O uso inadequado da tecnologia contra o bem comum e a exploração perversa do sistema econômico na vida das pessoas estão destruindo princípios morais, levando à exclusão, discriminação e acentuando a competição destrutiva entre os cidadãos. A ausência de autocuidado resulta na desvalorização da dignidade humana em grande parte das pessoas. Diante dessa violência, é necessário examinar os efeitos desumanizadores que eliminam o significado da existência e do pertencimento.
Acrasia é um termo de origem grega que se refere à incapacidade de um indivíduo de exercer controle ao optar por ações que vão de encontro ao que ele próprio considera ser o melhor, segundo sua consciência. Essa definição se aplica a pessoas que não conseguem moderar seus desejos excessivos e que não respeitam os limites sociais e afetivos, entre os quais se destaca o respeito ao próximo. A etimologia da palavra em grego descreve que "a" é uma negação, enquanto "kratein" significa controlar. Quando traduzida para o latim, resulta em "incontinentia", que se interpreta como incontinência, ou seja, desregramento. Atualmente, a acrasia é objeto de análise em ética, psicanálise, psicologia e psiquiatria.
A maldade humana se apresenta de maneira sedutora, perseguindo seus próprios interesses. Este comportamento é marcado pelo egoísmo e, frequentemente, se manifesta através da falsidade. Além disso, pode se expressar pelo sadismo, visando semear o medo nos demais por meio de agressões psicológicas ou físicas, o que resulta na destruição de valores socioafetivos e na desconsideração das normas sociais. Diante disso, quais são as expectativas em relação a um psicopata ou a um indivíduo em situação de exclusão social?
No final do século XVIII, no período inicial do romantismo alemão, conhecido como “Tempestade e Ímpeto”, o poeta, filósofo, médico e historiador Johann Christoph Friedrich von Schiller (1759 – 1805) revitalizou o renascimento das ideias da Antiguidade grega e romana, que buscavam a junção da beleza estética com os valores morais do comportamento humano. Schiller buscava redescobrir um ideal de unidade, perfeição, totalidade e completude, que sentia ter sido perdido ao longo dos séculos. Para desenvolver novos conceitos e romper com as formas tradicionais dos gêneros literários, ele defendeu a tese de que para cada época existe um gênero literário próprio, e que os poetas seriam os seus guardiões. O fundamento dessa argumentação está em sua obra Poesia Ingênua e Sentimental, publicada em 1795.
Artistas têm procurado sincronizar sua criação a distintas correntes de pensamento, seja nas ciências humanas ou nas ciências naturais. Esse vínculo gerou espaço para a elaboração de temas que orientam suas obras e impulsionam seu processo criativo, além de possibilitar o desenvolvimento de suas próprias teorias. Eles têm atribuído significados à arte, buscando novas possibilidades de relação entre filosofia, ciência e arte. Diante disso, destaca-se o paradigma trazido pela arte conceitual contemporânea nas últimas décadas do século XX com as investigações da Neuroestética. Essa nova área de estudo é explorada por meio da neurobiologia, neuroanatomia, neurofisiologia e neurociência, com o objetivo de aprofundar a compreensão do funcionamento do cérebro humano.
Martin Heidegger (1889-1976) foi um filósofo alemão que influenciou o existencialismo, que se caracteriza pela inclusão da angústia, do sofrimento, da morte e do modo como os seres humanos têm existência no mundo. Essa teoria tem a finalidade de dá sentido à vida por meio da liberdade e de responsabilizar-se pelas das escolhas pessoais.
Edgar Morin é um filósofo, sociólogo, antropólogo francês, nascido em Paris em 1921. Ele é conhecido por desenvolver a epistemologia da complexidade, que teve seu início na década de 1960. Esse tipo de pensamento desafia o paradigma tradicional da razão e da ciência como as únicas formas de interpretar a realidade, buscando interconectar conhecimentos dispersos e
promover uma integração entre a cultura científica e a humanística. Na perspectiva da complexidade, “tudo está interligado”. Essa abordagem emerge como uma maneira de evidenciar a multidimensionalidade do mundo real, incentivando todos a estabelecer uma epistemologia que promova o diálogo entre diferentes áreas do conhecimento, visando uma compreensão mais abrangente do mundo. Compreender o contexto global de maneira unidimensional já não é viável, considerando que as relações humanas são múltiplas e incompreensíveis. Tanto uma visão analítica quanto uma visão holística têm se mostrado cada vez mais insuficientes para entender a condição humana.
