Mostrando postagens com marcador Gonzaga Rodrigues. Mostrar todas as postagens

Dez páginas, apenas e tão somente dez páginas em corpo 10 dos velhos magazines de linotipo!... E que páginas! Há prefácios assim. Esse d...

literatura paraibana irineu pinto historia gonzaga rodrigues jose pedro nicodemos
Dez páginas, apenas e tão somente dez páginas em corpo 10 dos velhos magazines de linotipo!... E que páginas!

Há prefácios assim. Esse de meus frequentes retornos é assinado pelo professor José Pedro Nicodemos à edição feita para publicar pela Universidade Federal da Paraíba, através de sua editora, sob recomendação de um conselho editorial dirigido por Francisco Pontes da Silva.

Não atuei como desejava em minha estreia no canal Youtube. Propus-me participar dos 80 anos da Academia de Letras, na comemoração a que...

literatura paraibana clodoaldo muniz raimundo asfora alagoa nova
Não atuei como desejava em minha estreia no canal Youtube. Propus-me participar dos 80 anos da Academia de Letras, na comemoração a que a Fundação Joaquim Nabuco se associou, e me vi abafado com meia dúzia de páginas a Tarcísio Burity. Sou movido por lembranças, emoções, e nunca soube organizá-las, na escrita, como um Juarez Batista ou um Celso Mariz, para ficar nos nossos. Nem lembrar José Américo, o melhor deles e de todos nisto de modelar emoções.

Li meu trabalho de voz apagada, quase afônico, eu que sempre tentei me mostrar em público como o antigo revisor de leitura alta de A União, recém-chegado de Campina, lendo as provas tipográficas naquele timbre radiofônico da antiga Rádio Borborema.

Cansaço da idade, acredito que não, pelo menos na voz.

Perdi o tom, uma hora antes da gravação, com a notícia da morte de Clodoaldo Muniz, admiração de infância, da mesma cruzada, do mesmo grupo escolar e, diferente dos outros, preso em si mesmo, contido.

Fomos irmãos dois anos somente, de 1943, quando vim morar na rua principal de nossa cidade, a 1945, quando tive de ficar interno no Pio XI para o admissão, não só ao ginásio, mas ao seminário. Clodoaldo ia também ser padre, por vocação, mas ficou se preparando como pôde, por si mesmo, em Alagoa Nova. Viera do sertão, penso que de Catolé, tangido pela seca.

Meus outros colegas eram para as traquinagens de rua, as safadezas, eu no meio deles. Com Clodoaldo, não, era um menino que pensava, entretinha-se com a cabeça, vendo o mundo sempre bem lá fora, do batente de casa, e aprendendo na escola pública e na cruzada de padre Borges. Aprendemos juntos a ajudar a missa em latim, Teodomiro, o sacristão, na parte prática, D. Antonina, minha mãe, no dizer das palavras do acólito. Minha mãe fora criada por freiras ministradas por um padre antigo da história da terra, o padre Antunes.

Foram apenas dois anos, volto a dizer. Os setenta e seis que a vida veio nos oferecer depois foram de ausência quase completa, um sabendo do outro por ouvir dizer. Ele diácono, não chegara a padre, professor, construtor de colégios e mentor espiritual de duas freguesias, em Campina Grande e Alagoa Nova. A nota de pesar da Diocese expressa seu labor e suas virtudes.

Há um poeta, creio que Rimbaud, de quem gravei de alguma leitura uma exclamação solta, que, por isso mesmo, vem calhar em certas situações: “Como os pássaros e as nascentes ficam longe!”

Eu estava com Raimundo Asfora numa homenagem de Alagoa Nova a Luiz Avelima, poeta e militante cultural de minha terra, ele vendo e lendo tudo de São Paulo, onde se aninhou, quando Clodoaldo me avista no discurso que fazia, merecidamente, a nosso conterrâneo. E sai dele um instante: “Estou vendo daqui o filho de dona Antonina, nosso irmão.” Ora, fazia uns cinquenta anos que não nos víamos. E como o pássaro distante que vinha de longes céus e remotas fontes posar no microfone, não se contém e canta: “Dona Antonina não, corrijo-me, Santa Antonina”.

