VOO Sinto-me em pleno ar. Pequena gaivota a flutuar nos céus, Lenço branco a baloiçar no vento, A deslizar pelo firmamento.

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VOO
Sinto-me em pleno ar. Pequena gaivota a flutuar nos céus, Lenço branco a baloiçar no vento, A deslizar pelo firmamento.

Ontem, ao acordar, encostei a testa no vidro da janela e vi uma fina nuvem de vapor se erguendo do chão. Um pardalzinho pousou no galh...

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Ontem, ao acordar, encostei a testa no vidro da janela e vi uma fina nuvem de vapor se erguendo do chão. Um pardalzinho pousou no galho sem folhas da árvore e virou a face na direção do nascente. O vento frio da manhã lhe soprava as penas. Carícia de dedos gelados sob os primeiros raios do sol. Nem um som se ouvia. Hipnotizada, observei os dois — o passarinho arrepiado e a água evaporando em direção ao céu em pequenos arabescos de névoa — e me senti intrusa.

A primeira formulação a respeito da origem da inspiração, no mundo ocidental, remonta ao século VIII a. C., com a Teogonia de Hesíodo , po...

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A primeira formulação a respeito da origem da inspiração, no mundo ocidental, remonta ao século VIII a. C., com a Teogonia de Hesíodo, poema em que, para poder cantar a saga de Zeus como o primeiro herói, na sua luta contra os Titãs e contra o gigante Tifeu, Hesíodo precisa fazer uma celebração das Musas e do seu poder inspirador de poesia e de conhecimento. São as Musas, filhas de Zeus, o mais sábio dos deuses, e de Mnemosine, a deusa da memória, que guardam o conhecimento, inspirando os poetas, os estudiosos e os reis, estes para, especificamente, a aplicação da Justiça.

O egoísmo que excede limites é um distúrbio de atitudes que altera a personalidade. É quando se manifesta de forma que o indivíduo não med...

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O egoísmo que excede limites é um distúrbio de atitudes que altera a personalidade. É quando se manifesta de forma que o indivíduo não mede esforços para conseguir o que quer, mesmo em detrimento de outros. As pessoas que assim se comportam são frias, sem sentimento, sedutoras. Nunca apresentam remorsos ou se sentem culpadas pelo mal que possam ter causado a alguém. Mas conseguem disfarçar seu “lado negro”.

Algumas lembranças decisivas de minha infância ligam-se ao Colégio Diocesano Pio XI, de Campina Grande. Lá fiz o admissão e cursei uma par...

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Algumas lembranças decisivas de minha infância ligam-se ao Colégio Diocesano Pio XI, de Campina Grande. Lá fiz o admissão e cursei uma parte do primário. O Pio XI era dirigido pelo meu tio Emídio Viana, que liderava a família vinda de Santa Rita. Graças a uma carta de minha avó, mulher religiosa e que se correspondia com várias autoridades da Igreja, Emídio conseguiu da diocese autorização para dirigir o ensino naquele colégio. Ele dirigia, e o restante da família (inclusive o meu avô) completava-o na administração ou no magistério.

Em toda primeira manhã do ano, nos vem uma recorrente sensação de mesmice. A impressão de que nada mudou, de que a notória euforia pautada...

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Em toda primeira manhã do ano, nos vem uma recorrente sensação de mesmice. A impressão de que nada mudou, de que a notória euforia pautada na esperança da mudança é tão grande quanto a ilusão. Nada mais verdadeiro, uma vez que as referências numéricas, calendas, dia disso, dia daquilo, é tudo invencionice.

Hoje é dia de Reis… será que foi mesmo no sexto dia do primeiro mês do ano "zero" que os magos do oriente se dirigiram até Jesus, guiados pela sintonia com o grande acontecimento, para prestar-lhe a sagrada reverência? Bem, segundo o mestre em Mitologia, Milton Marques Júnior, janeiro nem é, originalmente, o primeiro mês do ano, e sim março, se não me falha a memória nada grega.

