Embora muitos considerem o concretismo uma retomada do espírito vanguardista de 22, o fato é qu...

Quintana entre o humor e a ironia

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Embora muitos considerem o concretismo uma retomada do espírito vanguardista de 22, o fato é que esse movimento articulou uma linguagem tão desprovida de humor quanto a de 45, consistindo, pelo menos nesse aspecto, numa vertente desta última. Daí ter-se distanciado do modernismo, o que não ocorreu com Mario Quintana, cuja verve irônica e humorística aproxima-o do Manuel Bandeira de Libertinagem, apenas com uma diferença: no poeta pernambucano, a incorporação do humor é decorrência de uma estratégia intelectual que visa a neutralizar o “gosto cabotino da tristeza” do eu lírico para reajustá-lo ao “mundo dos sãos”. Já no poeta gaúcho, o humor é um componente orgânico, visceral, mas nem por isso menos eficaz no sentido de evitar os excessos de um temperamento regido muito mais pelo sentimento do que pela razão, conforme ele mesmo o diz em Acontece que, do livro Caderno H:

“Como todos os indivíduos profundamente sentimentais, acontece que tenho verdadeiro horror ao sentimentalismo verbal.// Daí certos toque de humour nos meus poemas. Uns toques de impureza, pois.// E na verdade te digo que poeta puro, mesmo, na ‘santidade de sua nudez’, só mesmo a Cecília Meireles.// A nossa Cecília que, a 9 do mês de novembro em que escrevo essa linha, faz exatamente cinco anos que não morreu”.

Aqui, “canonizada” por Quintana, Cecília Meireles passa a ser a Santa Maria Egipcíaca da Poesia, bastando para isso que se observe que o poeta gaúcho desentranhou o verso “(n)a
santidade de sua nudez” de um poema de Manuel Bandeira, cujo título é “Balada de Santa Maria Egipcíaca”. Daí a poesia da autora de “Vaga música” talvez personificar, para Quintana, o principal episódio que marca a biografia da santa: o martírio de entregar a pureza do seu corpo a um barqueiro que assim o exigiu para atravessá-la de uma margem a outra do rio. Ou seja, apesar de entregue às contingências humanas, o “corpo” da poesia de Cecília Meireles atravessa-as incólume e segue com a alma mais pura ainda porque retemperada pelo sacrifício e pelo desprendimento das coisas terrenas e materiais.

A pureza dos poetas concretistas é de outro gênero, pois advém do procedimento quase “benediino” com que concebem os seus poemas “Longe do estéril turbilhão da rua”, sem a “marca suja da vida” sobre a qual escreveu Manuel Bandeira no metalinguístico “Nova Poética”, quando lançou a “teoria do poeta sórdido”:

(...) Vai um sujeito./ Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco/ muito bem engomada, e na primeira esquina/ passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a/ calça de uma nódoa de lama:/ é a vida.// o poema deve ser como a nódoa no brim: / Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero./ Sei que a poesia é também orvalho./ Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas/ as virgens cem por cento e as amadas/ que envelheceram sem maldade”.

Alguns dos temas de Quintana são justamente os rejeitados por Bandeira para compor a “teoria do poeta sórdido”: o orvalho, as menininhas, as estrelas, as virgens e as amadas de todos os matizes. Até mesmo as que “envelheceram sem maldade”. Só que a eles o poeta gaúcho adiciona uma pitada de humor cuja dosagem é suficiente para extrair a poção edulcorada que os envolvia. Outros temas, menos líricos, Quintana os submete ao fogo brando de uma ironia que, algumas vezes caústica, ferina, incomoda principalmente pelo ridículo com que desvela e expõe a pretensa gravidade e circunspecção de que se revestiam. Que o digam os enfatuados e professorais juriconsultos, contra os quais ele prega uma espécie de “infanticídio” para redimir a humanidade do primarismo e da torpeza dos seus atos:

“E os velhos juriconsultos viram fetos... esses fetos que a gente olha, meio desconfiado, nos bocais de vidro.. e que, no silêncio dos laboratórios, oscilando gravemente as cabeças fenomenais, elucubram anteprojetos, orações de paraninfos, reformas da Constituição... Sempre que puderes, crava um punhal, um garfo, um prego no miolo mole dos fetos” (“Das Metamorfoses”. In _. “Poesias”.)

