Diante dos novos desafios para construir um método que venha criar uma harmonia entre as áreas do conhecimento e nos relacionamentos...

Poesia e ciência

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Diante dos novos desafios para construir um método que venha criar uma harmonia entre as áreas do conhecimento e nos relacionamentos humanos, também entre os países, o sociólogo e filósofo francês Edgar Morin (1921) afirma que “É preciso reagrupar os saberes para buscar a compreensão do universo", de forma a reorganizar uma unidade nas diversidades. Nesse contexto, deve-se aplicar esses novos conhecimentos na convivência humana e sensibilizar-se com a harmonia do Universo, porque o Cosmos foi criado a partir de suas próprias leis — e a natureza humana está contida nelas — que são descobertas pelas ciências exatas e humanas.

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Para entender isso, uma das obras de Morin é a constituída por seis volumes, conhecida por O Método. Foi escrita durante três décadas e meia, que inicia os primeiros escritos em 1973, com a publicação do livro O Paradigma Perdido: a Natureza Humana. Esse livro fundamenta a necessidade de uma transformação epistemológica por questionar o engessamento ideológico e paradigmático das ciências. O conceito de paradigma significa um modelo, que corresponde a um exemplo a ser seguido em determinada situação estabelecida por limites, que determina o agir de um indivíduo quando está inserido neles, por considerar que o ser humano é um ser social; econômico; político; psicológico; também, é constituído de sabedoria e loucura.

Sabe-se que as teorias se limitaram aos estudos por área, e as questões da natureza humana tem sido pouco compreendida. Na opinião de Morin, os pesquisadores deveriam inserir um “conhecimento especializado” em um contexto natural e, também, na globalidade. Ele sugere a necessidade de uma reorganização do saber a partir do pensamento filosófico deste século. Por isso, ele afirma: "Devemos contextualizar cada acontecimento, pois as coisas não acontecem separadamente. E os átomos surgidos nos primeiros segundos do Universo têm relação com cada um de nós".

Com a finalidade de exemplificar a ineficiência do “pensamento especializado” na compreensão do todo, Morin criticou as ciências econômicas.
Por exemplo, alguns economistas procuram solucionar questões fundamentando-se na matemática e na lógica. Diante disso, ele afirma:

"Eles se isolaram do resto das ciências humanas e se esqueceram da influência dos sentimentos, dos medos e dos desejos no processo econômico".

Nessa crítica, percebe-se a necessidade de um novo método científico, que unifique as diversas áreas da Ciência. Isso é possível encontrar — nos dias atuais — na Cosmologia, que une a astrofísica com a microfísica e com reflexões filosóficas. Esse exemplo apresenta a necessidade de analisar as relações humanas e o mundo e o Cosmos com uma sensibilidade poética.

Edgar Morin afirma que o ser humano é um ser social; econômico; político; psicológico; também, é constituído de sabedoria e loucura. Morin apresentou o conceito de “pensamento complexo”, que se refere à capacidade de unir diferentes dimensões da realidade multidimensionais, interativas e com componentes aleatórias, com a finalidade de desenvolver uma estratégia de pensamento reflexivo. Esse conceito analisa as partes que são constituintes de um todo, que são conhecidas por sistêmica, cibernética e as teorias da informação. Uma de suas teses diz que diante dos problemas complexos que as sociedades contemporâneas enfrentam, apenas estudos inter-poli- transdisciplinares poderiam resultar em análises satisfatórias de tais complexidades. Para uma melhor compreensão, ele diz:

"Afinal, de que serviriam todos os saberes parciais senão para formar uma configuração que responda a nossas expectativas, nossos desejos, nossas interrogações cognitivas?”
Essa tese também é encontrada no seu livro Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, que apresenta o que ele chama de inspirações para o educador ou os saberes necessários a uma prática educacional. Essa Teoria da Complexidade é usado na epistemologia, e aplicada também na filosofia, na pedagogia, matemática, física, economia, informática, psicologia, arquitetura e em outras áreas.

A Teoria do Pensamento Complexo baseia-se em três princípios: a “dialogia”, admite-se que a coerência do sistema aparece com seu absurdo/contradição; a “recursividade”, que é a capacidade da retroação de modificar o sistema; a “hologramia”, que é utilizar a parte pelo todo e o todo pela parte. O operador dialógico envolve a razão e emoção; o sensível e inteligível;
o real e o imaginário; a razão e os mitos; a ciência e a arte. E trata-se da não existência de uma síntese, porque tudo isto consiste no “dialogizar”. O operador recursivo trata do fato de que sempre aprendemos que uma causa A produz um efeito B. Nessa recursividade a causa produz um efeito, que por sua vez produz uma causa. O operador hologramático trata de situações em que o indivíduo não consiga separar a parte do todo. Porque a parte está no todo, assim como o todo está na parte. Nesse contexto, o “pensamento complexo” afirma que somos produtores de cultura. E todas as obras de arte apresentam conhecimentos sobre a vida. Por isso que se deve unir as artes com o pensamento científico. Morin escreveu:

"Muitas pessoas garantem a subsistência com determinado tipo de trabalho, sem deixar de investir em outras áreas que lhes dão mais prazer".

As contribuições de Morin justificam a importância do contexto histórico na formação dos cidadãos e na compreensão de uma comunidade, e sugerem um método que priorize uma interpretação contextualizada. Para isso, tem-se a auto eco-organização, que é uma nova maneira de ver a indissociabilidade entre sujeito e mundo; e o sujeito cognoscente é quem realiza um ato de conhecimento através do pensamento. Tudo isso a partir de uma unicidade entre poesia e ciência.

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