Engoli o choro, Asfora ombreando-me ao lado, chamando-me ao aperto, para desafogarmos logo depois, no primeiro bar, sem Clodoaldo, que não bebia.

Agora, nesta semana, faltando uma ou duas horas para gravar um pouco dos meus guardados de admiração e amizade a Tarcício Burity, o telefone toca. Avelima, de São Paulo, me dá a notícia, e não teve água com sal que, daí em diante, limpasse meu discurso.

Uma amiga que não posso dizer da minha mesma idade para não ofendê-la pergunta por que não reedito o meu primeiro livro. Acha que ainda ...

literatura paraibana centro historico joao pessoa nostalgia passado cronica cidade antiga
Uma amiga que não posso dizer da minha mesma idade para não ofendê-la pergunta por que não reedito o meu primeiro livro. Acha que ainda existe algum interesse, mesmo de antiquário, por uma coletânea de 1978.

Boa parte das ‘Notas do meu lugar’ foi escrita para o consumo do dia presente. O dia do jornal.

Num livro de canto, no térreo da estante, encontro recortada, com algumas correções, crônica que assino em 31 de janeiro de 1979 sob o “Ch...

literatura paraibana governo desgoverno desigualdade social autoritarismo
Num livro de canto, no térreo da estante, encontro recortada, com algumas correções, crônica que assino em 31 de janeiro de 1979 sob o “Choque do futuro” de Alvin Toffler. Não a reproduzi em nenhum dos livros. E me surpreendo, agora, decorridos mais de quarenta anos, reagindo da mesma forma, sob o mesmo espanto, como se o choque saísse do instantâneo para o permanente. Toffler, ao tempo de sua reflexão, sente-se “esmagado pela rapidez com que se verificam as mudanças e alterações sociais na chamada sociedade tecnológica”.

A Paraíba não festeja o que tem, muitas vezes nem faz conta disso, nem se lembra… E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augus...

literatura paraibana augusto anjos esquecimento memoria cultural jose siqueira
A Paraíba não festeja o que tem, muitas vezes nem faz conta disso, nem se lembra…

E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augusto dos Anjos, da Igreja de São Francisco, dos vultos que entraram na História e das terras de beira de rio para a cachaça que mineiro nenhum bota defeito? Tem minério cultural. Vocações e mais vocações. Mais do que vi, senti isto nos três anos que morei entre os oitenta da Casa do Estudante. Quem não tinha vocação para a música, as letras, a medicina, o jurídico, tinha desenvoltura para a política como Braga, Françoá, Soares Madruga.

É exclusivo do homem, de sua composição, que o espírito, a alma, seja que nome tenha, disponha de um corpo, transmigre com ele em format...

literatura paraibana cartorio souto chico souto
É exclusivo do homem, de sua composição, que o espírito, a alma, seja que nome tenha, disponha de um corpo, transmigre com ele em formato próprio, peculiar entre bilhões e bilhões, visível e tátil aos demais sentidos. Corpo, forma distinguível, aparência, mas dependendo desse espírito, guiado e caracterizado por ele.

Os governadores todos, eles todos, sem exceção, sabem perfeitamente que estão perdendo o tempo em querer modificar a natureza desse presid...

literatura paraibana politica lula dilma bolsonaro impeachment
Os governadores todos, eles todos, sem exceção, sabem perfeitamente que estão perdendo o tempo em querer modificar a natureza desse presidente que, num equívoco da maioria de cabeça feita pela Globo, o Brasil elegeu.

O erro já vinha de trás, quando o PT, na ambição de se manter colado na cadeira, guarnecido de meios para garantir sua política, lançou mão de uma mulher sem jogo de cintura, dura para sentar na cadeira mais demandada e

A calçada é ou era uma extensão da casa, feita e conservada pelo proprietário, mas de uso garantido e disciplinado pelas Posturas Municipa...

literatura paraibana calcadas pedestre acessibilidade
A calçada é ou era uma extensão da casa, feita e conservada pelo proprietário, mas de uso garantido e disciplinado pelas Posturas Municipais. Temos uma Lei de Posturas sancionada há 26 anos pelo então prefeito Francisco Monteiro da Franca.