Hoje é dia de Reis… data em que o nosso amado pai, Carlos Romero, rompeu o casulo para voltar a voar. Um voo merecido, já esperado, com as generosas asas que até hoje abençoam nossa gratidão. Nunca esquecemos o dia em que, a umas duas semanas de seu desenlace, a amiga Suely Cavalcanti Dias, em visita ao hospital para ver papai e lhe aplicar uns passes magnéticos - que tão bem escorrem de sua aura luminosa - ao sair do quarto, me disse no corredor: “Prepare-se. Ele já está tecendo o casulo. Em breve alça voo”. O que mais impressionava era a serena suavidade das palavras, que, com a mesma serenidade se transferiam de seu olhar ao meu coração. Era dezembro… mês 10 ou 12, hein, Milton?

E o dito foi feito. No seguinte dia de Reis, como hoje, o espírito dele se desatou do corpo que já não lhe dava prazer às emoções, que já não condizia com sua alegria de viver, de criar, de pensar e realizar o bem com que pautou toda a encarnação. Bem dito dia de Reis, do rei, do nosso rei, eterno rei…

Cinco anos se passaram. E a gente quase nem sente, com ele tão presente, onipresente. É mais um dia, mais um ano, igual a todos. Cheio do mesmo amor, tão iluminado e tranquilo como as manhãs de todo ano novo. Sempre as mesmas.

Que diferença faz, se foi no dia 6, de Reis, de Iemanjá, de Natal? Nenhuma. Quando desço as escadas pelas manhãs que nem mais conto e me deparo com o seu retrato iluminado de sorriso, na parede da sala, é sempre um novo dia, repleto de amor, de gratidão, de boas lembranças, de tudo isso que vence as barreiras do tempo, do espaço, coisa criada por nossa mente inventiva.

Que diferença faz se há dois anos ele partiu, se nunca partiu? Se foi mas ficou, desafiando o tempo que faz voltar toda vez que com ele sintonizamos? Nenhuma. Um ano a mais, um ano a menos, nunca será mais, nem menos, para quem continua mais vivo do que nunca, como costuma dizer nossa querida amiga Ângela Bezerra de Castro.

Hoje é dia de Reis… Viva os Reis Magos!

Há alguns anos, tive contato com um livro que me fascinou: "O lugar do escritor", de Eder Chiodetto (ed. Cosac Naify, 2002). Um ...

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Há alguns anos, tive contato com um livro que me fascinou: "O lugar do escritor", de Eder Chiodetto (ed. Cosac Naify, 2002). Um livro de arte, com fotos lindas, sobre as casas de escritores, suas ideias e, principalmente, sobre o lugar de sua produção literária e o processo da escrita. Nele, Adélia Prado, revela:

As chuvas desertando no céu e deixando a plantação – um milharal de começo tão promissor – definhar pelo campo, mas voltando, intempestiva...

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As chuvas desertando no céu e deixando a plantação – um milharal de começo tão promissor – definhar pelo campo, mas voltando, intempestivas, para diluir a caieira de tijolos acabada de erguer (aproveitando uns restos de águas de um barreiro próximo), num impulso desesperado e salvacionista do prejuízo anterior –, quando finalmente pronta e apenas nos preparativos da queima para que os tijolos, vendidos de antemão, fossem finalmente entregues.

Em seu 19º episódio, o primeiro do ano de 2021, a Pauta Cultural da ALCR-TV resume textos recentemente publicados no Ambiente de Leitura C...

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Em seu 19º episódio, o primeiro do ano de 2021, a Pauta Cultural da ALCR-TV resume textos recentemente publicados no Ambiente de Leitura Carlos Romero.

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Uma face, só ânima
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Paulo Brasil sentado no degrau do templo dedicado a Nossa Senhora do Montserrat, que muitos confundem com Igreja de São Bento. Colado à h...