Já em “Poeminha do contra”, Quintana delimita o espaço onde ele próprio se inscreve na condição de um canoro e lírico passarinho, de um outro ocupado pelo “passarão”, que tanto
pode ser um neologismo que (dês) qualifica ironicamente os poetastros de todos gêneros e graus, como a utilização do verbo passar sugerindo a transitoriedade e a insignificância dos que tentam a todo custo bloquear e impedir o seu caminho: “Todo esses que aí estão/ Atravancando o meu caminho,/ Eles passarão.../ Eu passarinho!”

No entanto, o poema de Quintana não pede outro tipo de leitura senão a que o considere à feição de um bloco monolítico. Daí a divisão de espaços acima estabelecida se afigurar apenas como um procedimento didático que visa a sublinhar o território em que se move ambiguamente este lírico quase sempre triste de Alegrete.

Ainda com referência ao “Poeminha do contra”, os termos “passarinho” e “passarão” parecem situar em lados antagônicos dois tipos de poeta: o próprio Quintana, cujo lirismo, de tão delicado, se assemelha às vezes a um frágil graveto transportado no bico de um passarinho; e o “passarão”, espécie de ave graúda e desengonçada segundo a qual o lirismo deve e pode ser atropelado pelo rolo compressor de uma poesia de cariz asséptico e ostensivamente impessoal.

Em inícios dos anos 70, quando o autoritarismo do regime militar já estava plenamente consolidado em todo o país, Quintana não teve nenhum pejo ou prurido para externar a sua opinião sobre a arte dita engajada. Ou seja, arriscava-se a perder amigos e o afago de uma determinada crítica de inspiração marxista, mas nunca a ocasião de lançar as farpas de sua ironia contra um tipo de poesia que ele talvez considerasse tribunícia ou panfletária. Tanto que, em “Proletário”, do livro “Caderno H”, sentencia: “Sujeito explorado financeiramente pelos patrões e literariamente pelos poetas engajados”.

Já diante do pôr do sol nos céus de Porto Alegre, deixa escapar a sua condição de lírico congenial em detrimento da arte que se convencionou chamar de participante: “Quanto à arte engajada, eu só te pergunto: “Que significação política tem o crepúsculo?” (“Coisas numeradas de um a trinta e cinco”, In “Caderno H”).

“Diálogo ultra-rápido”, ainda de “Caderno H”, reúne dois personagens, um dos quais, justamente o que conclui o arremedo de conversação, exerce o papel de alter ego do poeta Mario Quintana: “_Eu queria propor-lhe uma troca de ideias... _ Deus me livre!”

No texto acima, a ironia deriva da circunstância de um dos personagens tomar a expressão no sentido próprio quando quem a empregou o fez no sentido figurado.

Aliás, discorrendo a propósito da “Comicidade das palavras”, Henri Bergson cita alguns exemplos que mantêm uma íntima correlação com “Diálogo ultra-rápido”. Um deles é o seguinte: “Diz alguém perante Boufflers sobre uma pessoa pretensiosa: ‘Ele corre atrás do espírito’. Se Boufflers houvesse respondido: ‘Não o alcançará’, teria sido o começo de uma frase de espírito; mas penas o começo, porque ‘alcançar’ é tomado no sentido figurado quase tão frequentemente como o termo ‘correr’, e não nos obriga com suficiente vigor a materializar a imagem de dois corredores indo um atrás do outro. Para que a réplica pareça espirituosíssima, bastaria tomar ao vocabulário do esporte um termo tão concreto, tão vivo, a ponto de dar a impressão de se estar assistindo à corrida. É o que faz Boufflers: ‘Aposto no espírito’”.

“A Amiga” é outro texto onde Quintana investe naquilo que Bérgson convencionou chamar de “comicidade de palavras”: Ele chegou ao bar pálido e trêmulo. Sentou-se. Por enquando, nada – desculpou-se ao garçon. – Estou esperando uma amiga. Dali a dois minutos estava morto. Quanto ao garçon que o atendeu, esse adorava repetir a história, mas sempre acrescentava, ingenuamente: E, até hoje, a ‘grande amiga’ não chegou!” (“Caderno H”)

O humor triste que perpassa “A Amiga”, antes de ter sido provocado conscientemente como o foi a ironia por um dos personagens do texto “Diálogo ultra-rápido”, resultou da deficiência receptiva do garçon em tomar ao pé da letra o que o homem utilizara num sentido estritamente figurado: “_Estou esperando uma amiga”.

