Meu colega escritor René Descartes ensinava, em seu "Discurso do método", que o bom senso deve ser a coisa mais bem distribuída do mundo, porque até mesmo os mais difíceis de contentar não pretendem ter mais bom senso. Andou certo o querido René; mesmo quando nos dirigimos a Deus, pedimos mais saúde, mais dinheiro, mais tempo de vida.... Porém, não conheço ninguém que tenha rezado algum dia implorando por mais bom senso.
Como sou praticante do nadismo, aproveitei uns dias nos quais sempre me dedico a não fazer absolutamente nada para avançar nesse pensamento e cheguei a uma conclusão: o ser humano também não tem a mínima ideia do que lhe é suficiente. Querer sempre mais pode até ser interessante no início. Porém, há de trazer prejuízos terríveis quando ultrapassado o limite do suficiente.
Celyn Kang
Saúde? Ora, ora. Eu mesmo fui vítima do excesso. Apesar de sempre ter praticado esportes (nado desde os 6 anos de idade), um belo dia descobri as corridas de rua. Sem nenhuma orientação técnica, comecei a treinar intensivamente e depois loucamente. Cheguei a correr pela manhã e à tarde além de fazer uma fortíssima musculação, também diária. O resultado foram hérnias de disco que me colocaram 6 meses na cama.
Joshua Earle
Poderia continuar nessa pisada e demonstrar que, em qualquer atividade humana, há a necessidade de um limite e que esse limite será sempre o suficiente, porque o que se segue a essa linha pode prejudicar tudo o que foi conquistado, anulando a conquista ab initio.
A grande questão: qual é o limite do suficiente? Prometo a vocês que se minha abissal preguiça permitir, sacrificarei umas horas do nadismo para pensar a resposta.




