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Paulo Brasil sentado no degrau do templo dedicado a Nossa Senhora do Montserrat, que muitos confundem com Igreja de São Bento. Colado à histórica casa de orações é que moravam os beneditinos. Aqui, chamada Casa do Calvário, depois Central de Cursos da Arquidiocese.

Em fins dos anos 1970, o jornalista e escritor José Castello conseguiu agendar uma entrevista com Vinicius de Moraes, que então estreava ...

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Em fins dos anos 1970, o jornalista e escritor José Castello conseguiu agendar uma entrevista com Vinicius de Moraes, que então estreava um show no Rio de Janeiro. O jornalista não era ainda o consagrado biógrafo do poeta e compositor, condição que só alcançaria mais de uma década depois da citada entrevista, mas naquele encontro frustrante já detectou no entrevistado claros sinais de um tormento existencial que contrastava abertamente com a imagem pública do autor de canções leves como “Garota de Ipanema”.

Capítulo 1 Estou no sudoeste do Texas, fronteira com o México, às margens do Rio Bravo. Vejo pessoas do outro lado, são imigrantes com...

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Capítulo 1

Estou no sudoeste do Texas, fronteira com o México, às margens do Rio Bravo. Vejo pessoas do outro lado, são imigrantes como eu, e estão ali para cruzarem o rio. Uns vão morrer, outros conseguirão. Eu consegui. Mas conseguir não é só chegar até onde estou, do lado americano.

Para Aristóteles, o poeta tem algo de divino. Este ponto de vista é compartilhado por muitos de seus seguidores numa lista acrescida a cad...

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Para Aristóteles, o poeta tem algo de divino. Este ponto de vista é compartilhado por muitos de seus seguidores numa lista acrescida a cada século desde quando esse pensador plantou sementes de sabedoria, uns quatrocentos anos antes de Cristo, mas recordo o diálogo do filósofo católico francês Maritain com o ateu Jean Cocteau, apontando que a ordem espiritual procede de Deus, estando presente em nós e revela sua constatação: “é a inspiração do poeta, e por isso ele é um homem divino”. E acrescenta: “As palavras, os ritmos, são para ele a matéria com a qual cria um objeto para a alegria do espírito, e nas quais brilham alguns reflexos da grande noite estrelada do ser”.

Quando ela morreu, em junho de 1948, aos cinquenta anos, o paraibano José Lins do Rego escreveu, em um jornal do Rio de Janeiro, que a su...

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Quando ela morreu, em junho de 1948, aos cinquenta anos, o paraibano José Lins do Rego escreveu, em um jornal do Rio de Janeiro, que a sua vida “foi toda ela uma servidão voluntária; um desesperado servir a filhos, a marido, a netos, a ideias, e mais do que tudo, ao seu destino de mulher livre, a mais livre e mais corajosa mulher de sua geração, e mesmo, do seu país”.

Com certeza nossos netos e muitos dos nossos filhos não saberão responder a essa pergunta. Para eles é inimaginável entender como poder...

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Com certeza nossos netos e muitos dos nossos filhos não saberão responder a essa pergunta. Para eles é inimaginável entender como poderíamos ficar sem essa comunicação em tempo real que a internet nos proporciona através dos aparelhos celulares. Devem concluir que estávamos num atraso grande, sem a possibilidade de acompanharmos as notícias na hora em que elas aconteciam, passando dias ou meses para receber uma comunicação de quem estava distante, tendo dificuldades em tirar dúvidas já que não havia o “google.
No meu tempo a única forma de se comunicar com outra pessoa com rapidez era através do telefone fixo e mais tarde pelo “orelhão”, telefones públicos colocados ao dispor da população. Para saber o numero do telefone de um amigo era preciso consultar o catálogo que as empresas de telefonia imprimiam a cada ano ou guardá-los na memória.