Fui procurado por alguns amigos que estão montando um grupo para empinar uma campanha que visa a demolição dos escombros do hotel Tambaú e a posterior devolução daquele belíssimo pedaço de praia ao povo. Queriam que eu participasse dando minha contribuição como Advogado e trouxeram documentos para examinar. Entre os documentos está a ata da assembleia realizada pela CINEP datada de 15 de dezembro de 1972 que tratou da transição da propriedade do hotel Tambaú desde o Estado da Paraíba até a Companhia Tropical.
A conversa girava em torno de erros médicos. Comentávamos sobre uma cirurgia que havia sido feita na perna direita de uma moça com problemas na perna esquerda. Ao redor da mesa cada um queria contar um caso parecido, porém, o dono da padaria tinha preferência. “- Rapaz, eu caí da bicicleta e um táxi me levou ao hospital. Vocês acreditam que ao invés de engessarem meu braço direito engessaram o braço do taxista?”.
É comum ouvir por aí que somente no Brasil existem precatórios e jaboticabas. Quanto aos precatórios sou testemunha da sua crueldade, assistindo os governos humilharem os servidores públicos com atrasos de até 30 anos nos pagamentos do que lhes é devido.
"Vi ontem um bicho na imundície do pátio catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa não examinava nem cheirava: engolia com voracidade. O bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem".
Já lá se vão mais de 70 anos desde que Manuel Bandeira produziu essa obra prima sobre a miséria humana e a situação só piorou.
Eu estava saindo do supermercado e no estacionamento um quase cadáver ambulante aproximou-se. Segurava um papelão rasgado ao meio onde só apareciam as palavras "com fome". Desnecessário. Aliás, até o cartaz era desnecessário porque a face encovada do ainda ser humano já gritava sua agonia.
Recordei do poema de Manuel Bandeira e naquele momento decidi que não seria por minha omissão que ele iria disputar com animais o lixo que nossa abundância produz. Contrariando uma prática que nem sabia existir em mim (mas que naquele momento mostrou toda a sua crueldade) não virei o rosto nem me escondi na tela do celular para não ver o que todos precisamos ver. Desci, comprei uma refeição no self-service da loja e dei ao mendigo. Ele afastou-se e eu procurei segui-lo para ver se ia jogar fora, porque na minha crença “essa cambada só quer dinheiro para encher a cara de cana”. Nada disso. Por trás da mureta estavam uma mulher e duas crianças a quem ele entregou a comida. Nem provou, voltou ao estacionamento para pedir mais ajuda.
Dei partida no carro e logo à frente encontrei uma venezuelana com seu vestido colorido esmolando no sinal luminoso.
Na calçada 4 crianças esperavam por ela. Tive coragem suficiente para olhar aqueles pares de olhos esbugalhados. Eram os olhos da fome.
Envergonhado segui em frente, atordoado pela incapacidade humana de resolver algo tão básico. É emocionante ouvir as pessoas dizerem que a fome não pode esperar. E é verdade. Mas o que poderemos fazer sobre isso para além de esperarmos soluções dos poderes que por mais bem intencionados sejam, não estancam o crescimento da fome ao redor do mundo? As ONGs que cuidam do “problema” não me mostram resultados perceptíveis a não ser belos comerciais e a única iniciativa que me emocionava porque visível, voou nas ASAS da corrupção.
Hoje é inimaginável uma cirurgia sem a aplicação de anestesia. Mas era assim. Um exemplo incrível foi o dito cirurgião mais rápido do mundo. Robert Liston amputava a perna de um paciente em incríveis dois minutos e meio. E se o procedimento fosse do joelho para baixo o escocês só precisava de 30 segundos para a amputação. Não era exibicionismo; à falta de anestesia a velocidade era muito importante, mais ainda para evitar grandes sangramentos. Liston tinha 1.90 de altura e era muito forte. Mas não era médico.
Moro escoteiro há muitos anos e tenho sentimentos bem peculiares. Sempre pensei que era único nessa forma de viver o dia a dia. Qual o que!
Da mesa na padaria Bonfim de onde observo a vida, vez por outra engreno conversa com outros solitários que também sofrem demais à falta de mais pessoas em suas casas ou apartamentos para compartilharem o dia a dia.
Periodicamente os sucessivos governos que assolam o Brasil tem ofertado aos Advogados algumas oportunidades impares de ganharem o que um amigo meu, ainda antes de ser Excelência (porém sempre um excelente Advogado) chamava de bom metal.
