Gratidão, essa palavra-tudo. Assim a definiu Drummond, com sua capacidade de síntese. Para mim, pobre pecador, é a virtude maior...

gratidao evaldo ribeiro silva
Gratidão, essa palavra-tudo. Assim a definiu Drummond, com sua capacidade de síntese. Para mim, pobre pecador, é a virtude maior, que persigo, embora humanamente sujeito, como seria de esperar, a falhas e esquecimentos. Agradecer sempre que possível, reconhecer e proclamar as benfeitorias e bondades recebidas, enaltecendo aqueles e aquelas que algum bem nos fizeram, mínimo que seja. E se as circunstâncias permitirem, que as graças sejam dadas expressamente, com todas as palavras, em som e em letras, para que todos saibam do benefício, do beneficiado e do benfeitor. E, se for o caso, que o louvor se manifeste apenas no silêncio do coração, última tribuna de que dispomos para expressar, só para nós mesmos, os agradecimentos que não puderam vir à luz.

Do alto da Serra do Cruzeiro, na cidade de Alagoa Grande-PB, o olhar pra cidade, panoramicamente, gera um raro prazer. Mas, quem olha a...

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Do alto da Serra do Cruzeiro, na cidade de Alagoa Grande-PB, o olhar pra cidade, panoramicamente, gera um raro prazer. Mas, quem olha a serra de longe, sente doer na vista, e mais ainda na alma, o que a insensibilidade do homem pode fazer.

Hoje os habitantes e visitantes erguem-se pra ver a serra, essa que era chamada Serra do Santo Cruzeiro, e esbarram numa agressão absurda.

No mais famoso diálogo d'A República, de Platão, Sócrates induz Glauco e Adimanto a imaginarem uma caverna onde humanos estão preso...

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No mais famoso diálogo d'A República, de Platão, Sócrates induz Glauco e Adimanto a imaginarem uma caverna onde humanos estão presos desde a infância. Suas pernas e pescoços estão acorrentados, de modo que só enxergam o que está diante deles.

Na caverna há uma entrada pela qual chega a luz de uma fogueira acesa na colina que se ergue por trás dos acorrentados. Entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada, na qual há um pequeno muro.

Nunca fiz listas de intenção para o Ano Novo. Também não faço retrospectiva do ano envelhecido... Entretanto, um misto de alegria ...

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Nunca fiz listas de intenção para o Ano Novo. Também não faço retrospectiva do ano envelhecido... Entretanto, um misto de alegria e esperança vai surgindo com a aproximação do novo ciclo, como se realmente algo pudesse mudar para melhor. Pelo menos tenho sempre o desejo de melhorar um pouquinho, mesmo que não esteja na lista.

Uma amiga querida, Paloma Diniz, afirma que tenho uma excelente agenda mental, e, pensando bem, concordo com ela. Fica tudo na mente: sobrecarregada de tanta culpa, medo, insegurança, curiosidade, alegria, raiva, contentamento, anseios, dor pelos que partiram, seja pela desencarnação ou por outros inúmeros motivos que só dizem respeito a eles.

Nunca mais falarei com tal franqueza sobre fatos que possam me indispor com alguém ou evocar momentos que deveriam estar apenas comigo...

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Nunca mais falarei com tal franqueza sobre fatos que possam me indispor com alguém ou evocar momentos que deveriam estar apenas comigo, não necessariamente que me digam respeito ou que tenha participado, mas que presenciei e que de uma certa forma me surpreenderam.

É uma forma de me poupar e de evitar divulgar questões que apesar de surpreendentes abalariam conceitos de pessoas consideradas digamos, integras ou acima de suspeitas ou de ambiguidades. Que o silêncio exerça sua função e preserve atitudes desconcertantes para um indivíduo ou um grupo.

Voltemos a Victor Hugo. Desta vez, não peço mais desculpas ao meu leitor. Não é por desatenção, mas porque este texto é a complement...

victor hugo trabalhadores mar gilliat
Voltemos a Victor Hugo. Desta vez, não peço mais desculpas ao meu leitor. Não é por desatenção, mas porque este texto é a complementação do anterior, Traduzindo uma página de Victor Hugo ou o Titã-Anão. Hugo é grande, sua grandeza literária e humana ultrapassa todas as barreiras, destacando-o de uma miríade de escritores medíocres, que sequer fazem sombra a seu calcanhar. Movido por essa grandeza, ele escreveu grandeza maior, Os trabalhadores do mar (todas as referências serão retiradas da edição Notre-Dame de Paris/Les travailleurs de la mer; textes établis, présentés e annotés por Jacques Seebacher et Yves Gobin, Paris: Gallimard, 1975).

      VARREDURA Hora de limpar gavetas entulhadas, descartar remédios vencidos, separar os vestidos que não cabem mais no cor...

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VARREDURA
Hora de limpar gavetas entulhadas, descartar remédios vencidos, separar os vestidos que não cabem mais no corpo crescido. Hora de refazer os planos, entregar os pontos do que não foi resolvido.

Aprendi que não adianta brigar com os fatos. Eles são insistentes. Por mais que você queira superá-los, não levar em conta e esquecer, ...

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Aprendi que não adianta brigar com os fatos. Eles são insistentes. Por mais que você queira superá-los, não levar em conta e esquecer, eles não desistirão de existir. A única maneira de lidar com eles é conviver e aceitá-los.

