Capítulo 2 Meu nome é Celina e estou no meio do deserto de Chihuahua, em algum lugar do Sudoeste do Texas, próximo à fronteira com o M...

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Capítulo 2

Meu nome é Celina e estou no meio do deserto de Chihuahua, em algum lugar do Sudoeste do Texas, próximo à fronteira com o México. ... Eu voltei aqui porque te prometi, Milagros! E prometi trazer teu filho Miguel até aqui. Eu... eu devia isso a vocês. Ah, Miguel... você tinha apenas sete anos...

Segundo os vernaculistas, a palavra “fiança” significa o direito que se tem através do valor pecuniário depositado por um acusado de crime...

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Segundo os vernaculistas, a palavra “fiança” significa o direito que se tem através do valor pecuniário depositado por um acusado de crimes menores, a fim de que se possa responder a um processo em liberdade. Em outras palavras mais simplificadas: significa ficar livre mediante pagamento em dinheiro, o que é, para os lúcidos, uma leviandade notória ou um privilégio discriminador, não somente no Brasil, mas na maioria dos países desse mundo tresloucado.

Quando os alunos do Curso de Letras me pedem sugestões de leitura, sobretudo de livros de poesia, recomendo os dos poetas líricos...

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Quando os alunos do Curso de Letras me pedem sugestões de leitura, sobretudo de livros de poesia, recomendo os dos poetas líricos, pois estes, de alguma forma, possuem muitos pontos de contato com os adolescentes. Não no sentido em que Massaud Moisés contrapõe a poesia épica à poesia lírica, concebendo esta última como um gênero menor, espécie de adolescência por que passam alguns poetas, para, só então, numa etapa posterior, atingirem a maioridade do gênero épico.

No ano de 2020, os quarenta anos da morte de Vinícius de Moraes deram motivo para uma série de registros, na mídia em geral, rememorando ...

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No ano de 2020, os quarenta anos da morte de Vinícius de Moraes deram motivo para uma série de registros, na mídia em geral, rememorando a sua obra e a sua vida. Mas, nos primeiros dias do mês de outubro, um acontecimento deu destaque mundial ao nome do poeta carioca. No dia 3, o Vaticano divulgou a encíclica Fratelli Tutti (Todos Irmãos), em que o Papa Francisco trata da Fraternidade e da Amizade Social. No Capítulo VI da carta (“Diálogo e Amizade Social”),
o Papa argentino, o mais importante líder do mundo atual, abre o tópico “Uma Nova Cultura” com as palavras que Vinícius colocou no “Samba da Benção”:


“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida”

O Samba da Benção é uma das primeiras composições da fecunda parceria de Vinícius de Moraes com o violonista Baden Powell. Composto em um local inusitado (uma clínica médica onde os parceiros se recuperavam de seus excessos etílicos), o samba tem uma estrutura melódica simples e repetitiva. Intercalado por saravás, Vinícius reverencia grandes nomes da música popular do Brasil: Dorival Caymmi, Noel Rosa, Ary Barroso, Ismael Silva, Pixinguinha, o maestro pernambucano Moacir Santos (“que não és um só és tantos”, como diz a letra da música) e vários outros.

A menção feita pelo Papa Francisco não ocasionou a primeira repercussão internacional do “Samba da Benção”. Em 1966, a música, com o título Samba Saravah , interpretada pelo cantor e compositor francês Pierre Barouh, foi incluída na trilha sonora do filme Um homem e uma mulher (Une homme et une femme, 1966) do diretor Claude Lelouch.

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O filme, além de ter sido um grande êxito de público, recebeu vários prêmios importantes, entre eles a Palma de Ouro, em Cannes (França), e, nos Estados Unidos, o Oscar e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. A trilha sonora (composta pelo francês Francis Lai), cujo tema principal foi um das músicas mais executadas nos anos 1960, também contribuiu para o sucesso mundial do “Samba da Benção”.

Talvez não tenha sido através do filme de Claude Lelouch que o padre jesuíta argentino Jorge Bergoglio teve contato com a obra de Vinícius de Moraes, para usar, agora como o Papa Francisco, as palavras do “Samba da Benção” em sua encíclica “Fratelli Tutti”.