Em 1864 o General Melgarejo derrubou o Presidente da Bolívia, José Maria de Achá. Pouco tempo depois o ex-Presidente Belzú, que por sua vez havia sido derrubado por Achá e estava exilado na Europa decidiu voltar ao país.
Logo após meus pais contratarem a construção do que seria o maior pesadelo de nossas vidas, a construtora conseguiu ganhar uma concorrência para construir três prédios da então poderosíssima IBM, gigante americana, e solenemente abandonou a nossa obra, tocando-a com a barriga.
Claro que não poderia dar certo, porque os prazos estavam totalmente furados. Para completar a desgraça, a construtora havia descontado as promissórias que meu pai assinara para financiar a construção e com o dinheiro tocara as obras da IBM, que só pagaria pelos seus 3 prédios na entrega dos mesmos. Descobrimos depois que esse detalhe teria sido fundamental para uma construtora de médio porte ganhar a concorrência dos prédios da IBM contra as grandes construtoras brasileiras. Até hoje quando penso no assunto não posso deixar de rir... a grana de enxeridos paraibanos financiando a expansão da poderosa IBM.
Como já dito anteriormente, meus pais dispunham de um capital enorme, o que lhes possibilitava a liderança inconteste do comércio no Estado da Paraíba. Por consequência tinham um crédito fantástico junto à rede bancária. À época a atividade econômica deles desenvolvia-se num imenso armazém composto de vários prédios ligados uns aos outros por portas e aberturas que iam sendo criadas à medida que progrediam os negócios. O resultado foi uma coisa meio filme de terror, ambientes escuros e altíssimas pilhas de mercadorias espalhadas sem qualquer identificação. Imagino hoje como era difícil achar uma determinada peça no meio daquelas cavernas. O que aparecia para o público que comprava a varejo eram três enormes salões: à esquerda a parte destinada à casa (louças, presentes, faqueiros, pratarias...) no centro material de limpeza, pilhas, armarinho e à direita a seção de brinquedos.
Meus pais prosperaram muito nos negócios e a fantástica visão empresarial de Adrião Pires enxergou o futuro do comércio na direção do parque Solon de Lucena (lagoa), saindo da até então soberana rua Maciel Pinheiro. Fez mais, imaginou um empreendimento que se pagasse. Em resumo, construiria uma loja com três andares, escadas rolantes, ar condicionado central e em cima da loja duas torres com 80 espaçosos apartamentos, todos em mármore e vidros ray-ban. No topo construiria 4 maravilhosas coberturas com piscinas. De tal modo foi planejado o empreendimento que uma vez vendidos os apartamentos, tanto a loja como as 4 coberturas estariam quitadas, tocando a eles uma dessas coberturas e as outras três divididas entre os filhos.
Algumas pessoas acreditam que a derrocada econômica dos meus pais se deu em consequência da grana que eu e meus irmãos gastávamos. Coisa de quem não tem dimensão do que é muito dinheiro. Sempre rimos disso. É que a grana era tanta que teríamos de viver muitas vidas estourando aquele dinheiro para conseguir gastar apenas dez por cento do que Adrião e Creusa Pires ganharam.
Peço sua licença para dar um rasante rápido na origem do casal e em seguida observar a ascensão e queda dos Pires. Coisa de poucas linhas.
Meu avô paterno Manoel Pires era comerciante aqui em João Pessoa. Já meu avô materno Manoel dos Anjos era poeta, fundou a Academia Paraibana de Poesia.
Meu pai formara-se com distinção na primeira turma de Engenharia Química em Recife. Veio a João Pessoa apenas comunicar ao meu avô que havia sido convidado para um emprego fantástico, onde ganharia muito bem lá em Pernambuco. Naquele momento aconteceram duas coisas; meu avô comunicou ao meu pai que diante desse fato iria fechar a loja porque contava com o filho para tocar o negócio e... meu pai conheceu minha mãe que trabalhava como caixa na loja e apaixonou-se. Ele ficou.
II
Adrião e Creusa Pires foram os comerciantes mais ricos da Paraíba por muito tempo, a ponto de construírem uma mansão na descida da avenida Epitácio Pessoa (em frente ao clube Cabo Branco) onde hospedaram dois Presidentes da República e a totalidade das pessoas famosas que aqui chegaram desde o ano de 1966 até a inauguração do hotel Tambaú. Todos os fins de semana eram vistos por lá cantores, artistas e uma variedade de gente que enchia as páginas sociais da grande imprensa brasileira. Pudera, João Pessoa não possuía hotel e nossa casa tinha “apenas” 9 suítes.
