Coube ao governo do professor Tarcísio Burity dirigir as exéquias do 10 de março de 1980, quando a cidade se deu conta do que acabara de ouvir pelo rádio, cedo da manhã, nas últimas palavras de um mito vivo, internado na antevéspera, José Américo, encerrando o discurso de toda uma vida: “Tudo.......consumado”.
Vem o telefonema de Alceu Amoroso Lima, acordado, no Rio pelo repórter de A União: “Volto a repetir, nesta hora de luto para a cultura brasileira, o que já disse, em dois discursos, e que o seu final de vida só o faz confirmar: “morre o homem mais representativo do Nordeste”.
Homem de ação, de grandes realizações e de pensamento e de letras. De longa convivência nos planos mais altos sem prejuízo do seu natural, dos pratos do seu gosto, das plantas do seu quintal, da linguagem da sua gente. Perguntei, à saída do velho pescador que conversava com ele: "— Ele fica à vontade com o senhor!?”. E o herói recolhido que as grandes lideranças vinham visitar e ouvir me responde, naturalmente : “Ele é que me deixa à vontade”.
O êxodo, ao tempo de José Américo, era o da seca; no tempo de Celso Furtado era o da zona rural para a urbana. Quem sabe, hoje, se já não se pode discutir o êxodo ao contrário, i.e., da volta aos campos, secos ou verdes, hoje desabitados.
As cidades já não cabem mais e, nas crises de fome ou sanitárias, como as de agora, o aceno de José Américo não seria outro senão para as terras do Olho d’Água, o engenho onde nasceu. Talvez, lá, nem precisasse de máscara. As técnicas, os meios são outros, os fins continuam os mesmos, quase intocados.
É o que me ocorre lembrar nesse 10 de janeiro, 134º ano de nascimento do grande patriarca.