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Não tem aquele livro que faz a pessoa mudar de rumo? Pois a história do caçador mongol, exemplo de humildade e sabedoria, contada pelo exp...

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Não tem aquele livro que faz a pessoa mudar de rumo? Pois a história do caçador mongol, exemplo de humildade e sabedoria, contada pelo explorador e escritor russo Vladimir Arsenyev, e recontada no cinema, de forma encantadora, pelo mestre Akira Kurosawa, me deu outra visão de mundo, me fez outra pessoa. Sem exagero.

Já fui assistente de direção e ator de cinema. Na primeira metade dos anos 70, fazendo o Curso de Direito, fui assistente de direção de Ba...

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Já fui assistente de direção e ator de cinema. Na primeira metade dos anos 70, fazendo o Curso de Direito, fui assistente de direção de Barreto Neto no curta-metragem “O Estranho Caso de Leila”, em super 8, com Anco Márcio e Fernando Castro como protagonistas.

Barretinho e Fernando Castro eram meus colegas de trabalho na Secretaria de Divulgação e Turismo (atual Secom), mas não me recordo onde Anco Márcio trabalhava na época.

Caminho pelas ruas de João Pessoa como um índio na Avenida Paulista. Esse é o mal dos nascidos e criados na cidade. Qualquer mudança, al...

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Caminho pelas ruas de João Pessoa como um índio na Avenida Paulista. Esse é o mal dos nascidos e criados na cidade. Qualquer mudança, alguma fachada em ruínas, um contemporâneo que morre, um galho de árvore que tomba, tudo nos diz respeito. Outro dia, fiquei de baixo astral ao acompanhar a derrubada de uma caramboleira, em Tambiá. Ela fora a sombra gostosa do encontro com a primeira namorada. A velha casa transformada em clínica e a caramboleira retirada para dar lugar ao estacionamento. Perdi o dia.

Roggers foi o sítio de um inglês, Richard Roggers, que aqui chegou, na primeira metade do Século XIX. Teria sido um viajante que largou o...

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Roggers foi o sítio de um inglês, Richard Roggers, que aqui chegou, na primeira metade do Século XIX. Teria sido um viajante que largou o navio, no Porto do Varadouro, seduzido pelas belezas do lugar. Aqui, fez fortuna; casou-se com uma morena bem brasileira, dona Francisca Romana, e foi feliz para sempre, nos trópicos.

Quem me contou foi Otinaldo Lourenço, uma espécie de museu do rádio paraibano, falecido em fevereiro passado, vítima de complicações prov...

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Quem me contou foi Otinaldo Lourenço, uma espécie de museu do rádio paraibano, falecido em fevereiro passado, vítima de complicações provocadas pela Covid-19: O velho Venâncio era um homem enorme e sua ignorância tinha o tamanho do corpo dele, gigantesca. Morava na João Machado, rua de grã-finos, em frente à Cândida Vargas. Era um ex-motorista que se tornou dono da linha de marinetes do Comércio, aqui em João Pessoa.

Nasci em João Pessoa em 1949, mas passei os cinco primeiros anos de minha infância em Alagoa Grande, para onde meus pais foram transferido...

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Nasci em João Pessoa em 1949, mas passei os cinco primeiros anos de minha infância em Alagoa Grande, para onde meus pais foram transferidos. Papai, coletor federal; mamãe, professora do grupo escolar e dona da única escola de datilografia da cidade, que, aliás, funcionava no terraço da nossa casa. Portanto, usava o trem João Pessoa—Alagoa Grande—João Pessoa com a mesma freqüência com que usava os bondes da capital.

Detesto o barulho, todas as formas de barulho, inclusive o onipresente ruído dos equipamentos eletrônicos. Não uso smartphone, ainda conve...

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Detesto o barulho, todas as formas de barulho, inclusive o onipresente ruído dos equipamentos eletrônicos. Não uso smartphone, ainda converso pelo telefone fixo. Smartphone é para quem quer e precisa ser localizado rapidamente ou para quem quer ser o primeiro a saber das coisas. Não é mais o meu caso.

Mais louco por João Pessoa do que o saudoso Walfredo Rodríguez, impossível. Pois foi da sua boca que ouvi, na farmácia de Seu Zezé, no Rod...

Mais louco por João Pessoa do que o saudoso Walfredo Rodríguez, impossível. Pois foi da sua boca que ouvi, na farmácia de Seu Zezé, no Rodgers, a sentença de que a vida em João Pessoa dependeria muito do que se fizesse com o Rio Jaguaribe e toda aquela faixa de mangues, pântanos, salinas e restingas que vai de Bayeux (que babaquice mudar o nome de Barreiras para Bayeux!) até Cabedelo.

Fiz o Exame de Admissão ao Ginásio no Lyceu, no final de 1963, ainda no tempo de provas escritas e orais. Estudando no Lyceu de 1964 a 197...

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Fiz o Exame de Admissão ao Ginásio no Lyceu, no final de 1963, ainda no tempo de provas escritas e orais. Estudando no Lyceu de 1964 a 1970, uma vez ou outra eleito Presidente de Turma (cada turma ou classe elegia seu representante junto ao Diretório Central), seria inevitável o envolvimento com política estudantil. O movimento estudantil era um imã poderoso que atraía todo mundo, inclusive o sujeito mais desligado em matéria de política, que muitas vezes se via correndo da polícia pelo simples fato de estar no protesto acompanhando a namorada.

Todo homem público, gente de todos os poderes, deveria passar pelo menos uma temporada andando a pé e de ônibus — inclusive em dia de agua...

