Uma face, só ânima pernas de compasso pernas na mesa perna (d)e pau pernas para que te quero, pernas, pernas brancas, gros...

Pernas pra que te quero

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Uma face, só ânima
pernas de compasso pernas na mesa perna (d)e pau pernas para que te quero, pernas, pernas brancas, grossas pernas... daí, chega uma das faces de drummond: – pra que tantas pernas, meu deus? porém, meu coração só pensa naquilo! Pobres moços
desconfiem dos bons moços aqueles que costumam triturar nossos ossos em segredos e no computador entre teclados e roupas engomadas amassam nossa paciência nas filas dos bancos engilham nossas roupas na frieza de seus bytes desconfiem das boas moças também estas, são muito certinhas não assanham os cabelos se brincar, acreditem, nunca nem tiveram pentelhos de tão limpas e boas que são desconfiem, enfim, dos bons modos daqueles que não comem sem garfo e faca e não dispensam um guardanapo no colo desses, tenha medo são os piores assaltantes da raça humana: assaltam o improviso – a melhor forma de viver sem avisos. Barco de ilusões
(para Veruscka Guerra) o peixe cabe dentro do mar o mar não cabe dentro do peixe o pescador é maior que o mar o pescado é menor que a fome colcha de retalhos no oceano navegar/e em 1690 (em raios de ósseos cartilaginosos) miserere pro-nobis óbice ao céu que brilha azul. Collectivus
um poema nasce quando as partes se contundem nas moléculas salgadas nas estrofes amadas nas leituras armadas um poema nasce quando o tudo é moleque e confunde as marcas e confunde e marca traço armorial na tua pele beatnik. Bilíngua
billie holliday na vitrola holiday é altar (fixed star) ser ou estar? asterisco com notas no rodapé (em tua fenda) lenda do blues em férias feridas em dia de folga da dor. Auto-ajuda corte à faca corta a massa (tritura a farsa) (não) corta as asas é cortaázar acendendo todos os fogos do fogo em jogos de cronópios e fama para que a besta-célere ofereça auto-ajuda ao seu próprio cérebro sempre sentado à margem direita do rio de pedras com letras e números somando dinheiro na lama. Twitterlandia
havia uma gota de sangue em cada poema primitivo eram tempos de antanho e mário (de andrade ou sobral?) só queria poetar a primeira guerra mundial de lá para cá, quantas guerras já engolimos bombas explodiram cabeças parnasianas a modernidade se fez rito : dos concretos ao twiter agora, tudo se resolve em 140 caracteres e os novos reis das letras não mais oferecem a cabeça numa bandeja oferecem a mente em TT, porque essa, sim, pode ser temperada com a casca verde e luzidia da cereja. *Do livro “Metáforas para um duelo no sertão”, que pode ser adquirido no site da Editora Patuá: www.editorapatua.com.br


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