Originou-se de uma caixa de frutas e verduras, daquelas de madeira, com talas pregadas espaçadas nas laterais, onde são armazenadas verdura...

ambiente de leitura carlos romero clovis roberto dia dos pais amor de filha filha unica presente inesquecivel

Originou-se de uma caixa de frutas e verduras, daquelas de madeira, com talas pregadas espaçadas nas laterais, onde são armazenadas verduras e legumes como cenouras, pimentões e chuchus, ou frutas como mangas, cajus e laranjas. Gostos variados, doces sabores ou não, alimentos para a vida, tão comuns nos mercados e feiras livres da cidade. Porém, engana-se quem a considerar uma caixa qualquer.A caixinha em questão ganhou personalidade, alma. Ela foi toda pintada de azul escuro e recebeu pinceladas que formaram bolinhas vermelhas. É uma caixa especial!

Participamos, no ano passado, de um cine-jantar no restaurante Casa Roccia , organizado pelo crítico de cinema Andrés Von Der Sauer. Os seu...

ambiente de leitura carlos romero jose mario espinola historias de gastronomia francesa sardinha cuscuz colegio pio x gramame vatel banquete do rei casa roccia

Participamos, no ano passado, de um cine-jantar no restaurante Casa Roccia, organizado pelo crítico de cinema Andrés Von Der Sauer. Os seus eventos, além de proporcionar agradáveis encontros entre pessoas que são amantes da Sétima Arte, têm como pièce de résistance, prato principal, o debate de alto nível por ele promovido após a sessão. Suas análises de cinema são ricas em detalhes e permeadas do humor que lhe é peculiar.

Naquela noite, assistimos ao filme francês "Vatel, um Banquete para o Rei" (2000, Roland Joffé), com o qual ficamos profundamente impressionados. A película conta a história, verdadeira, da recepção oferecida pelo conde de Chantilly ao rei Luis XIV, da França. O conde estava quebrado e precisava muito agradar o rei e convencê-lo a abrir os cofres para salvar seu condado. Conseguiu, então, que Sua Majestade aceitasse o convite para um jantar. Mas não um simples jantar.


“Ô” banquete, como vocês verão se assistirem ao filme. Não é apenas um jantar gordo. É uma série de refeições em forma de obras de artes, entremeadas com danças, balé, circo, drama, comédia, tudo sequenciado para o deleite do rei e de sua comitiva.

Paralelo a isso, corre a história do autor da cerimônia: François Vatel, chef francês que já tinha sido da corte, mas caiu em desgraça, fugindo da França para a Inglaterra. Anos depois volta à França, sendo acolhido pelo conde de Chantilly.

O filme é deslumbrante, rico em fotografia, atuação e direção, posteriormente comentado por Andrés. O debate foi, realmente, uma “deliciosa sobremesa!”

Mas nem todo banquete se reveste de tanto luxo quanto o do conde de Chantilly. É possível termos o mesmo prazer com muito menos. Depende das circunstâncias.


Ao ser admitido no curso ginasial do Colégio Pio X, como já disse certa vez, ingressei numa nova realidade social e psicológica: fui promovido a rapaz!

Lá, fiz amizades com muitos colegas, cabeças as mais diferentes possíveis. Uma das mais duradouras das amizades foi com Fernando Furtado Filho, o Nino.

ambiente de leitura carlos romero jose mario espinola historias de gastronomia francesa sardinha cuscuz colegio pio x gramame vatel banquete do rei casa roccia

Ele mudou-se para o bairro Tambiá, perto da nossa casa. Sua grande família, composta por pessoas maravilhosas, exerceu boa influencia à minha vida: Dr. Fernando Furtado, Dona Mirtes, Paulo Germano, Solange, Suely, Simone, Silvana e o próprio Nino. Com eles vivi momentos inesquecíveis.

Dr. Fernando era um exímio profissional; excelente pai de família e esposo; pessoa simples; sempre bem humorado, gostava de conversar conosco. Dava atenção à meninada.

Dona Mirtes é uma dama: bonita, elegante, excelente companheira, mãe e filha, que foi. Sempre carinhosa com as irmãs e com toda a família. Assim como o esposo, era muito atenciosa para com as amizades dos seus filhos. Hoje, ela estende todo o seu amor para os netos.

Andamos uns cinco quilômetros, parando aqui e ali para descansar, quando de repente a fome começou a apertar.
Um dos cenários mais comuns das nossas aventuras foi o sítio Alagoinha, do Dr. Fernando, na localidade de Gramame, que dista cerca de 15 quilômetros do centro da capital paraibana.