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Todo homem público, gente de todos os poderes, deveria passar pelo menos uma temporada andando a pé e de ônibus — inclusive em dia de aguaceiro ou de calor de rachar. Se tiver carro, deverá dirigir seu próprio carro, isto é, o automóvel de sua propriedade, jamais veículo comprado, locado ou abastecido pela “viúva”.

Uma pessoa me aborda na calçadinha da orla com uma conversa que me causou surpresa. Ela diz que fui o primeiro comunicador a fazer debate ...

Uma pessoa me aborda na calçadinha da orla com uma conversa que me causou surpresa. Ela diz que fui o primeiro comunicador a fazer debate político no rádio, em João Pessoa. Sinceramente, não tenho nenhum registro desse fato na memória. Otinaldo Lourenço, memória viva do rádio, recentemente falecido, poderia esclarecer melhor o assunto. Penso que de tão óbvio, debate político é uma coisa que deve ter surgido no rádio naturalmente, não é criação de agora. O que posso dizer é que mediei um debate no rádio, numa época em que não existia emissora de TV em João Pessoa. A capital só tinha três emissoras de ondas médias e duas de frequência modulada.

Quanta presunção! De repente, o pai inventa de fazer uma espécie de “decálogo” para as quatro filhas. Os pais deveriam compreender que têm...

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Quanta presunção! De repente, o pai inventa de fazer uma espécie de “decálogo” para as quatro filhas. Os pais deveriam compreender que têm os filhos para o mundo e que dores e alegrias são coisas próprias da vida. Mas, há sempre aquela preocupação de repassar nossas experiências para que as crias não sofram. Pura ilusão. Coisa de pai que o leitor — e minhas quatro filhas — haverão de perdoar:

Juarez Félix, repórter, redator e editor da Página Policial do saudoso jornal O NORTE, de João Pessoa, às vezes gostava de inventar "...

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Juarez Félix, repórter, redator e editor da Página Policial do saudoso jornal O NORTE, de João Pessoa, às vezes gostava de inventar "personagens" para aumentar o índice de leitura de suas notícias. Uma dessas invenções foi a "Mulher de Branco da Lagoa", um fantasma do gênero feminino que aparecia, à noite, na Lagoa do Parque Solon de Lucena, assustando passantes, motoristas e outros incautos.

      I Mais poeta de hábitos que de versos, busco levar minha vida ordinária, construindo poemas submersos, esperando que um dia c...

 
 
 
I
Mais poeta de hábitos que de versos, busco levar minha vida ordinária, construindo poemas submersos, esperando que um dia cheguem à praia...
II
Só me apego a lembranças, às minhas velhas histórias... Sendo um ser sem semelhanças, existo em minhas memórias.

Dediquei parte de minha vida ao batente diário no rádio. Nesse período, passava cerca de cinco horas por dia usando os microfones de impor...



Dediquei parte de minha vida ao batente diário no rádio. Nesse período, passava cerca de cinco horas por dia usando os microfones de importante emissora de rádio da Capital, a extinta Rádio Arapuan AM – 1.340 KHz.

Apresentava dois programas diários: “João Pessoa, Bom Dia”, das 5h às 8h, e “Jogo Aberto”, das 12h às 14h. Fazia isso sem contar com nenhuma espécie de produção, o que seria impossível hoje. Nos dias atuais, no mínimo, seria uma tremenda aventura, um voo cego.

Contava apenas com o telefone da cabine (às vezes cortado por falta de pagamento); um carro de frequência modulada circulando pelas ruas, com um repórter esperto a bordo; a simpatia do operador de áudio - e nossa criatividade, já que a internet só era conhecida nos livros de ficção científica.

Os programas começavam na hora certa, sendo a pontualidade britânica uma das marcas do apresentador. Mas nunca terminavam no horário preestabelecido, em razão da grande audiência e da presença de ouvintes para participarem das atividades no próprio estúdio - ou simplesmente para terem uma "conversa particular" comigo, na sala de espera, pedindo uma orientação, um conselho ou um favor qualquer: a libertação de um filho preso injustamente, proteção para vítimas da violência policial, internação de um parente enfermo ou o enterro de algum miserável.

Por força das circunstâncias - o que me deixava na condição de um misto de camelô e repentista -, era obrigado a comentar (e a me posicionar publicamente) a respeito dos mais variados assuntos - da falta de água nas torneiras à falta de vergonha das autoridades.

Era, portanto, sem ter essa intenção (e para o bem ou para o mal), uma figura polêmica, com alguma notoriedade na província, em consequência dessa minha diária hiperexposição pública. Apesar do sucesso, sentia-me uma espécie de doutor em generalidades. Um tagarela, por dever de ofício.

Talvez seja por isso que, volta e meia, ainda hoje me peçam para falar sobre o rádio paraibano, quase sempre colocando à frente a tão surrada pergunta: “O rádio daquele tempo era melhor do que o de hoje?” Resposta impossível de ser dada: os tempos são outros, o modo de fazer é outro, os empresários são outros, os profissionais são outros, a audiência é outra. Logo...

Só acho estranhas, hoje, as pautas de Polícia e de Política, infalivelmente presentes no dia a dia do ouvinte; uma presença que se dá a toda hora, a todo instante. Pode observar: no rádio (e, às vezes, até mesmo na TV), só dá Polícia e Política! Argh!

Para não ir muito longe, até porque não tenho mais tempo para nhém-nhém-nhém, vamos ao que realmente interessa: comecei a desligar o rádio e a televisão quando a cobertura responsável foi substituída pela dramatização excessiva.

No passado havia mais sobriedade em tudo. E hoje, portanto, ao fazer este comentário, sinto que o saudosismo (de minha parte pelo menos) é no mínimo inevitável.

* (foto à esquerda: Arquiteto Clodoaldo Gouveia, autor do Projeto da Rádio Tabajara, no centro de João Pessoa, demolida)