Lembrei-me da existência dessa lei ao descer do carro, esta semana, no início da Pedro I, logo atrás do Palácio do Carmo, e ser impedido de tomar a calçada. Não existe calçada, toda ela, de uma esquina a outra, um farelo esburacado, destroçada pelo abandono, reduzida a um montão de cacos, ínvia como diria a mais catedrática titular do português

Pretextei uma consulta para rever, conversar, nem tanto com o médico que me atura há décadas, mas o cultor sensível da paisagem humana e c...

literatura paraibana augusto dos anjos homenagem injustica indiferenca
Pretextei uma consulta para rever, conversar, nem tanto com o médico que me atura há décadas, mas o cultor sensível da paisagem humana e cultural da João Pessoa que ele adotou desde a passagem pelo nosso Liceu, vizinho de carteira e parceiro de cineclube de Martinho Moreira Franco.

- Nosso Martinho... não é, Gonzaga!

Não havia outro modo de nos rever senão o exclamativo. Jaime (falo de doutor Manuel Jaime Xavier Filho), como eu, não deve ter ido se despedir do amigo de tantas afinidades.

Já não disponho, na mente, do mapa em detalhe ou mesmo geral da nossa João Pessoa. Um avanço além da cidade de quando cheguei e me vejo per...

literatura paraibana joao pessoa nostalgia transformacao urbana gonzaga rodrigues
Já não disponho, na mente, do mapa em detalhe ou mesmo geral da nossa João Pessoa. Um avanço além da cidade de quando cheguei e me vejo perdido.

Que diferença! Num sábado de véspera, esgotado o papo que nos caldeava a alma e o berço de origem na velha Casa do Estudante, Dorgival Terceiro Neto, ao nos recolhermos, veio com a ideia de, cedinho da manhã, sairmos num périplo pela cidade de então, que morria ao sul na Santos Stanislao de Oitizeiro, enviesava a sudeste pelo ABC da Joaquim Hardmann ou rua da Jaqueira, cortava o rio subindo o Varjão e torcia, escorregando pela beira da mata, deixando de lado o bairro de Jaguaribe.

José Américo ainda estava se preparando para calçar a Epitácio, contrariando o sonho do seu antigo presidente, João Pessoa, que, da sacada do Palácio, gizava na mente o que três prefeitos levaram uns cinco anos para fazer com a Beira-Rio.

Soube que voltam a cogitar da mudança de nome do nosso aeroporto. Desta vez para, em lugar de Castro Pinto , o nome do meu biografado José...

literatura paraibana aeroporto castro pinto capital paraiba mudanca nome
Soube que voltam a cogitar da mudança de nome do nosso aeroporto. Desta vez para, em lugar de Castro Pinto, o nome do meu biografado José Maranhão.

O exemplo de Castro Pinto, a razão de manter seu nome vivo, valia, avultava inquestionável nas três primeiras décadas do século passado. Ele foi do tempo em que o discurso era a arma superior e a razão maior do êxito político. Acrescentando-se a esse dom o exemplo moral e a lição de democracia.

literatura paraibana aeroporto castro pinto capital paraiba mudanca nome
Dos nossos vultos maiores, os chamados pró-homens da veneração histórica, Castro Pinto situa-se entre Epitácio na política e Carlos Dias Fernandes na cultura. No belo ensaio que Celso Mariz lhe dedica, em Cidades e Homens, ele chega a ser acusado de dispersão dos seus dons e valores culturais por não deixar obra escrita. Toda a sua obra restou impressa, mais que na memória, na devoção virtuosa dos que faziam o seu público. Isso no Pará, na Câmara Federal, no Senado, tanto quanto na Paraíba. Assis Chateaubriand, mesmo devendo favor a Epitácio, que foi seu advogado pela posse de O Jornal, questionado por herdeiros do fundador, mesmo assim não negou ao contemporâneo de Epitácio o exemplo maior, para o Brasil, do democrata perfeito. Diz lá ele que a Paraíba, nas mãos de Castro Pinto, mostrou ao país de Ruy Barbosa o exemplo perfeito da prática democrática, caracterizada pelo respeito ao povo, aos seus direitos e aos opositores do seu governo.