Todas as manhãs de sábados ele ia até o sítio: fazer pagamentos, levar farelo para as vacas, milho para as galinhas. Voltava com a carroceria da caminhonete repleta de frutas. E nós íamos com ele: Fernando, eu e Tóia, a inseparável cadela peluda do patriarca.

Lá, havia tudo o que menino gosta de fazer: roça, dar comida ao gado, campo para peladas, uma piscina improvisada, mata e, principalmente, o banho de água doce! O sítio ficava às margens do rio Gramame.

Embora nossas mães nos proibissem de nadar no rio, não pensávamos em outra coisa quando íamos para lá, desafiando os caramujos da schistosoma.

ambiente de leitura carlos romero jose mario espinola historias de gastronomia francesa sardinha cuscuz colegio pio x gramame vatel banquete do rei casa roccia
Num desses sábados fizemos uma jangada precária, com troncos de bananeiras, e fomos navegar. O rio era raso, de modo que, em alguns trechos, a jangada encalhava. Tínhamos, então, que descer e empurrar, enquanto Toia latia na margem. Nesse dia, ficamos entretidos nisso toda a manhã, e entramos pela tarde.

Foi só quando a jangada se desmanchou que nos demos conta do tempo e corremos de volta para a sede do sítio. Quebramos a cara. Cadê a caminhonete? Para onde foi Dr. Fernando? O administrador nos disse que ele nos procurou, buzinou e foi embora.

E agora? Decidimos voltar a pé para casa. Quilômetros! Mas era o jeito. Partimos, com Toia nos acompanhando.

Andamos uns cinco quilômetros, parando aqui e ali para descansar, quando de repente a fome começou a apertar. Mato de um lado, mato do outro, nenhuma árvore frutífera e a fome aumentando. Eu já não pensava em outra coisa senão em comer. Qualquer coisa!

Um pouco mais adiante encontramos uma casa com uma modesta vendinha ao lado. Tarde avançada, não havia mais o que servir. Insistimos e o dono nos ofereceu o que restava: sardinha com cuscuz! Abriu duas latas e comemos com o cuscuz seco. Dividimos tudo com Toia. Que delícia! A sensação era de que estava comendo salmão com um risoto bem gostoso, com creme de leite.

Para a nossa surpresa, mal terminamos e andamos um pouco, vimos a caminhonete verde-claro se aproximando: Dr. Fernando veio nos buscar!

Relembrando tudo isso, sinto que o nosso almoço inusitado foi tão gostoso quanto o banquete de Vatel. Tanto que até hoje não esqueci o sabor. E fiquei fã da sardinha.

Só não com cuscuz seco!


José Mário Espínola é médico e escritor

Crepúsculo Um majestoso tapete vermelho Se estende pelo céu Sobre retalhos de azul. Tão belas as coisas de Deus! A tarde se despede ...

ambiente de leitura carlos romero milfa valerio poesia primavera paixao dores murmurios do mar cores contemplacao paixao despertar


Crepúsculo


Um majestoso tapete vermelho
Se estende pelo céu
Sobre retalhos de azul.
Tão belas as coisas de Deus! A tarde se despede
Em pleno esplendor com suas cores e murmúrios.
Divago: são os anjos preparando um concerto!
Tento imaginar a beleza e a magia
Da música celestial
E me vem um enorme desejo de ter asas.
Exponho desarmada ao novo espetáculo
Meu querer. E esqueço que a noite
Tão rica de estrelas, não tem poder...

A irmã de Elle continua falando, enquanto segura sua mão. — Um dia você me intrigou. Estávamos comprando material de expediente para o se...

ambiente de leitura carlos romero ana paula cavalcanti ramalho livro a marca de um cheiro sabores do aroma cheiros mania de cheirar coisas memoria olfativa olfato cheior s e odores

A irmã de Elle continua falando, enquanto segura sua mão.

— Um dia você me intrigou. Estávamos comprando material de expediente para o seu escritório de casa. Quando reparei, você estava cheirando uma borracha como se fosse uma flor. Lembra? Perguntei o que estava fazendo. Em vez de responder, você me fez uma pergunta. Aliás, a de sempre: “Não gosta do cheiro?”. Então eu disse: "Gosto, mas não fico cheirando borracha nas lojas ou em outro lugar. Compramos tudo, inclusive a borracha. Era daquelas que usávamos em nosso tempo de escola , das que se coloca encaixada no lápis grafite. Na saída você me convidou para tomarmos um café, iria contar sobre o cheiro da borracha. E me contou:

Foi dose forte de leitura e de influências no juízo de um adolescente bem nascido, mas de sensibilidade francamente exposta ao chamamento c...

ambiente de leitura carlos romero gonzaga rodrigues jacobo Arbenz fidel castro che guevara visionarios socialistas lenin injustica social barreto sobrinho francisco de paula barreto exílio

Foi dose forte de leitura e de influências no juízo de um adolescente bem nascido, mas de sensibilidade francamente exposta ao chamamento cultural e político de povos e de novas experiências libertárias.

