Espiando as rochas negras pela fresta da janela, veio logo a sensação de um claro “déjà vu”. Se bem que a lembrança não estava assoc...

Entre a robustez do sólido e a leveza do etéreo

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Espiando as rochas negras pela fresta da janela, veio logo a sensação de um claro “déjà vu”. Se bem que a lembrança não estava associada ao cenário que eu olhava. Mas apenas ao contexto transcendente e sem igual, pois que era bem antigo todo aquele visual.

Apesar de ser o mesmo, de anos, talvez séculos, cada dia é diferente, o que surge ali na frente. Seja o céu, ou seja o mar, o marulho, o farfalhar, seja a brisa ou mesmo o Sol, tudo muda a cada hora. Lá em cima são
as nuvens que decoram e desenham com a forma do instante, sem jamais se repetir no desfile que promovem, tanto ao dia como à noite, e no brilho do luar.

Também muda a melodia, na aurora ou na alvorada. Uma vez, o bem-te-vi, doutra vez é a jandaia, e à noite, vez por outra, soa o pio da coruja. Pois existe aqui bem perto um casal de buraqueiras, corujinhas que se aninham no terreno ainda verde. Seus filhotes não demoram, saem do ninho, descobrem o mundo, brincam uns dias e ganham o céu. Pouco mais, os dois amados se acasalam novamente no aconchego desta relva, e assim vai se cumprindo o mistério admirável que se rege pelas “mãos” da Divina Criação.

Das rochas nunca esqueço, dada a força que elas têm auferido com o tempo. Na face negra e rude, tão antiga, há resquícios de milênios, e talvez até vulcões. Mas agora decidiram pela inércia suspirar, onde dormem suavemente entre as ondas que as permeiam. São lavadas dia-a-dia com carícia de espumas, num contraste bem dosado de profunda harmonia entre a robustez do sólido e a leveza do etéreo.

Quando há vento mais intenso, o balé se enriquece. Água e pedra se entrelaçam em abraços que se elevam à altura do horizonte. E se o dia for de sol, cai mais brilho lá de cima e faz tudo cintilar. Hoje é dia de espetáculo? Não, amigo, não só hoje. É pra sempre essa magia, pois não há dia sem luz. Assim como não devia existir alguém sem fé.

Se um dia eu me esquecer de ter fé na Criação, vou pensar nessa janela, de onde tenho a visão de um céu que beija o mar e das rochas que ele afaga com amor inusitado que se amolda ao tempo, pelas tardes e amanhãs.

Qualquer noite de luar, ainda vou ali na praia ver de perto o bailado dessas rochas com o mar. Certamente sairei mais convicto e com mais fé na Lei que nos criou, que está por trás de tudo, muito antes dos que pensam que esta vida vai ter fim...

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  1. Anônimo7/8/23 15:44

    👏👏👏👏👏👏👏👏👏❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️🙏🙏🙏🙏🙏🙏🪡🧵✂️

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