Um aspecto pouco conhecido no Brasil sobre Vinícius de Moraes é o imenso prestígio por ele desfrutado na Argentina, como poeta e compositor de música popular. “Para Vivir um Gran Amor”, o seu primeiro livro lançado na Argentina, teve quinze edições em dois anos. A admiração dos portenhos por Vinícius é demonstrada na obra “Nuestro Vinícius. Vinícius de Moraes em El Rio de la Plata” (na edição brasileira: “Vinícius Portenho”, Casa da Palavra, 2012), da jornalista argentina Liana Wenner.

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Vinícius de Moraes fez grandes amigos no ambiente cultural portenho, entre eles o escritor Ernesto Sabato e o compositor Astor Piazzolla. O poeta brasileiro fazia, frequentemente, temporadas de shows na Argentina, algumas de meses seguidos. De suas apresentações na boate “La Fusa” foram gravados discos que chegaram a ser dos mais vendidos e cultuados pelos argentinos. Em uma das suas alongadas excursões no país vizinho, Vinícius conheceu Marta Rodriguez, 38 anos mais nova, que se tornou a oitava das nove esposas que o poeta teve ao longo de sua vida.

Foi na Argentina que Vinícius iniciou a sua parceria musical mais longeva (durou 10 anos, até a morte do poeta) e produtiva (cerca de 100 canções). Em 1970, ao procurar um músico para acompanhá-lo em uma excursão, Vinícius se lembrou de Toquinho,
jovem violonista que havia participado, na Itália, de um disco que ele fizera com Giuseppe Ungaretti (poeta) e Sergio Endrigo (cantor/compositor) e que teve o título “La Vita Amico É L’Arte Dell’Incontro”, inspirado no “Samba da Benção” (Samba delle Benedizioni). É o próprio Toquinho quem conta:

No começo da tarde, quando acordei, minha mãe tinha um recado, para eu ligar para o Vinícius de Moraes. Peguei aquela ponta de papel de pão com o número escrito por Dona Diva. Sonolento, não sabia se ainda dormia, e sonhava, ou se tudo aquilo era real. Por via das dúvidas não custava conferir. Do outro lado da linha a constatação, era a voz do poeta, sem rodeios, direta: "Toco? É Vinícius de Moraes. Gostei muito do seu trabalho naquele disco produzido por Bardotti na Itália. Estou indo para uma temporada na Argentina com uma cantora nova, a Maria Creuza, e preciso de um violonista. Que tal, Toco, topa?”

Nessa temporada argentina, Toquinho e Vinícius criaram suas primeiras composições. Na primeira delas, Como Dizia o Poeta , Toquinho usou o tema do Adagio do Concerto em Dó Menor , para violino e cordas, do compositor barroco Tomaso Albinoni. O sucesso dessa excursão na Argentina consagraria um formato de shows que Vinícius adotaria inúmeras vezes: “Poeta, Moça e Violão”. O poeta e o violão ficavam sempre inalterados, mudando apenas a cantora: Maria Creuza, Maria Bethânia, Marília Medalha e Clara Nunes.


Um trágico episódio acabou afastando Vinícius dos palcos da Argentina. Em 1976, o poeta fazia temporada ao lado de Toquinho, em Buenos Aires, na qual também era acompanhado do pianista Tenório Jr — o Tenorinho —, um dos instrumentistas mais talentosos do Brasil. Embora houvesse gravado, aos 21 anos, apenas um único disco autoral (ainda hoje cultuado — disponível na plataforma Spotify), Francisco Tenório Jr participara, como pianista, de discos importantes da vertente samba-jazz da bossa-nova e era muito requisitado para gravações de outros artistas.

Naquela época (os últimos dias do governo da Presidente Isabelita Perón), a situação política da Argentina fez com que a temporada de Vinícius em Buenos Aires fosse abreviada. Após a última apresentação, ele, Toquinho e os demais músicos retornaram para o hotel, que ficava no centro da cidade. Regressariam para o Brasil no dia seguinte.
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Durante a madrugada, Tenório Jr. saiu do hotel e deixou um bilhete para Vinícius, avisando que iria fazer um lanche e comprar remédios. Sumiu na noite de Buenos Aires.