Somente uma coisa eu sei fazer bem nessa vida: assobiar. Aprendi a assobiar ainda criança, com minha mãe, e saí assobiando vida afora. Eu...

ambiente de leitura carlos romero antonio morais carvalho mania de assobiar ivan lessa solidariedade no exterior consciencia etica budapeste proibido assobiar

Somente uma coisa eu sei fazer bem nessa vida: assobiar. Aprendi a assobiar ainda criança, com minha mãe, e saí assobiando vida afora. Eu assobio como quem respira: involuntariamente. Por isto, às vezes assobio até mesmo em lugares talvez não tão adequados.

Enquanto lia o livro “Engenho Laranjeiras: O Doce Afeto da Natureza” de Francisco Barreto, furtivas lembranças me ocorreram de quando, aind...

ambiente de leitura carlos romero jose nunes francisco barreto Engenho Laranjeiras livro o Doce Afeto da Natureza serraria cana de acucar exilio

Enquanto lia o livro “Engenho Laranjeiras: O Doce Afeto da Natureza” de Francisco Barreto, furtivas lembranças me ocorreram de quando, ainda criança, as pessoas me conduzindo pelas mãos, eu estive nesse aprazível recanto de beleza que ornamenta Serraria.

Marisa está com saudade de mim. Disse-me isso com todas as letras. Fosse eu comentar com meus insignificantes botões as mensagens insistent...

ambiente de leitura carlos romero frutuoso chaves assedio call center setentao assediado ligacao magazine luiza loja marisa

Marisa está com saudade de mim. Disse-me isso com todas as letras. Fosse eu comentar com meus insignificantes botões as mensagens insistentes que recebo duas vezes por semana, no mínimo, poderia ouvir deles algo indevido. “Quem diria, não é? Setentão e abalando corações” – coisa desse tipo.

Nos carnavais da minha juventude o “lança-perfume” já era uma droga proibida. Em 1961, por recomendações do jornalista Flávio Cavalcante, o...

ambiente de leitura carlos romero rui leitao carnaval antigo carnavais de outrora saudade lanca-perfume serpentina baile de carnaval

Nos carnavais da minha juventude o “lança-perfume” já era uma droga proibida. Em 1961, por recomendações do jornalista Flávio Cavalcante, o presidente Jânio Quadros, que havia sido eleito com um discurso que prometia “moralizar o Brasil”, editou o decreto de número 51.211, sete dias antes da sua renúncia, impedindo a fabricação, a distribuição e o consumo da substância em todo o território nacional. Proibição que perdura até hoje. Seu uso passou a ser feito de forma contrabandeada. Como tudo que é proibido desperta curiosidade, ficávamos interessados em conhecê-lo. Sua comercialização passou a ser clandestina. Tornou-se, então, não só um caso que merecia o olhar atento da saúde pública, mas também da polícia.

Sem saber francês, Père Hucheloup conheceu o latim; querendo ser melhor do que Carême , o chef dos reis, igualou-se a Horácio. É assim, c...

ambiente de leitura carlos romero milton marques junior erros equivoco de traducao truncada letras classicas vernaculas victor hugo horacio

Sem saber francês, Père Hucheloup conheceu o latim; querendo ser melhor do que Carême, o chef dos reis, igualou-se a Horácio. É assim, com uma ironia sutil, que Victor Hugo comenta uma distorção fonética, que, ajudada pelas intempéries, virou uma distorção ortográfica e acabou emulando Horácio, o poeta latino.

Baraúna! Assim o chamavam alguns amigos e conhecedores da longevidade de certas árvores da flora brasileira. Referiam-se à força vital que ...

ambiente de leitura carlos romero saulo mendonca reminiscencias de infancia saudade do pai longevidade barauna bucolismo telurico lembrancas do pai

Baraúna! Assim o chamavam alguns amigos e conhecedores da longevidade de certas árvores da flora brasileira. Referiam-se à força vital que tinha o meu pai, o seu vigor, tal qual essa árvore nordestina da família das “brauna Schott”, ainda hoje conhecida pela sua resistência ao tempo e à vida.

