O tempo passa rápido e a saudade revela três anos da passagem de Ivonaldo Corrêa, ocorrida a 29 de abril de 2017, nosso colunista social ma...

Fraternidade recíproca


O tempo passa rápido e a saudade revela três anos da passagem de Ivonaldo Corrêa, ocorrida a 29 de abril de 2017, nosso colunista social mais amado, talentoso e que não gostava de glamour.

Para homenageá-lo, vejo-me na obrigação de destacar momentos deste jornalista que carregava consigo a honestidade, a sinceridade e o silêncio construtivos como marcas.

Estes aspectos ele não exibia, mas eram visíveis no seu modo de viver e no trato para com as pessoas.

Fomos de uma amizade profissional satisfatória e menos confidencial do que como em relação a Gonzaga Rodrigues, ou meu conterrâneo Nathanael Alves, que ajudaram na edificação do ambiente para esperar a minha epifania.

Tínhamos encontros casuais de recíproca fraternidade, mas da parte dele, que tinha muito mais a ensinar do que partindo de mim, eterno aprendiz, observador de seus escritos bem elaborados.
Sempre me aproximei de amigos que poderiam contribuir para o meu aprendizado, quando dava os primeiros passos como repórter e que continuam nos tempos atuais. Com gestos de louvável afeição, Ivonaldo me ensinou a utilizar os braços para nadar nas águas turvas.

Ivonaldo Corrêa
De redator no jornal O Norte, nos anos de 1970, assumiu a vaga de colunista social na ausência de Heitor Freyre, que passou a atuar na atividade médica.

Ele modernizou a linguagem da página social na Paraíba, passou a abordar temas diversificados, como já faziam jornais de outras grandes cidades que sempre lhe serviram de referências.

Alguns amigos me deram prumo na vida de jornalista e de leitor. Com Nathanael e Gonzaga aprendi a escolher os livros e como os ler. Carlos Romero e Dom Marcelo Carvalheira ajudaram a voltar meu olhar para o transcendente, a observar nos gestos místicos o caminho para a paz. E Ivonaldo, ao seu modo, me ensinou a sintetizar o texto.

Com eles constatei que o homem é um grande ensaio, como definiu Thomas Mann. Um ensaio composto por cada livro degustado e cada ensinamento recolhido de amigos que nos cercam. Neste sentido, Ivonaldo muito me ajudou.

Não poderia falar dele sem citar estes outros mestres que tiveram e continuam me dando sentido para buscar a literatura e o lado místico da vida. Outros que me ajudaram estão silenciosos na página de minhas recordações. Poetas e escritores que nem os conheci, a não ser por meio de suas obras. Outros anônimos, homens rudes com os quais convivi em Serraria e Arara, vieram se juntar à legião de amigos que fatidicamente não os reconheceria sem leituras, poesia e música.


José Nunes é cronista e membro do IHGP
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