A tônica de “Cumplicidade” (“Caderno H”) é o humor negro: “A ‘boa ação do dia’ predileta dos Anjos da Guarda é fazer os gambás atravessarem o tráfego maluco: quando estes se dão conta, já estão do outro lado...”

Nem é preciso dizer que “o outro lado” não corresponde à outra margem da rodovia e muito menos que os gambás “passaram desta para uma melhor”.

O cômico, já disse Berson, “dirige-se à inteligência pura; o riso é incompatível com a emoção”. E continua: “Mostrem-me um defeito por mais leve que ele seja: se me for apresentado de modo a comover a minha simpatia, ou meu temor, ou minha piedade, acabou-se, já não há mais como rir dele”.

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O homem da muleta ou da perna de pau é uma temática que desponta com alguma frequência na obra de Mario Quintana. Em “Copt!Clopt” (“Caderno H”), por exemplo, o poeta limita-se apenas a olhar entre terno e comovido a ruazinha engasgada com o clopt! clopt! da muleta e com a sofreguidão de um corpo portador de uma deficiência física.

No entanto, basta Quintana reunir três homens de perna de pau para obter um efeito cômico: “Qual a essência do cômico? Um homem de perna de pau nos deixa indiferentes, polidamente indiferentes. Mas três homens de perna de pau andando juntos na rua... não, isso é demais! Por que estás rindo?”

Segundo Pascal, “Dois rostos semelhantes, cada um dos quais por si não faz rir, juntos fazem rir por sua semelhança”. E Bergson, na esteira do autor de “Pensamentos”, acrescenta: “Que o leitor analise a impressão obtida diante de dois rostos muito parecidos: verá que pensa em dois exemplares obtidos de um mesmo molde, em duas representações de um mesmo clichê, em suma, num processo de fabricação industrial. No caso, a verdadeira causa do riso é esse desvio em direção à mecânica”. Se um só homem de perna de pau às vezes possui uma certa aura de respeitabilidade, esta tende a declinar quando a ele agrupam-se outros homens marcados pelo mesmo estigma. Em última instância, o que poderia despertar dó, piedade, respeito ou mesmo indiferença, tem tudo para tornar-se risível, cômico e algumas vezes objeto do escárnio e da maledicência do público.

Com efeito, três homens de perna de pau, e ainda mais andando juntos na rua, parecem recém-saídos de uma mesma forma, produzidos em série. Convertem em regra o que até bem pouco tempo atrás era exceção, além de assumirem um caráter meio mecânico e até mesmo artesana.

Um outro texto de Quintana ao qual se pode aplicar algumas das considerações de Bergson sobre o cômico é “O Juca”, de “Caderno H”: “O Juca era das categorias das chamadas pessoas sensíveis, dessas que tudo lhes toca e tange. Se a gente lhe perguntasse ‘Como vais, Juca?’ ao que qualquer pessoa normal responderia ‘Bem, obrigado!’ – com o Juca a coisa não era assim tão simples. Primeiro fazia uma cara de indecisão, depois um sorriso triste contrabalançado por um olhar heroicamente exultante, até que esse exame de consciência era cortado pela voz do interlocutor, que começava a falar chãmente em outras coisas, que aliás o Juca não estava ouvindo...Porque as pessoas sensíveis são as criaturas mais egoístas, mais coriáceas, mais impenetráveis do reino animal. Pois meus amigos, da última vez que vi o Juca, o impasse continuava...E que impasse! Estavam-lhe ministrando a Extrema-Unção. E, quando o sacerdote lhe fez a tremenda pergunta, chamando-o pelo nome: ‘Juca, queres arrepender-te dos teus pecados?’ vi que, na sua face devastada pela erosão da morte, a Dúvida começava a redesenhar, reanimando-a, aqueles seus trejeitos e caretas, numa espécie de ridícula ressurreição. E a resposta não foi nem ‘sim’ nem ‘não’; seria acaso um ‘talvez’, se o padre não fosse tão compreensivo. Ou apressado. Despachou-o num átimo e absolvido. Que fosse amolar os anjos lá no céu!

