Dou com a televisão propagando o amanho de uma família de pequenos agricultores, creio que dos nossos tabuleiros mais próximos, empenhada n...
É tempo de mangabas
Não é fácil tirar os olhos de Manaus. Já ficou muito mais distante, quando Chico Avelino, meu avô, saiu de burra do Riachão entre Areia e ...
Por mais que a vida continue
Nesse tempo, o que fosse do Norte era cearense. “Baiano” e “paraíba” vieram bem depois. O Ceará, da primeira academia de letras, de onde saiu o primeiro romance da seca, emplacava toda a região que, nas primeiras décadas do século XX, passou a se chamar Nordeste. Depois de 1922, já sob a onda da revolução modernista, ainda eram do Norte os que ousaram se estabelecer por conta própria, como José Américo. “São os do Norte que vêm!” - gritaram do Rio e de São Paulo.
Manaus sentada às margens do Rio Negro, respirando o ar da maior floresta do mundo e morrendo por falta de oxigênio. Acabaram os supriment...
Um respiro por favor
Flávio Ramalho de Brito envia-me crônica de 45 anos atrás, lembrança do que senti com a morte de Raiff Ramalho, seu tio, que faria 100 nes...
Raiff Ramalho
Coube ao governo do professor Tarcísio Burity dirigir as exéquias do 10 de março de 1980, quando a cidade se deu conta do que acabara d...
De volta ao Olho d'Água
Imitação é imitação. À entrada do ano que findou, o fatídico 2020, assisti de uma varanda alta, 16º ou 17º andar, suficiente para descorti...
As estrelas da terra
A pretexto do Natal de luzes falsas, mais de venda que de louvor, sem que se apresente em tempo o ouro dos paus d’arco nem o fervor amoro...
Balduíno e as ilhas da liberdade
Fica longe e faz muito tempo. Não me lembro, portanto, quem tenha me animado a pegar o giz e sair garatujando em portas e janelas a alegri...
'Que a germinação se faça!'
Aumentou a fome. Mais de 3 milhões vieram juntar-se aos 10 milhões que já vinham esfomeados na pesquisa de 2018. Não é estatística do PT...
De corações compassados
Esperei que levantassem as portas do mercado, aqui na Torre, e saí atrás da macaxeira e do inhame. Do cará, que é mais em conta e cozinha ...
Variação em torno do cará
Seja como for, Nilvan Ferreira não será mais o mesmo. Agrega em seu currículo de aparência política até bem pouco obscura a metade (menos...
Nem de longe nem de perto
Deu em A União, em reportagem de Francisco José, ter desabado parte da cobertura do mercado público de Campina Grande, agravando os probl...
A feira de todos os tempos
Quantos problemas tem a cidade que o eleitor desse domingo vai confiar aos dois finalistas da corrida eleitoral? Quantos irão somar o maio...
Eleições 2020: Qual o problema?
Eu era rapazote quando vi falar nisso pela primeira vez. A roda formara-se na calçada de seu Antônio Leal da Fonseca, na hora do pão-cer...
As posturas municipais
Nunca imaginei que, de repente, Iraci viesse influir com tanta evidência nas minhas considerações de experiência pessoal no trato com os m...
Tudo como tem de ser
Quando a conheci - num instante para toda a vida - não deu para ver melhor seu rosto ou detalhes de suas feições. Ia com pressa, com alguma coisa a buscar, a fazer, sem dar ou sem ter chance ou lembrança de passar outra imagem da vida.
Cedo ainda da tarde, de volta pra casa, dou com as vistas num pichamento grosseiro, do pior mau gosto, na parede que ostentava a logomarca ...
O tiro no pé
Sem dono, cercado de basculho, o mato cobrindo uma colmeia de muitos significados, e eu me vendo de repente no ânimo de cinquenta anos atrás, indo e vindo a medir o terreno de fruteiras que teríamos de derrubar, como se fosse para mim, destinado à sede moderna do futuro jornal em off set.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia elegeu a arte de Flávio Tavares como forma de reavivar no rosto de cada um dos seus protagonistas o...
A chamado do Brasil
Não sei onde estava que não mereci o convívio literário de um leitor e escritor de tantas afinidades, morando tão perto das minhas moradas...
Os ditos do quiçá
“Para escrever bem é preciso uma facilidade natural e uma dificuldade adquirida”. Não lembro onde li. Mas é o que vejo na crônica aparentem...
O conto-crônica de Paiva
No começo da semana meteu-se com dois meninos de praia que não passavam dos sete anos, os meninos atrás do cachorrito e o grandão do Paiva atrás deles. Atrás nos passos, no brechar da janela, nos mandados do menino que ele deve ter sido. Uma verdadeira perseguição de ternura.
E o leitor não fazendo por menos ou fazendo do jornal sua praia por conta da prosa solta, livre e sempre lírica desse narrador seguro que lembra o nosso Anco Márcio, que era mais preso, esquecido por nós que organizamos a última coletânea de prosadores paraibanos, inciativa da SEC do tempo de Neroaldo. Mas o esforço de Anco para atingir o pueril não saía tão disfarçado.
Escrevendo como se não escrevesse, apenas contasse, Luiz Augusto de Paiva traz de suas nascentes o conto-crônica que aqui se inaugurou com Silvino Lopes, nos anos 1940, nesta mesma A União que o contribuinte paga sem sentir, talvez nem muito consciente de sua obediência a um ditame de raiz. Desde o segundo decênio do século passado que a leitura, quando exigência do espírito, vem sendo liderada pelo jornal de Gama e Melo, Carlos Dias, José Américo e a descendência que os tomou como exemplo.
Foi onde Paiva veio deitar e bordar. Houve outro paulista ou paulistano, primeiro gerente da Santista no nosso Distrito Industrial, que comprava A União, menos pela notícia disputada por dois ou três outros diários, como para se identificar com o comportamento do paraibano. Chamava-se Armando Abreu, gostava de árvores, e no tempo em que a Torre era mais de casebres que de lojas comerciais, foi nela que escolheu sua morada, olhando para as biqueiras de Carlos Romero.
Paiva saiu da Barra Funda, do Brás, da Bexiga para vir se aninhar entre os meninos que somos todos nós, de 7 a 80 anos, todos capazes de botar luto porque a Chiquita comeu o que não devia e morreu. Foi um trabalho danado para o grandalhão dar a notícia aos meninos seus colegas.
Aprendi com o jornalista Dulcídio Moreira que a elegância dos sapatos distingue tanto ou mais quanto a dos bons ternos. Um sapato cego, se...
Dulcídio de muitos portos
Aprendi com o jornalista Dulcídio Moreira que a elegância dos sapatos distingue tanto ou mais quanto a dos bons ternos. Um sapato cego, sem brilho nem classe, podia derrotar um terno inteiro de casimira ou de linho irlandês, luxo que não devia faltar no guarda-roupa da usina ou do alto comércio. Veja-se uma foto de evento político ou oficial dos anos 40, com Virginio Veloso, José Américo, Argemiro, Renato Ribeiro, de grupos políticos diferentes, mas alvejando iguais no diagonal york-street ou no linho irlandês.