Gratidão Vim de um agreste triste. Seco de palavras, Árido de afetos, Encarquilhado de carinhos.

Gratidão

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Gratidão


Vim de um agreste triste.
Seco de palavras,
Árido de afetos,
Encarquilhado de carinhos.

Arrastado pelo pai,
Tangido pelo destino,
A doloridas braçadas aqui aportei,
Exausto.

Vida exuberante,
Mar quente e amistoso,
Acumpliciado com a brisa.
Enterrei as raízes...

Fiz-me homem.
E, homem feito, vi filhos paridos,
Perfeitos, do ventre de uma linda Eva,
Resoluta e generosa.

E vi alguns meus seguirem a viagem,
Comprida e necessária,
Rumo ao éter.

E vi coisas...

E já tantas foram,
Que, agora, nada me resta a dizer,
Senão o bordão dos errantes:
Obrigado, muito obrigado João Pessoa!

Pela água de coco em dia quente,
Bebida com sofreguidão,
Entre o farfalhar dos coqueiros.

Pelos caminhos alumiados
Por um astro brilhante,
Todos os dias.

Pela lua grande,
Sensual,
Pedindo um beijo morno.

Pela ponta concupiscente
Que invade o oceano,
Sem se escusar de nada.

Pelo cinza alagoado,
Marcando uma roda,
No centro de tudo.

Pelo velho rio,
Serpenteando entre as canas,
Até o crepúsculo...

Pela casa,
Pela labuta,
Pela dor,
Pelo prazer,
Pelos ternos, doces, suaves,
Pelos melhores dias da minha vida.


Irenaldo Quintans é economista e escritor

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