“Só em olhar para o senhor a gente já se sente melhor” - era assim que Carlos Romero , nosso pai, se anunciava logo que entrava no consultó...

ambiente de leitura carlos romero germano romero marco aurelio barros hospital samaritano dedicacao amor ao proximo competencia exercicio medicina conduta exemplar profissionalismo medico

“Só em olhar para o senhor a gente já se sente melhor” - era assim que Carlos Romero, nosso pai, se anunciava logo que entrava no consultório de Dr. Marco Autélio Barros.

Alguém me disse que caligrafia está caindo em desuso. Para quê — perguntam? Ao toque de teclados de computador e semelhantes é possível ele...

ambiente de leitura carlos romero jose leite guerra saudades da caligrafia manuscrito habito escrever mao vicio de teclar

Alguém me disse que caligrafia está caindo em desuso. Para quê — perguntam? Ao toque de teclados de computador e semelhantes é possível elevar o pensamento ou o trabalho escrito com muito mais facilidade.

Gratidão Vim de um agreste triste. Seco de palavras, Árido de afetos, Encarquilhado de carinhos.

ambiente de leitura carlos romero irenaldo quintans poema gratidao joao pessoa raizes familia sucesso pessoal


Gratidão


Vim de um agreste triste.
Seco de palavras,
Árido de afetos,
Encarquilhado de carinhos.

O vírus veio e trouxe para ela o fantasma da violência. O vírus é um depurador: quem era bom, melhor ficou; quem era ruim, em péssimo se tr...

ambiente de leitura carlos romero adriano de leon conto tragedia pandemia violencia a mulher traicao amantes conivencia familia drama domestico covid consequencia coronavirus

O vírus veio e trouxe para ela o fantasma da violência. O vírus é um depurador: quem era bom, melhor ficou; quem era ruim, em péssimo se transformou.

Ausente das ruas desde o início de março, quando se deu a posse do professor Milton Marques na Academia, e como tudo hoje corre mais que d...

ambiente de leitura carlos romero cronica gonzaga rodrigues joao pessoa rio sanhaua historia da cidade literatura paraibana

Ausente das ruas desde o início de março, quando se deu a posse do professor Milton Marques na Academia, e como tudo hoje corre mais que depressa, não faço ideia, neste dia da cidade, como anda o projeto da Prefeitura para o rio Sanhauá. Torcia por ele sem conhecer os detalhes. Mas como sempre desejei refazer o caminho que foi a rota, sem alternativa, da navegação da história, do comércio, do rei e dos primeiros presidentes republicanos que para aqui se botavam, acompanhei ansioso o andamento dessa reincorporação do Sanhauá à paisagem útil e viva da cidade.

Cidade mais velha quatro centos e um tanto agora de máscara sem viço, sem rosto vivida e sem vida agosto em desgosto

ambiente de leitura carlos romero germano romero poesia aniversario cidade cidade joao pessoa


Cidade mais velha
quatro centos
e um tanto

agora de máscara
sem viço, sem rosto
vivida e sem vida
agosto em desgosto

Ela estava sentada e colocaram várias toalhas sobre suas costas para que os filhos pudessem se despedir, com um abraço. Seria o último, mas...

ambiente de leitura carlos romero rosa aguiar saudade avo tubercuslose pandemia asilo despedida

Ela estava sentada e colocaram várias toalhas sobre suas costas para que os filhos pudessem se despedir, com um abraço. Seria o último, mas eles não sabiam disso. Eram pequenos demais para entender que não existia nem cura nem vacina para a tuberculose. Era início dos anos 1940. A doença era romantizada porque os artistas foram grandes vítimas. Ficavam sem comer para comprar tintas e telas, e adoeciam.

Entro no Banco Nacional, antigo Cinema Rex, e fico aguardando o atendimento. Pouco mais, a funcionária chega sorrindo. — Uma ordem de pag...

ambiente de leitura carlos romero cronista carlos romero devaneio no banco nolstalgia cinema antigo filme classico imaginacao criatividade cronica

Entro no Banco Nacional, antigo Cinema Rex, e fico aguardando o atendimento. Pouco mais, a funcionária chega sorrindo.

— Uma ordem de pagamento — digo.

A tarde está fria, propícia ao devaneio. Acontece que o banco não está para fantasias e sim para cálculos. Portanto, nada de andar com alma de poeta ou de cronista sentimental.

No final da rua, outra concussão daquela. Mais forte, agora. O mais estranho nela foi a impressão de algo que irrompera deixando atrás de s...

ambiente de leitura carlos romero alberto lacet funeral confinamento conto ficção futebol copa do mundo

No final da rua, outra concussão daquela. Mais forte, agora. O mais estranho nela foi a impressão de algo que irrompera deixando atrás de si um rastro de desolação, e que fosse a expressão de um silêncio mais fundo do que o anterior patamar em que se colocava.