A publicação "Raízes do Brasil" (1936) pelo historiador, sociólogo, e escritor de São Paulo, Sérgio Buarque de Holanda (1902 – 1982), introduz o conceito do "homem cordial", que se tornou fundamental para a compreensão do país. O livro analisa a história do Brasil, de sua população e de suas estruturas, como a influente família patriarcal que surgiu durante a era colonial. Organizado em sete capítulos, a obra versa temas como "Fronteiras da Europa", "Trabalho e Aventura", "Herança Cultural", "O semeador e o Ladrilhador", "O Homem Cordial", "Novos Tempos" e "Nossa Revolução". A palavra "cordial" aqui não se restringe apenas a boas maneiras e gentileza.
A violência é o uso intencional da força ou de um poder contra si, outra pessoa ou um grupo/comunidade, constituindo uma ameaça de ferimento, morte, dano mental, prejuízo ao desenvolvimento humano ou privação. Certos indivíduos praticam a violência sem perceberem os prejuízos para todos. Eles agem por meio de um julgamento de que o outro é uma ameaça e deve ser eliminado. A recusa ao diálogo, a falta de respeito e a tentativa de destruir uma autoridade através da crueldade banalizam aqueles que agem pelo ímpeto destrutivo e perverso. A incapacidade cognitiva desta patologia impede o reconhecimento da necessidade de racionalidade que não pode ser ignorada. Essa brutalidade irracional configura um problema estrutural que tem agravado as disparidades socioeconômicas, a marginalização social e a negligência das ações governamentais.
Éfeso, uma antiga cidade na região do Egeu, localizada no coração da Turquia e próxima à moderna Selçuk, é conhecida por suas ruínas milenares que contam a história de séculos, desde a Grécia clássica até o Império Romano, época em que se tornou um importante centro comercial no Mediterrâneo. O templo dedicado à deusa Artemis em Éfeso era classificado como uma das sete
Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno (1903-1969) foi um filósofo, musicólogo, compositor e sociólogo alemão. Em sua obra Dialética Negativa (1966), influenciada pela Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, ele versa a libertação da alienação da consciência por meio da dialética como uma maneira de confrontar as forças opressivas da sociedade e do Estado. Para Adorno, encarar esse mal-estar significa despertar para a realidade da própria
existência e reconhecer que tal realidade surge de um contexto prévio que a influenciou, havendo um processo histórico implícito à formulação de políticas e a todas as atividades humanas. Escapar desse ciclo cruel é liberar-se da própria alienação, o que requer a negação das premissas estabelecidas para questionar a própria identidade, caracterizando assim a essência da ‘dialética negativa’ contra à necropolítica, que representa a politização da morte. A dialética adorniana revela modos de pensamento que vão além do que está visível na realidade. O seu senso crítico gera a autonomia do sujeito.