E eu imagino o Juca a indagar, até hoje:

_Mas o senhor acha mesmo, sargento Gabriel, que ele poderia ter-me absolvido?” (“Caderno H”)

Juca possui um caráter cômico por excelência. Tão cômico que o narrador imagina-o rígido e imutável até mesmo depois da morte, pois, “Em certo sentido, poder-se-ia dizer que todo caráter é cômico, desde que se entenda por caráter o que há de já feito em nossa pessoa, e que está em nós em estado de mecanismo montado, capaz de funcionar automaticamente. Será aquilo pelo que nos repetimos”. (“O Riso”, Bergson)

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Compulsivo, Juca repete-se “ad nauseam” tal e qual uma máquina que tentasse dar um basta ao automatismo de quem responde um cumprimento apenas por responder. Paradoxalmente, porém, é a rigidez do caráter de Juca que corresponde a uma espécie de “mecanismo montado, capaz de funcionar automaticamente”.

Ainda com relação ao personagem Juca, deve-se levar em conta que “toda rigidez do caráter, do espírito e mesmo do corpo, será, pois, suspeita à sociedade, por constituir indício possível de uma atividade que adormece, também de uma atividade que se isola, tendendo a se afastar do centro comum em torno do qual a sociedade gravita; em suma, indício de uma excentricidade”.

Há quem diga que o alvo da ironia é o “outro”, enquanto quem utiliza o humor o faz usando a si mesmo como alvo. Neste último caso, porém, o humor seria um mecanismo de defesa tendo em vista disfarçar todo e qualquer sentimento de autocomiseração.

Segundo Freud, o humor “Significa não apenas o triunfo do ego, mas também o do princípio do prazer, que pode aqui afirmar-se contra a crueldade das circunstâncias reais”. Um dos exemplos citados por ele é o do prisioneiro que, levado à forca num dia de segunda-feira, teria comentado: “Bem, a semana está começando otimamente”. (“O Humor”, Freud).

O modo pelo qual os textos de Quintana procuraram tangenciar a “crueldade das circunstâncias reais” não atinge o mesmo grau de “fanfarronice” ou de “bravata” do prisioneiro diante da morte. Na verdade, a poesia de Quintana é muito mais regida pela ironia do que pelo humor, isso se for estabelecida a distinção entre essas duas manifestações do sentimento humano.

“História azul”, de “Caderno H”, ilustra exemplarmente o quanto o “outro” é alvo da ironia de Quintana, mesmo que este “outro” esteja sob a mira das espingardas de um pelotão de fuzilamento: “Era tão burro que estava sempre com a cara atrasada 5 minutos. Mas os (...) que a traziam na hora, via-se logo que se achavam diante do pelotão de fuzilamento. E, quando o capitão gritou: _Fogo! – só ele não tombou – porque não estava atualizado”. (“História azul”, “Caderno H”)

Aqui, retardamento e nonsense deram-se as mãos para resgatar o “outro” da execução a que fora condenado. Ou seja, se o “outro” proferisse alguma frase de humor ou de efeito como o fez o condenado à forca, na melhor das hipóteses inflaria um ego logo emurchecido pela perfuração das balas. “Salvou-o”, então, a morosidade do seu raciocínio, que eventualmente pode tornar sãs e salvas pessoas de carne e osso quando frente a frente com determinadas situações-limite. É que a alienação, às vezes, é um salvo-conduto para a vida.

O principal “é a intenção que o humor transmite, esteja agindo em relação quer ao eu quer a outras pessoas”. E o que transmite o poeta gaúcho? Certamente o que Freud sobre o leit motiv do procedimento humorístico: “Olhem! Aqui está o mundo, que parece tão perigoso! Não passa de um jogo de crianças, digno apenas de que sobre ele se faça uma pilhéria!” (“O Humor”, Freud)

Quando o “Titaniz” naufragou, Jacob Astor, um dos homens mais ricos a bordo, não pode resistir à tentação de pilheriar quando viu o mar cheio das lascas do iceberg contra o qual o navio havia abalroado: “Eu tinha pedido gelo, mas isso é ridículo!”