Quando minha família perdeu tudo, culpamos a justiça e os bancos que haviam emprestado o dinheiro. Doeu. Foi terrível. Mas com o tempo entendemos que a culpa era nossa, por termos acreditado no que se provou um mau investimento. Fomos despejados e ficamos sem nada.

À enorme deferência com que foi recebido por todos, responderia com aquele distanciamento, a princípio, tímido e quase confuso, mas...

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À enorme deferência com que foi recebido por todos, responderia com aquele distanciamento, a princípio, tímido e quase confuso, mas que tão logo se transformaria em mal disfarçado aborrecimento assim que pôde dar os primeiros andamentos à obra.

O livro é sempre tratado como a Geni da cultura, mas sempre resiste. Estava lendo texto de Machado de Assis sobre “O jornal e o livr...

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O livro é sempre tratado como a Geni da cultura, mas sempre resiste.

Estava lendo texto de Machado de Assis sobre “O jornal e o livro”, publicado no Correio Mercantil em 1859.

Com loas ao papel do jornal, Machado sugere o aniquilamento do livro. Machado indaga: O jornal matará o livro? O livro absorverá o jornal? Vejam o que dizia nosso maior escritor:

Ocorre-me a questão. Será que ainda existe alguma pedra daquele antigo piso com suásticas retirado, em princípios de 1995, do terraço d...

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Ocorre-me a questão. Será que ainda existe alguma pedra daquele antigo piso com suásticas retirado, em princípios de 1995, do terraço dos fundos do Palácio da Redenção, a sede do Governo da Paraíba? Data de novembro de 2020 a última notícia que tive disso.

Na ocasião, eu produzia matéria para o “Jornal do Commercio”, do Recife. Fui ao Palácio, onde o então Chefe da Casa Civil do Governador, o saudoso Cláudio de Paiva Leite, me falou da remoção dos tais ladrilhos

Já adolescente, pude ver, sim, toda a cidade de Alagoa Nova numa lapinha geral, felizes todos, nem tanto pelos três Reis Magos, como p...

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Já adolescente, pude ver, sim, toda a cidade de Alagoa Nova numa lapinha geral, felizes todos, nem tanto pelos três Reis Magos, como pela adoração de todas as gentes, pobres e ricas, novas e velhas, todas como uma só criança. A cidadezinha inteira um presépio de peregrinos a darem trégua ao trabalho de fardos, fusos, pinhões e desfibradeiras para festejar o nascimento de Jesus. E, por que não dizer, o deles.

Negro, de família pobre, vindo do interior. Um dos muitos meninos que correm atrás de uma bola e de futuro pelos campinhos d...

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Negro, de família pobre, vindo do interior. Um dos muitos meninos que correm atrás de uma bola e de futuro pelos campinhos de grama, barro, areia ou de paralelepípedos espalhados pelo Brasil afora. O tempo tratou de construir um roteiro perfeito em que mais um capítulo foi escrito no último dia 29 de dezembro de 2022.

A região do Brejo, com suas riquezas naturais, a força criadora de sua gente e a vontade de progredir, está presente no romance do jor...

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A região do Brejo, com suas riquezas naturais, a força criadora de sua gente e a vontade de progredir, está presente no romance do jornalista Rubens Nóbrega, que chega às nossas mãos. A “Baixa do Mel” (Ideia, 2022), nos leva a caminhar soltos pelas paisagens humanas dos entrançados acontecimentos familiares que o autor utiliza para prender a todos com sua narrativa.

Muitas das histórias do livro, inventadas ou recriadas, de certa forma são conhecidas de muitos, principalmente de quem nasceu e conhece a realidade da região do Brejo. O autor viveu na infância em Bananeiras, e com certeza presenciou fatos marcantes na história da cidade e do lugar.

Não tenho medo da morte. No balanço geral o meu saldo é positivo. Gracias a la vida siempre. Aos sessenta e quatro anos juntei bem mais...

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Não tenho medo da morte. No balanço geral o meu saldo é positivo. Gracias a la vida siempre. Aos sessenta e quatro anos juntei bem mais que cabelos brancos. Criei filhas, vi nascer netos e neta. Plantei coentro e cebolinha. Gozei dentro. Escrevi poemas e publiquei livros. Ganhei algumas alegrias, perdi outras. Quando amei olhei nos olhos. Até aqui nada foi meia boca. Não há meias verdades na minha história. Dei cabeçadas. Não sei se aprendi. Acho que não. Algumas coisas a gente nunca aprende. Apenas se sabe que machuca, dói, sara e fica no grau para a próxima pancada. O sangue das emoções jorra na face. É sempre tudo muito claro. Quase ninguém percebe. Nem eu.

Num fenômeno artístico, geralmente, uma “obra de arte” é criada como uma necessidade humana que surge a partir da relação de estranhe...

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Num fenômeno artístico, geralmente, uma “obra de arte” é criada como uma necessidade humana que surge a partir da relação de estranheza entre o processo da vida e a materialização da arte. Diante disso, é possível encontrar uma relação das transformações sociais e históricas com um acontecimento cultural. Por isso, o desafio de entender a arte em sua manifestação social, faz-se necessário unir várias análises que constituem as interpretações de cultura que orientam os seus autores. Essa divergência teórica foi estudada pelo sociólogo alemão Georg Simmel (1858—1918). No seu ensaio O conceito e a tragédia da cultura (1911), ele analisa a relação do ser humano com a realidade do mundo, o que dá início ao processo entre sujeito e objeto.