Deixando de lado o testemunho conterrâneo dos Chateaubriand, Celso Mariz, Coriolano, Horácio, reafirmados pela geração de José Octávio e Humberto Melo, vejamos o registro insuspeito de Liberato Bittencourt em seu Brasileiros Ilustres:

“João Pereira de Castro Pinto - Político de grande influência e de extraordinário valimento. (...) Eleito deputado, brilhou na câmara baixa (a Federal), discutindo, superiormente (...) e entrou glorioso no Senado. Eleito governador no período 1912 a 1916, tomou posse do alto cargo onde, com unânimes aplausos do Brasil em peso, começou a praticar a verdadeira doutrina republicana, libertando a justiça das peias partidárias e respeitando escrupulosamente a soberania popular. Na ocasião em que se escrevem estas linhas, fins de 1913, é sem questão um dos mais nobres representantes do executivo estadual em terra brasileira”.

Setenta anos depois desse depoimento, é a Castro Pinto que Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello, ex-governador do mesmo padrão moral e intelectual,
literatura paraibana aeroporto castro pinto capital paraiba mudanca nome
dedica as melhores páginas de seu livro A Paraíba na primeira República:

“De Castro Pinto pode-se dizer, com segurança, que se elegeu – para a Assembleia, para a Câmara, para o Senado e para a Presidência do Estado – exclusivamente por seu prestígio intelectual e moral”. E conclui: “Não tinha ele temperamento político. Espírito delicado e sensível, muito sofreu com as dificuldades naturais de todo governo, agravadas, no caso do seu, pela qualidade de presidente de conciliação, obrigado a contentar gregos e troianos, coisa tão difícil quanto a quadratura do círculo. (...) Desde o início, falava em renunciar, o que acabou fazendo antes de completar o terceiro ano de mandato.”

Há muito mais a transcrever de Oswaldo, de Celso Mariz, de Coriolano, das revistas e almanaques do IHGP e do acervo dos que ocuparam a sua cadeira na Academia de Letras. Sem dúvida nenhuma José Maranhão está entre os brasileiros que honraram o cargo e o que mais demorou nele por confiança popular demonstrada em sua consagração para o Senado. Por isso mesmo, dificilmente consentiria em se usurpar a homenagem de todos os tempos a Castro Pinto.

Quem haverá de ser autor paraibano na escola, além de Augusto, José Lins, José Américo, João Martins de Ataíde, Pereira da Silva, Carlos...

literatura paraibana livros escola leitura educacao memoria literaria
Quem haverá de ser autor paraibano na escola, além de Augusto, José Lins, José Américo, João Martins de Ataíde, Pereira da Silva, Carlos Dias, Rodrigues de Carvalho, Alyrio, Ernani, Permínio Asfora, Bichara, Virginius, Juarez Batista, Ariano, Celso Furtado, Ascendino, Crispim, consagrados cá dentro e lá fora

Entre as muitas e muitas lembranças que me ficaram de Martinho Moreira Franco, uma delas me acudiu no fim da tarde desse último domingo...

literatura paraibana festa das neves joao pessoa padroeira
Entre as muitas e muitas lembranças que me ficaram de Martinho Moreira Franco, uma delas me acudiu no fim da tarde desse último domingo: “Lembrou-se de ir ver os preparos da festa?” Era a pergunta de todo ano e que não faltou, agora, na sua ausência.

Os pavilhões se armando ao longo da General Osório, as barracas a impedirem o trânsito nas três ruas paralelas que saem da Catedral e de São Francisco, e os primeiros ensaios, os pileques preliminares ou simples arrastos de cadeira da boemia ansiosa.

Em seu último jornal literário, Terceiro Céu, Ascendino Leite explora um incidente de forma pouco literária e mesmo destoante das sut...

Em seu último jornal literário, Terceiro Céu, Ascendino Leite explora um incidente de forma pouco literária e mesmo destoante das sutilezas ou segredos de estilo que caracterizam a sua escrita. Uma obra, sobretudo, de escritor refinado, assim na prosa como no jornal de crítica em que mais se esmerava.

De computador no reparo, venho navegando em um emprestado. O que me serve é velho de uns onze anos. E estranhei que o novo entrasse na red...

De computador no reparo, venho navegando em um emprestado. O que me serve é velho de uns onze anos. E estranhei que o novo entrasse na rede sem conexão visível, sem o fio à mostra.