Há casos de relações humanas que sofrem devido à superficialidade em que estão sustentadas. Um sintoma dessa aflição é a crueldade de dominar o outro e viver preso a mentiras, o que tem levado as pessoas a perderem a capacidade de reconhecer a essência e o valor únicos de cada indivíduo. Esses padrões são alimentados por uma ideologia controladora que impõe comportamentos como normas discriminatórias, tornando difícil distinguir a realidade da artificialidade
O desenvolvimento da humanidade se deu pelos conflitos entre modos diferentes de organizar a vida social e de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, também de conceber a realidade e expressá-la. Neste último processo, a História registra as transformações por que passam as culturas e as características que as unem e as diferenciam. A cultura é um produto coletivo da vida humana e está em constante transformação por ser um fenômeno da interação social e é necessária a percepção da identidade, dos costumes, das crenças e dos hábitos de cada comunidade, nação ou povo. Marilena de Souza Chauí (1941), filósofa e escritora brasileira, em seu livro Convite à Filosofia afirma:
A péssima condição para a subsistência humana é o critério que estabelece um conceito de pobreza. De acordo com o Banco Mundial, pobreza extrema é descrita como "uma situação de vida caracterizada por desnutrição, analfabetismo e doença, que está abaixo de qualquer padrão de dignidade humana" (WORLD BANK, 1980, p. 32). Dessa forma, a pertença social à miséria e sua carência enquanto garantia mínima de posse definem os indivíduos pobres como aqueles que vivenciam condições sub-humanas em relação às necessidades básicas como moradia, alimentação, saúde, educação, lazer, entre outras. Em seu livro The concept of poverty (1970), Peter Townsend (1928 – 2009) afirma:
"A pobreza só pode ser compreendida e aplicada no contexto do conceito de privação relativa".
(1979, p. 31).
A falsa tolerância é uma repressiva força ideológica, a fim de excluir, de dominar e manter um poder autoritário contra cidadãos destruídos pela miséria humana, que estão desprovidos de oportunidades para sobreviver dignamente. A crueldade de destruir para dominar torna um cidadão subordinado e submetido ao convencimento da existência de um poder maior, que deve ser obedecido.
O poeta e estadista alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749 – 1832) escreveu o poema Prometheus (1776), que aborda de forma irônica a relação dos seres humanos com o deus grego Zeus: "Devo honrar-te? Porquê? Alivias o fardo dos oprimidos? Enxugas, por acaso, a lágrima dos tristes?". Desse modo, Goethe destaca a tendência natural do ser humano à rebeldia. Esse conflito se intensifica na busca pela autonomia e liberdade pessoal. Em sua poesia Limite da Humanidade, o pensador reconhece a limitação dos humanos em cuidar de si mesmos e admira a divindade: "O que torna os deuses diferentes dos homens? Muitas ondas. Surgem diante das que partem uma corrente eterna: a onda nos ergue, a onda nos engole e naufragamos".
A “Economia de Comunhão” tem sido eficaz na resolução de diversos conflitos sociais em escala global. Através da solidariedade Cristã, ela tem fomentado a “unidade na diversidade”. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na cidade de Trento, na Itália, um grupo de jovens italianas experimentou essa espiritualidade. Duas destas jovens eram Chiara Lubich (1920-2008) e Ginetta Calliari (1918-2001). Em meio aos destroços do conflito mundial e à loucura exacerbada da guerra, enquanto as bombas caíam e se abrigavam em bunkers, as primeiras seguidoras de Chiara, com idades entre 15 e 20 anos, vivenciaram a solidariedade por meio da prática do evangelho, revelando uma nova compreensão sobre o novo significado do amor recíproco.
“Até quando o mundo será governado pelos tiranos?
Até quando nos oprimirão com suas mãos cobertas de sangue?
Até quando se lançarão povos contra povos numa terrível matança?
Até quando haveremos de suportá-los?” Bertold Brecht (1898 – 1956).
A identidade é o senso de pertencimento no espaço social, na cultura, no idioma, na ancestralidade e em tudo onde uma pessoa está inserida. Existem cidadãos em situações sociais de invisibilidade geradas pelas relações interpessoais ou socioeconômicas, as quais são resultados de preconceitos, discriminações e desigualdades estruturais. Por exemplo: segregação social; etnia; status socioeconômico; religião; sexualidade; comunidades indígenas. Stuart Hall (1932 - 2014), sociólogo britânico-jamaicano, em suas obras Identidade e diferença:
violência simbólica representa uma ameaça à dignidade da pessoa, resultando em sua submissão, seja de forma psicológica, econômica ou social. Essa prática ocorre com a conivência tanto da vítima quanto do agressor, muitas vezes sem que percebam — com lucidez — o que estão vivenciando ou praticando. O conceito foi introduzido pelo filósofo e sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930 - 2002). A natureza violenta de uma força simbólica coercitiva é complexa em sua manifestação, tornando-se mais sutil para ser