precária segurança, o comércio não se aventura mais em reabilitar os antigos usos desse espaço privilegiadíssimo.
Sendo assim, me vi realmente premiado ao ser chamado para ajudar a espantar os fantasmas que julgam roubar o sol, o ar e a vida de um ornamento único do nosso urbanismo.