Vinícius de Moraes, Toquinho e o poeta Ferreira Gullar (que estava exilado no país) procuraram Tenório Jr., exaustivamente, em delegacias, hospitais e necrotérios. Vinícius, ex-diplomata, mobilizou a embaixada brasileira na Argentina para tentar encontrar o músico. Em entrevista dada, na época, em Buenos Aires, o poeta considerava inexplicável o que estava ocorrendo, já que o pianista “não tinha nada, nada, com política, era absolutamente apolítico e levava os documentos no bolso, seguindo orientação dos empresários”.

Cinco dias depois do desaparecimento de Tenório Jr, os militares assumiam o poder na Argentina, iniciando uma das ditaduras mais hediondas já implantadas no Continente. Números oficiais estimam em 10 mil os mortos e desaparecidos na ditadura militar argentina. Para Toquinho, “Tenório era um tipo original, muito alto, de barba, cabelos longos, usava um capote comprido, foi confundido com alguém”. Tenório Jr tinha 34 anos e esperava o nascimento de seu quinto filho. Vinícius nunca mais fez shows na Argentina. Quatro anos depois do episódio, em 1980, faleceu no Rio de Janeiro.

Passadas duas décadas do desaparecimento de Tenório Jr, o mistério começava a ser desvendado. Depoimento de um ex-integrante da repressão argentina indicava que o pianista havia sido sequestrado, torturado e, depois, morto em dependências da Marinha da Argentina, na presença de agentes do famigerado SNI brasileiro. No livro “O Crime contra Tenório – Saga e Martírio de um Gênio do Piano Brasileiro”, o guitarrista Fredera (Frederico Mendonça) confirma essa versão, acrescentando que a Embaixada do Brasil na Argentina tinha conhecimento da detenção do músico e que “começavam os preparativos para libertá-lo quando o SNI manifestou interesse pelo preso. Tenorinho foi intimado a delatar artistas comunistas”.

Em 2001, foi publicado, pela jornalista argentina Stella Calloni, um livro sobre a Operação Condor (Operación Condor: Pacto Criminal). A Operação Condor era uma atuação consorciada dos aparelhos de repressão das ditaduras de vários países latino-americanos. No livro, Stella Calloni afirma que Tenório Jr. foi torturado e morto por agentes argentinos com a participação de um major do exército brasileiro, cujo nome é dado pela jornalista.

O corpo de Tenório Jr nunca apareceu. Provavelmente, como ocorreu com muitos dos que foram assassinados pela ditadura militar argentina, o músico teve o seu corpo desfigurado pelas torturas e jogado em uma vala comum em um cemitério clandestino, de lugar incerto.

A minha casa fica lá detrás do mundo Onde eu vou em um segundo quando começo a cantar O pensamento parece uma coisa à toa Mas como a gente...

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A minha casa fica lá detrás do mundo Onde eu vou em um segundo quando começo a cantar O pensamento parece uma coisa à toa Mas como a gente voa quando começa a pensar.
Lupicínio Rodrigues

Ainda Desde o primeiro instante em nos encontramos Das ondas de prazer aos rios de amargura Muito tempo se escoou, um sécu...

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Ainda
Desde o primeiro instante em nos encontramos Das ondas de prazer aos rios de amargura Muito tempo se escoou, um século talvez...

Coube ao governo do professor Tarcísio Burity dirigir as exéquias do 10 de março de 1980, quando a cidade se deu conta do que acabara d...

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Coube ao governo do professor Tarcísio Burity dirigir as exéquias do 10 de março de 1980, quando a cidade se deu conta do que acabara de ouvir pelo rádio, cedo da manhã, nas últimas palavras de um mito vivo, internado na antevéspera, José Américo, encerrando o discurso de toda uma vida: “Tudo.......consumado”.

Reza a lenda que as primeiras produções poéticas em forma de soneto teriam ocorrido lá pelo século XII, portanto no tempo que entendemos h...