Liguei para um dos filhos: “É isso mesmo, pai. Os mais novos já vêm providos.”

E suspendi o que vinha escrevendo uma vez mais, desorientado com o filme de ficção científica que nos tornou reflexos das comunicações. Uma interação com a qual eu nem sonhava. E a mais bem distribuída das mercadorias em todos os níveis sociais. Talvez ainda perca para a caixa de fósforo.

Miguel Bezerra é vivo? Que me lembre, a última vez que o ocupei, saí de sua casa da Juarez Távora com uma braçada feliz de livros encadern...

literatura paraibana cronica nostalgia livros encadernacao
Miguel Bezerra é vivo? Que me lembre, a última vez que o ocupei, saí de sua casa da Juarez Távora com uma braçada feliz de livros encadernados, verdadeiras reedições dignas da gratidão ou da memória devota dos próprios autores. O que ele fazia não era encadernação a ouro, a couro ou mesmo em boa percalina. Era simplesmente a gosto, sumo do talento artesão com materiais às vezes pobres que a nobreza artística, no auge da civilização do livro, tratava com aura de “divina proporção”.

A peste do milênio levou os cemitérios para as matas. O cemitério dos pobres, dos que não podem virar cinza antes do tempo. Pequeno, eu...

literatura paraibana piroa alagoa nova cemiterios sepultamento florestas
A peste do milênio levou os cemitérios para as matas. O cemitério dos pobres, dos que não podem virar cinza antes do tempo.

Pequeno, eu via passar na estrada ao lado do nosso terreiro, acompanhado apenas pelos carregadores, os mortos que iam ser enterrados no cemitério da cidade. Parece que uma lei proibia de enterrar gente no mato, no lugar mais apropriado, como achava seu Herculano, um morador que era ouvido pelo dono da propriedade. “Com essas matas e capoeiras todas, por que não enterrar aqui mesmo? Bota-se uma cruz na cova e pronto”.

Leonardo, velho amigo Léo, antigo parceiro de sinuca e de paquera, únicos jogos que nos levavam a campo, surge como fantasma perdido, com ...

literatura paraibana bairro torre joao pessoa historica gonzaga rodrigues joaquim torres
Leonardo, velho amigo Léo, antigo parceiro de sinuca e de paquera, únicos jogos que nos levavam a campo, surge como fantasma perdido, com ar de assombro, saindo de uma agência da Caixa, na Torre. Ele me viu primeiro e gritou por trás dos óculos, reconhecendo-me.

Ah quanto tempo, hem Léo!

Vínhamos da noite, descíamos do bonde na esquina da Juarez Távora com a Maroquinha Ramos, onde, uma casa depois da outra, nos recolhíamos. Aí Léo ganhou o Sul, se fez por lá, e depois de uns cinquenta anos, isto, meio século, acha de cruzar com meus passos numa rua que, sem sair do lugar, não é mais a Adolfo Cyrne, ponto da marinete do velho Orlando, pai de sua namorada.

Um dos meus filhos, Gustavo Olímpio, me traz de presente um aspirador com dispositivo para sugar o pó entranhado nos livros. Traz a gener...

literatura paraibana sindicato jornalistas jose ramalho costa gonzaga rodrigues cafe alvear
Um dos meus filhos, Gustavo Olímpio, me traz de presente um aspirador com dispositivo para sugar o pó entranhado nos livros. Traz a generosa e oportuníssima vantagem de me dispensar de recorrer ao tamborete. A haste sugadora foi lá em cima e, no primeiro momento, ao inaugurá-la, faz despencar aberto ”Os trabalhadores do mar” na tradução de Machado de Assis, deixando soltar-se um papel dobrado a que dou pouca importância.

Leio que o edifício do Ipase vai ser restaurado e adaptado para moradia popular. A ideia não é nova, já se ouviu falar nisso em promessas...

literatura paraibana sede ipase joao pessoa centro historico preservacao arquitetura
Leio que o edifício do Ipase vai ser restaurado e adaptado para moradia popular. A ideia não é nova, já se ouviu falar nisso em promessas de intervenções anteriores. Felizmente ficou na promessa.