Além da mansão eles possuíam diversos outros imóveis, porém o mais importante era o capital que dispunham para tocar seu negócio. O grande salto foi descobrir que poderiam ser distribuidores exclusivos das mais procuradas mercadorias se comprassem aos fabricantes toda a estimativa de venda anual de cada indústria para o Estado da Paraíba. Assim faziam. No começo de cada fevereiro iam a São Paulo e pagavam antecipadamente os produtos que solicitariam ao longo de cada ano. Santa Marina (Colorex e Pirex), Microlit (pilhas Ray- o-vac), Estrela (brinquedos) e mais uma centena de itens que só poderiam ser comprados por qualquer comerciante aqui na Paraíba se fosse no armazém dos nossos pais, que tanto vendia em grosso como no varejo. Era comum recebermos das fabricas uma série de presentes, porém nada que se comparasse aos brinquedos Estrela. O autorama novo que só iria para as lojas no dia das crianças já estava em nossa casa desde abril. Chegamos a ter um autorama enorme, com oito pistas, que se estendia por muitos metros.
Agora que sou especialista em sobreviver a um acidente que custou a utilização (graças a Deus provisória) de uma das mãos, vou listar a seguir algumas dicas para vocês que mesmo não querendo poderão seguir meu caminho principalmente em virtude da idade, porque se tem uma coisa que nós, velhos, teremos em comum à medida que o tempo passa e teimamos em continuar vivendo são as quedas.
Num distante dia de verão aqui em João Pessoa, Agnaldo Almeida, Lena Guimarães e eu começamos uma luta inglória, fadada a ser levada ao ridículo e ao consequente fracasso. Mas acreditávamos fortemente no nosso propósito, mesmo porque o que pretendíamos seria muito bom para a cidade.
Vou começar dizendo que o azeite tem na sua composição gorduras monoinsaturadas. Esse quase palavrão faz com que as nossas taxas de HDL subam e sirvam para desentupir nossas veias, foi o que eu entendi. Se é assim, maravilha. Melhor ainda; o azeite tem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, o que retarda o envelhecimento. Estudos apontam que o alto consumo de azeite está associado a riscos mais baixos de câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.
Um amigo confessou que quando vai a um bar é para ficar bêbado, porque se
não for assim ele nem sai de casa.
De uma certa maneira deu-se comigo o mesmo com relação a um livro que já
reescrevi uma dezena de vezes. Trato de uma temática arretada, personagens
incríveis e mesmo contado histórias com H, revelando muitas nuances nunca
Mãe Leca estava voltando de uma caminhada vespertina pela calçadinha do Manaíra e parou para atender uma ligação do PASM, onde trabalha. Um ladrão pilotando uma bicicleta deu um bote e levou seu celular. Alertadas pelos gritos dela, muitas pessoas correram em direção ao ladrão e devido ao engarrafamento que sempre se forma na avenida João Maurício no
lusco-fusco, conseguiram capturar o meliante que imediatamente jogou o celular de mãe Leca bem longe. Enquanto ela resgatava o aparelho, os transeuntes seguraram o ladrão para entregá-lo à polícia. Era muita gente atuando na contenção do marginal. Finalmente a polícia chegou e foi levando o bandido. E então deu-se o inusitado. O ladrão apalpou seus bolsos e... pasmem; começou a gritar: “- Ladrão, ladrão, roubaram meu celular”. Pois é, no meio daquele tumulto alguém “inadvertidamente” deve ter levado o celular do safado.
Escrevo no início da semana e até agora os dois fugitivos da penitenciária dita de segurança máxima de Mossoró ainda não foram recapturados. Mesmo que já tenham sido localizados e presos quando vocês estiverem lendo o artigo, nada poderá apagar o fato da dupla estar há um mês dando pitus em seiscentos homens armados até os dentes e portando a mais moderna tecnologia disponível no mercado.
Com certeza os queridos leitores já compraram medicamentos em farmácias e na hora do pagamento foi pedido o seu CPF para terem direito a descontos fantásticos. É comum o atendente dizer que pelo convênio tal ou pela sua idade ou ainda pelo fabricante o preço da compra vai cair substancialmente.
Se os queridos leitores pensam que o tema é bobo, preparem-se para conhecer informações fantásticas sobre a fofoca. No livro “A Colorful History of Popular Delusions” os autores abordam o tema de uma maneira incrível. Fui mais além na minha pesquisa e alcancei o refinamento das definições supostamente científicas que diferenciam a fofoca do boato e do rumor. Fofoca seria o comentário sobre a vida alheia com maledicência. O boato pretende uma informação falsa, tipo fake new. Já o rumor trata de uma informação corrente, ainda não confirmada.