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Reza a lenda que as primeiras produções poéticas em forma de soneto teriam ocorrido lá pelo século XII, portanto no tempo que entendemos hoje como Idade Média, e que Dante Alighieri teria sido o primeiro grande poeta a compor sonetos. Definido como poema de quatorze versos, o soneto tem admitido bem pouca variação ou experimentação formal. Conservam-se seus dois modelos tradicionais: o italiano (fixado por Petrarca) e o inglês (fixado por Shakespeare), sendo o primeiro dividido em dois quartetos mais dois tercetos e o segundo formado por três quartetos mais um dístico de versos normalmente metrificados e rimados.

A terra batida surge margeada por canteiros de onde se espalham pés de meio mundo de matos e plantas e flores, espinhentos e secos ou ...

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A terra batida surge margeada por canteiros de onde se espalham pés de meio mundo de matos e plantas e flores, espinhentos e secos ou meio verdes em pleno início de verão, por vezes de sombras e até milagreiros, afora os pequenos aclives e pedras plásticas em monumentais esculturas, pinceladas ao longe por montanhas de suavidade crua. A terra, as pedras e a vegetação enfeitam os olhos de um lado e de outro da estrada irregular. No encontro do ocaso do Sol com o esplendor lunar ou o contrário da madrugada de onde se inicia um novo dia, o Sertão ganha ares de telas pintadas por mãos divinas. É hora de sentir o vento no rosto e liberar o espírito.

Para Genilda – meu dicionário amoroso Menino pobre, afora os livros da escola, um único livro ocupava, soberano, a pequen...

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Para Genilda – meu dicionário amoroso

Menino pobre, afora os livros da escola, um único livro ocupava, soberano, a pequena estante (vazia) da minha infância: um pequeno dicionário, de José Baptista da Luz, que tinha como seu auxiliar o que seria o futuro famoso Aurélio Buarque. Este pequeno dicionário foi a raiz do consagrado dicionário de Aurélio. Minha querida irmã mais velha, que costumava decidir o que interessava aos irmãos e jogar fora as coisas, sem pedir licença ao dono, usando de sua generosidade excessiva, transferiu o único patrimônio da família para uma colega de trabalho.

VOO Sinto-me em pleno ar. Pequena gaivota a flutuar nos céus, Lenço branco a baloiçar no vento, A deslizar pelo firmamento.

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VOO
Sinto-me em pleno ar. Pequena gaivota a flutuar nos céus, Lenço branco a baloiçar no vento, A deslizar pelo firmamento.

Ontem, ao acordar, encostei a testa no vidro da janela e vi uma fina nuvem de vapor se erguendo do chão. Um pardalzinho pousou no galh...

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Ontem, ao acordar, encostei a testa no vidro da janela e vi uma fina nuvem de vapor se erguendo do chão. Um pardalzinho pousou no galho sem folhas da árvore e virou a face na direção do nascente. O vento frio da manhã lhe soprava as penas. Carícia de dedos gelados sob os primeiros raios do sol. Nem um som se ouvia. Hipnotizada, observei os dois — o passarinho arrepiado e a água evaporando em direção ao céu em pequenos arabescos de névoa — e me senti intrusa.

A primeira formulação a respeito da origem da inspiração, no mundo ocidental, remonta ao século VIII a. C., com a Teogonia de Hesíodo , po...

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A primeira formulação a respeito da origem da inspiração, no mundo ocidental, remonta ao século VIII a. C., com a Teogonia de Hesíodo, poema em que, para poder cantar a saga de Zeus como o primeiro herói, na sua luta contra os Titãs e contra o gigante Tifeu, Hesíodo precisa fazer uma celebração das Musas e do seu poder inspirador de poesia e de conhecimento. São as Musas, filhas de Zeus, o mais sábio dos deuses, e de Mnemosine, a deusa da memória, que guardam o conhecimento, inspirando os poetas, os estudiosos e os reis, estes para, especificamente, a aplicação da Justiça.

O egoísmo que excede limites é um distúrbio de atitudes que altera a personalidade. É quando se manifesta de forma que o indivíduo não med...