Segundo alguns, essas teriam sido suas últimas palavras. Palavras, aliás, que se não tivessem sido pronunciadas, dificilmente alguém viria a saber da existência de um certo Sr. Jacob Astor, passageiro do “Titanic”, cuja verve humorística terminou sobrevivendo a ele mesmo.

As últimas palavras de Jacob Astor bem que poderiam ser inscritas na lápide do seu túmulo. Seria um epitáfio compatível com quem certamente erigiu o humor como uma espécie de tábua de salvação ante as intempéries e vicissitudes da vida. E até mesmo ante a irreversibilidade da morte.

Mario Quintana, quando vítima da “crueldade das circunstâncias reais”, também sobrevive a ele mesmo lançando ao papel os bálsamos – ou seriam as balsas – da ironia e do humor. Daí “poupar os afetos a que situação naturalmente daria origem e afastar com uma pilhéria a possibilidade de tais expressões de emoção”. Isso, quer seja ele ou o “outro” o objeto de sua atitude jocosa.

Poetas existem para quem o branco do papel parece lascas de um iceberg a abalroá-los. Só que não deixam nenhuma palavra para os pósteros. O que escrevem dissolve-se tão rapidamente quanto o “bloco de gelo” que os levou a pique.

Em “Palavra escrita” (“Caderno H”), assaltado pelo “medo idiota” de que os cadernos nos quais escreve “saiam póstumos”, Mario Quintana indaga: “Mas haverá coisa escrita que não seja póstuma? Tudo o que sai impresso é epitáfio”. (“Caderno H”)

A maioria dos textos de Quintana são epitáfios não só no que eles possuem de lapidar e permanente, mas naquilo que condensam de uma personalidade cujas principais características foram o humor e a ironia.

Em Quintana, porém, o dar de ombros, o sorriso de mofa ou de desdém, possuem às vezes raízes profundas: brotam e ramificam-se da tristeza convertida e perpetuada em humor ou em ironia sobre a lousa branca do papel.

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  1. Esse texto de Sérgio de Castro Pinto me fez lembrar um delicioso filme dinamarquês chamado "A Festa de Babette", em que, convidada a sair da remota aldeia litorânea da Jutlândia para brilhar como soprano em Paris, a moça recusa o convite do encantado hóspede francês, porque, "se a nossa cozinheira, Babette, era a melhor que havia lá, e você me considera melhor, na minha área, do que as que conhece na França, por que sair daqui?" Realmente. Coisas como essa análise da poesia de Quintana e a de João Batista de Brito sobre a do próprio Sérgio, me levam à mesma pergunta. Por que sair de uma terra que não para de me surpreender? Porque... haja a poesia e crítica de Hildeberto Barbosa, a poesia de Tavinho Teixeira, Expedito Ferraz, Vitória Lima e Águia Mendes. Haja a pintura de Flávio Tavares e de Miguel dos Santos. Haja o teatro de Luiz Carlos Vasconcelos e seu Vau da Sarapalha, sem falar de tanta gente extraordinária de que fui parceiro - como o maestro Eli-Eri, a prof. Ilza Nogueira, o maestro Kaplan, o cineasta Marcus Vilar, os extraordinários encenadores Fernando Teixeira e Ubiratan de Assis, atores e atrizes com que contracenei - como Zezita Matos, Everaldo Vasconcelos, Nanego e Soia Lira, Marcélia Cartaxo, Servílio de Holanda e Verônica Cavalcante, sem falar dos textos sinfônicos de Germano Romero, das crônicas de Bráulio Tavares, Ana Adelaide Peixoto José Nunes e Gonzaga Rodrigues, as grandes entrevistas de Luiz Carlos Nascimento, romances de Tarcísio Pereira e Marília Arnaud, Maria Valéria Rezende e Roberto Menezes. E haja "omissões imperdoáveis". Maravilha, Sérgio!

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  2. eio, mestre solha, obrigado. e bom, muito bom, você ter permanecido entre nós. abraços.

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