Amor Profano A ciência inclinou-se, por um tempo, a considerar o amor do casal humano como um programa inculcado pela Natureza, ten...

Amor Profano e Amor Sagrado

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Amor Profano

A ciência inclinou-se, por um tempo, a considerar o amor do casal humano como um programa inculcado pela Natureza, tendo em vista a fragilidade excessivamente prolongada de nossos filhotes, que ficariam totalmente desprotegidos se o pai se afastasse da mãe mal a visse prenhe.

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Paul Delaroche (The Wallace Collection, Londres)
Mais recentemente, com as famílias se resumindo a um ou dois filhos, os especialistas perceberam o prazo para a duração desse “contrato” natural: o suficiente para que a(s) cria(s) começasse(m) a andar com os próprios pés – daí a crise entre os quatro e sete anos de união, que cada vez mais passou a separar os pares. Com o controle da natalidade e as mulheres dispondo de seus próprios meios de sobrevivência, esse período tornou-se ainda mais curto – ou mesmo inexistente.

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Eddie Arning (1973) ▪️ Smithsonian American Art Museum Smithsonian American Art Museum
A superpopulação, por outro lado, vem – de alguns anos para cá – diminuindo o prestígio da maternidade e... a quantidade de pessoas se unindo a outras do mesmo sexo tem crescido significativamente, tornando cada vez mais comum o amor profano, como aquele excepcionalmente vivido por Aquiles e Pátroclo (como em minha tela alusiva à peça Tróilo e Créssida, de Shakespeare) ou, bem mais próximas de nós, Gertrude Stein e Alice Toklas. Mas, em 2015, eu e Ione fomos a Paris comemorar mesmo nossas bodas de ouro, uma exceção que só confirma a regra.

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WJ Solha e sua esposa Ione (Bodas de Ouro, Europa 2015)

Amor Sagrado

Por um problema de tradução, temos um dos grandes absurdos religiosos: um mandamento dizendo que se deve “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Como se pode amar – seja o que for – por decreto?

Basta uma olhada na versão latina, entretanto, para se ver o engano: Diliges Dominum Deum tuum (Mateus 22:37), Diliges proximum tuum sicut teipsum (Mateus 22:39). Claro, considerando que o Jeová da Sistina não é mais que um deus tribal judeu – cheio de arrependimentos e fúrias –, resta-me o de Espinosa, segundo o qual “Deus quer dizer Natureza”, da qual sou parte. Isso me leva a entender que agredi-la é masoquismo suicida.

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James Tissot (ca. 1886/1894)
Daí esse diliges Dominum Deum tuum – seja diligente com Ele (ou Ela), o que se estende também ao Outro, ao próximo: uma necessidade para que se viva em paz.

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