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O egoísmo que excede limites é um distúrbio de atitudes que altera a personalidade. É quando se manifesta de forma que o indivíduo não mede esforços para conseguir o que quer, mesmo em detrimento de outros. As pessoas que assim se comportam são frias, sem sentimento, sedutoras. Nunca apresentam remorsos ou se sentem culpadas pelo mal que possam ter causado a alguém. Mas conseguem disfarçar seu “lado negro”.

Algumas lembranças decisivas de minha infância ligam-se ao Colégio Diocesano Pio XI, de Campina Grande. Lá fiz o admissão e cursei uma par...

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Algumas lembranças decisivas de minha infância ligam-se ao Colégio Diocesano Pio XI, de Campina Grande. Lá fiz o admissão e cursei uma parte do primário. O Pio XI era dirigido pelo meu tio Emídio Viana, que liderava a família vinda de Santa Rita. Graças a uma carta de minha avó, mulher religiosa e que se correspondia com várias autoridades da Igreja, Emídio conseguiu da diocese autorização para dirigir o ensino naquele colégio. Ele dirigia, e o restante da família (inclusive o meu avô) completava-o na administração ou no magistério.

Em toda primeira manhã do ano, nos vem uma recorrente sensação de mesmice. A impressão de que nada mudou, de que a notória euforia pautada...

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Em toda primeira manhã do ano, nos vem uma recorrente sensação de mesmice. A impressão de que nada mudou, de que a notória euforia pautada na esperança da mudança é tão grande quanto a ilusão. Nada mais verdadeiro, uma vez que as referências numéricas, calendas, dia disso, dia daquilo, é tudo invencionice.

Hoje é dia de Reis… será que foi mesmo no sexto dia do primeiro mês do ano "zero" que os magos do oriente se dirigiram até Jesus, guiados pela sintonia com o grande acontecimento, para prestar-lhe a sagrada reverência? Bem, segundo o mestre em Mitologia, Milton Marques Júnior, janeiro nem é, originalmente, o primeiro mês do ano, e sim março, se não me falha a memória nada grega.

Hoje é dia de Reis… data em que o nosso amado pai, Carlos Romero, rompeu o casulo para voltar a voar. Um voo merecido, já esperado, com as generosas asas que até hoje abençoam nossa gratidão. Nunca esquecemos o dia em que, a umas duas semanas de seu desenlace, a amiga Suely Cavalcanti Dias, em visita ao hospital para ver papai e lhe aplicar uns passes magnéticos - que tão bem escorrem de sua aura luminosa - ao sair do quarto, me disse no corredor: “Prepare-se. Ele já está tecendo o casulo. Em breve alça voo”. O que mais impressionava era a serena suavidade das palavras, que, com a mesma serenidade se transferiam de seu olhar ao meu coração. Era dezembro… mês 10 ou 12, hein, Milton?

E o dito foi feito. No seguinte dia de Reis, como hoje, o espírito dele se desatou do corpo que já não lhe dava prazer às emoções, que já não condizia com sua alegria de viver, de criar, de pensar e realizar o bem com que pautou toda a encarnação. Bem dito dia de Reis, do rei, do nosso rei, eterno rei…

Cinco anos se passaram. E a gente quase nem sente, com ele tão presente, onipresente. É mais um dia, mais um ano, igual a todos. Cheio do mesmo amor, tão iluminado e tranquilo como as manhãs de todo ano novo. Sempre as mesmas.

Que diferença faz, se foi no dia 6, de Reis, de Iemanjá, de Natal? Nenhuma. Quando desço as escadas pelas manhãs que nem mais conto e me deparo com o seu retrato iluminado de sorriso, na parede da sala, é sempre um novo dia, repleto de amor, de gratidão, de boas lembranças, de tudo isso que vence as barreiras do tempo, do espaço, coisa criada por nossa mente inventiva.

Que diferença faz se há dois anos ele partiu, se nunca partiu? Se foi mas ficou, desafiando o tempo que faz voltar toda vez que com ele sintonizamos? Nenhuma. Um ano a mais, um ano a menos, nunca será mais, nem menos, para quem continua mais vivo do que nunca, como costuma dizer nossa querida amiga Ângela Bezerra de Castro.

Hoje é dia de Reis… Viva os Reis Magos!