Nascida e criada no famoso “Riacho Verde”, sítio ao sul de Teixeira-pb, aquele exato lugar onde, por força de familiares seus (Nunes, origem ibero-judaica), a cantoria de viola houve de nascer no Brasil, a minha avó disse-me um dia se referindo aos “Poços” – um grande açude construído na seca de 1877, e que batizaria toda a região contígua àquele seu lugar de origem : “Meu fio, em tudo que é lugar do mundo, a primeira palavra que uma criança aprende a dizer é: Ma-mãe!... Mas nos Poços, meu fio, era Ba-ta-ta!...”
Paisagens de Teixeira / Maria Cordeira Nunes Lacet (Teixeira - Pb, 1977)
PMT/Acervo do autor
Eu conheci bem o açude dos Poços, que até os anos 80 do século passado se manteria em sua bacia hídrica original cujo percurso completo pela margem perfaria pelo menos uns 4 quilômetros e pouco, com pelo menos 80% dela adensada e refrigerada por mangueirais de todo tipo, e tendo seu solo quase que totalmente entremeado da planta cientificamente conhecida por “Solanum Tuberosus”, a popular batata-doce.PMT/Acervo do autor
Originária do Andes peruanos, a batata propagou-se pela América Latina, e em sua busca pela reprodução traçou diversos percursos, mas também tomou caminhos opostos quando se fez substituir pelo pão de trigo, surgido de forma semi industrializada naqueles primeiros aglomerados urbanos do Brasil, que atraíam moradores pelo entorno rural, motivados
Juno Jo
Eis, portanto, um registro do primeiro marketing empregado por colonizadores para valorização imobiliária de suas propriedades: a construção de uma igreja e a ordenação de padres da família. Cumpre acrescentar que foi exatamente isto que aconteceu em Teixeira – Pb, na segunda metade do século XIX. Valendo lembrar, no entanto, que essa atitude corriqueira era o principal fundamento para a estrutura imperial de ocupação territorial das colônias: estruturar fortes e igrejas em elevações que fornecessem visão militar estratégica do entorno. A família Dantas havia cedido o terreno para construção de uma igreja e fora hábil em ordenar um membro da família como o primeiro padre da Freguesia.
Marco Verch
Antes mesmo que os italianos manifestassem sua preferência por massas alimentícias, os franceses haviam criado suas boulangeries (panificação) e pâtisseries (bolos, croissants e doces), e o pão, dito salgado, havia se popularizado no mundo com o nome de Pão Francês. O Pão e a produção de trigo* foram incentivadas no século pelo próprio imperador Luís XIII, para se tornarem depois elementos centrais da cozinha francesa.
Uma explicação para esse primeiro domínio do pão por parte de franceses, advém da disseminação exclusiva da batata pelos portos ao longo do Mar do Norte, onde por um momento se deu crédito a uma possibilidade fantástica de panificação operada pelos próprios agentes naturais do Novo Mundo (sic), capazes de oferecer aos seus exploradores a milagrosa oferenda de um pão in natura, aprontado pela natureza, faltando apenas ir ao forno, sendo o fruta-pão um exemplo magnífico dessa possibilidade. Para seu próprio bem, os franceses foram deixados sozinhos no desenvolvimento de suas boulangeries, e apenas mais de um século depois é que os italianos
Hans Hillewaert
Para além do fruta-pão, no entanto, os exploradores do chamado “Novo Mundo” se haviam dado conta de que os indígenas brasileiros, por ex., precisavam apenas cozer suas batatas, inhames e macaxeiras para se proverem dos carboidratos necessários ao consumo diário de calorias. Essa constatação foi inevitável para que Holandeses, Ingleses e Alemães passassem a ver na batata (principalmente a batatinha) sua solução final para alimento das respectivas populações, o que de fato aconteceu numa escala difícil de acreditarmos que tenha um dia ocorrido. O exemplo mais antológico de todos foi a crise da batata na primeira metade do século XIX chamada de A Grande Fome. O fato aconteceu na Irlanda, uma colônia inglesa pertencente ao Reino Unido, e, segundo o louvado historiador Eric Hobsbawm, aquela foi "a maior catástrofe humana da História europeia”.
Eric Hobsbawm UFG
Fungo Phytopthora Infestans VGn